Essa medida qualitativa de nossa capacidade aeróbica, ou seja, consumo de oxigênio durante o exercício físico, pode fornecer dados que estimem nossa expectativa de vida. 

O VO2 máximo é também conhecido como: consumo máximo de oxigênio ou capacidade aeróbica máxima de um indivíduo. Traduzindo: é a medida de quanto oxigênio conseguimos utilizar do ar que respiramos durante um exercício físico aeróbico. Mas afinal, como fazemos para descobrir nosso VO2 máximo? E qual a importância disso nas nossas vidas?

O valor do VO2 máximo de um indivíduo pode ser estimado através de algumas fórmulas, mas de maneira não tão precisa. A melhor forma de se obter essa informação é através de um exame chamado Teste Cardiopulmonar ou Ergoespirometria

É um exame normalmente realizado por cardiologistas ou médicos do esporte em um ergômetro, normalmente uma esteira ou uma bicicleta ergométrica, muito parecido com um Teste Ergométrico. A principal diferença é que além dos eletrodos no peito e de um aparelho de pressão no braço, o indivíduo examinado realiza o exercício utilizando uma máscara que cobre a boca e o nariz. É justamente através desta máscara que são analizados o ar inspirado e expirado, e as quantidades de oxigênio e gás carbônico neles, determinando assim quanto de oxigênio a pessoa consegue utilizar quando realiza um exercício aeróbico até seu limite.

Quanto melhor for a capacidade cardiopulmonar do indivíduo examinado, maior será o valor do VO2 máximo obtido no exame. 

 

E qual a importância disso?

Sabemos que as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortes no mundo todo. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, as doenças cardíacas são responsáveis por 30% dos óbitos, o que corresponde a cerca de 400 mil vítimas por ano. Mas a boa notícia é que, diferente de outras doenças muito temidas, como câncer e doenças neurológicas degenerativas, como o Alzheimer, a sua prevenção é muito mais fácil e compreendida pela ciência.

Pesquisadores avaliaram milhares de indivíduos em diferentes faixas etárias e determinaram seu grau de capacidade física através do VO2 máximo. Depois disso eles foram acompanhados por anos. Ao final do estudo observaram as mortes que ocorreram na população acompanhada e confrontaram com os valores de VO2 máximo obtidos. 

A descoberta é que quanto maior o VO2 máximo, menor é a chance de morte de um indivíduo, e não só de doenças cardiovasculares, mas de todas as causas. Pessoas com uma baixa capacidade cardiopulmonar chegam a ter uma chance de morte em 5 anos até 5 vezes maior que alguém com uma boa capacidade, na mesma idade. Hoje existem tabelas que definem o que seria ruim, regular, bom ou ótimo conforme a faixa etária.

Mas nossa condição cardiopulmonar não é relevante apenas para vivermos mais, ela é essencial para vivermos com qualidade e algum grau de independência, mesmo em uma idade mais avançada.

O Teste Cardiopulmonar fornece diversas outras informações, que podem ser usadas tanto para o treinamento físico e a performance de atletas quanto para o acompanhamento de pacientes com insuficiência cardíaca, diagnóstico de asma induzida pelo exercício, arritmias, doença coronariana, etc.

A única forma de aumentarmos nosso VO2 máximo é através do exercício, e preferencialmente o exercício de alta intensidade. Mas cuidado, alta intensidade não é a mesma coisa para todo mundo, o que pode ser leve para algumas pessoas pode ser extenuante para outras, por isso o exercício deve ser prescrito por um profissional de educação física, em alguns casos com a necessidade de liberação por um médico.

De qualquer forma, independente de sabermos com precisão nosso VO2 máximo, o que importa é nos mantermos fisicamente ativos, não só para vivermos mais, mas também para podermos continuar fazendo o que gostamos, junto das pessoas que amamos, por mais tempo.

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas

Kokkinos P, Faselis C, Samuel IBH, Pittaras A, Doumas M, Murphy R, Heimall MS, Sui X, Zhang J, Myers J. Cardiorespiratory Fitness and Mortality Risk Across the Spectra of Age, Race, and Sex. J Am Coll Cardiol. 2022 Aug 9;80(6):598-609. 
Kodama S, Saito K, Tanaka S, Maki M, Yachi Y, Asumi M, Sugawara A, Totsuka K, Shimano H, Ohashi Y, Yamada N, Sone H. Cardiorespiratory fitness as a quantitative predictor of all-cause mortality and cardiovascular events in healthy men and women: a meta-analysis. JAMA. 2009 May 20;301(19):2024-35. 
Celis-Morales CA, Lyall DM, Anderson J, Iliodromiti S, Fan Y, Ntuk UE, Mackay DF, Pell JP, Sattar N, Gill JM. The association between physical activity and risk of mortality is modulated by grip strength and cardiorespiratory fitness: evidence from 498 135 UK-Biobank participants. Eur Heart J. 2017 Jan 7;38(2):116-122. 
Mandsager K, Harb S, Cremer P, Phelan D, Nissen SE, Jaber W. Association of Cardiorespiratory Fitness With Long-term Mortality Among Adults Undergoing Exercise Treadmill Testing. JAMA Netw Open. 2018 Oct 5;1(6):e183605. 
Phan DQ, Zheng C, Thai T, Hammershaimb B, Gyurjian K, Patel S, Chen A, Lee MS. Cardiorespiratory Fitness and Mortality in Patients Aged 60 to 90 Years. Am J Cardiol. 2022 May 1;170:132-137.