O lipedema pode ser confundido com obesidade ou com o linfedema. Como já abordado aqui, o sistema linfático do seu corpo, que ajuda a protegê-lo contra infecções, move um fluido chamado linfa pelo corpo. Quando a linfa se acumula, porque os vasos linfáticos ou nódulos pelos quais o fluido passa estão ausentes ou danificados, esse acúmulo é chamado de linfedema. Tanto o lipedema quanto o linfedema podem causar inchaço, mas o lipedema não é causado pelo acúmulo de linfa.

O lipedema pode levar ao linfedema, pois as células de gordura podem bloquear os vasos do sistema linfático. Esse bloqueio impede a drenagem adequada do fluido linfático, desencadeando o linfedema.

Se não for tratado, o linfedema pode causar problemas como infecções, atraso na cicatrização de feridas, desenvolvimento de tecido semelhante a uma cicatriz chamado fibrose e pele endurecida nas pernas.

Ao contrário do linfedema, o lipedema não começa na parte inferior das pernas (pés e tornozelos), mas sim na parte superior das pernas e geralmente afeta ambas as pernas.

O lipedema é caracterizado pelo aumento simétrico de membros inferiores, devido a depósitos de gordura sob a pele, muitas vezes estendendo-se dos quadris aos tornozelos e geralmente se desenvolve durante alterações hormonais, como puberdade, gravidez ou menopausa. Essa condição afeta principalmente mulheres e pode causar dor, sensibilidade e facilidade de hematomas. A textura das áreas afetadas pode ser diferente, às vezes descrita como “emborrachada” ou “pastosa” e, ao contrário dos depósitos de gordura padrão, a gordura do lipedema pode ser dolorosa ao toque. Essa condição também pode levar a problemas secundários, como fibrose, onde a gordura se torna dura, semelhante a uma cicatriz e nodular. Há diferentes tipos de lipedema com base na localização em que o tecido adiposo se acumula no corpo:

  • Tipo I. O tecido adiposo acumula-se ao redor dos quadris e dos glúteos.
  • Tipo II. A gordura acumula-se entre os quadris e os joelhos.
  • Tipo III. A gordura acumula-se entre os quadris e os tornozelos.
  • Tipo IV. A gordura acumula-se nos braços.
  • Tipo V. A gordura acumula-se nas panturrilhas.

 

Em alguns casos, pode ocorrer diversos tipos de lipedema de forma concomitante.

 

Além dos tipos, o lipedema também é dividido em estágios, em que o 0 ocorre quando você não nota inchaço, mas sente dores generalizadas e uma sensação de peso. Dessa forma, existem quatro estágios à medida que progride.

 

  • Estágio 1. A pele parece normal, mas nota que há algo por baixo dela.
  • Estágio 2. A pele parece irregular e pode apresentar buraquinhos. 
  • Estágio 3.  Há grandes dobras na pele e um excesso de gordura e suas pernas podem parecer balões retangulares. Além disso, a gordura pode dificultar a mobilidade.
  • Estágio 4. Quando se desenvolve o lipedema e linfedema, e pode sentir inchaço na parte inferior do corpo, bem como lipedema nos braços.

 

   lipedema-yasmin brunet Foto: Reprodução Cleveland Clinic

Os sintomas típicos de lipedema incluem:

Diferença no tamanho dos pés e pernas. Se você tem lipedema, normalmente há uma diferença notável no tamanho comparando os pés e pernas afetados com os não afetados.

Dor. O lipedema pode ser doloroso ou apenas quando é aplicada pressão. Sua pele também pode machucar facilmente. 

Sensação de peso e inchaço. Você pode sentir inchaço e sensação de peso nas pernas.

Acúmulo de gordura. À medida que a condição progride, a gordura continua a se acumular e a parte inferior do corpo fica mais pesada. A gordura pode posteriormente acumular-se nos braços.

Alterações na pele. O lipedema pode causar a formação de grandes dobras na pele.

Saliências. As saliências podem dar a sensação de que algo está sob sua pele.

Fadiga. Se você tem lipedema, pode sentir-se cansado com mais frequência do que o normal.

 

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  Foto: Reprodução Center for Vein Restoration

 

A causa do lipedema não é conhecida, no entanto, algumas causas podem incluir:

Hormônios. Especialistas suspeitam que os hormônios femininos desempenham um papel sob o lipedema. Isso ocorre porque a condição afeta principalmente as mulheres e muitas vezes começa ou piora na puberdade, durante a gravidez, após uma cirurgia ginecológica, na época da menopausa ou quando você está tomando pílulas anticoncepcionais.

Genes. Os cientistas também acreditam que os genes estão envolvidos, porque muitas mulheres com a doença (20% a 60%) têm familiares com a doença.

*Embora a obesidade não seja causa de lipedema, a maioria das pessoas com a doença tem IMC superior a 35. Ao contrário da obesidade, o lipedema não é causado por excesso de calorias ou falta de exercício, e os métodos tradicionais de perda de peso muitas vezes não conseguem reduzir a gordura envolvida no lipedema. Isso se deve ao fato da gordura lipedema ser um tipo diferente de tecido adiposo. A gordura do lipedema, muitas vezes localizada na parte inferior do corpo, não responde à dieta e aos exercícios da mesma forma que a gordura acumulada típica, e a perda de peso pode ocorrer em outras partes do corpo sem afetar as áreas afetadas pelo lipedema. Essa condição é considerada um distúrbio crônico do tecido adiposo e requer tratamento especializado orientado por um profissional de saúde com experiência em lipedema e em como ele é diferente.

Um diagnóstico correto de lipedema geralmente envolve uma combinação de exame físico e histórico médico. Seu médico pode analisar sinais de distribuição simétrica de gordura e dor. Embora a genética possa desempenhar um papel na doença, exames adicionais, como ressonância magnética ou linfocintilografia, podem ajudar a diferenciar o lipedema de outras condições. É importante observar que esses testes geralmente não são necessários para fazer o diagnóstico, mas podem ser usados pelo seu médico para descartar outras condições, como o linfedema, que apresenta sintomas semelhantes.

 

Como tratar o lipedema?

O lipedema não tem cura, mas o tratamento pode ajudar a melhorar os sintomas, são eles: 

  • Exercício e uma dieta saudável. Mudanças no estilo de vida, como uma dieta saudável para o coração ou antiinflamatória, podem ajudar. Certos tipos de exercícios podem ajudar a aumentar o fluxo linfático, além de aumentar a mobilidade e manter ou melhorar o funcionamento das pernas;
  • Compressão. Dispositivos de compressão pneumática, que são roupas infláveis que você coloca nas pernas e que enchem de ar comprimido, e meias de compressão podem ajudar a reduzir a dor e melhorar os sintomas;
  • Cuidados completos com a pele e as unhas. Ajuda a diminuir o risco de feridas e infecções se você tiver lipedema associado a inchaço;
  • Medicamentos, suplementos e medicamentos fitoterápicos antioxidantes orientados pelo seu médico podem ajudar a controlar os sintomas;
  • Drenagem linfática manual. Uma forma de massagem que utiliza movimentos de bombeamento suaves e rítmicos para estimular o fluxo de linfa em torno de áreas bloqueadas para vasos saudáveis, onde pode drenar para o sistema venoso. Isso ajuda a aliviar a dor e prevenir a fibrose.

 

Ao contrário da gordura da obesidade, a gordura do lipedema geralmente é resistente à perda de peso com dieta, exercícios ou cirurgia bariátrica, portanto, os esforços típicos para perder peso podem não funcionar com a gordura do lipedema.

 

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

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