A vitamina D, frequentemente associada à saúde dos ossos e à absorção de cálcio no intestino, também desempenha um papel significativo em outras áreas da saúde, incluindo um impacto positivo na redução das cólicas menstruais

Nesse texto quero mostrar pra vocês como a vitamina D pode ajudar a aliviar os sintomas de cólicas em mulheres (um conhecimento divulgado há pouco tempo em um estudo que avaliou mais de 600 mulheres). Além disso, vamos falar sobre seus benefícios gerais para a saúde da mulher e fornecer orientações sobre como garantir uma boa dosagem dessa vitamina essencial para sua saúde.

 

Entendendo um pouco mais sobre as cólicas menstruais

Cólicas menstruais, ou dismenorreia, referem-se às dores pélvicas que acompanham o ciclo menstrual de muitas mulheres. Estas dores podem variar de leves a bem intensas e são frequentemente acompanhadas por sintomas como náuseas, fadiga, dores lombares e variações de humor. A intensidade da cólica pode ser tão marcante, que interfere nas atividades diárias normais de uma mulher, impactando sua qualidade de vida em todos os aspectos.

 

A vitamina D e sua função geral no corpo 

Já a vitamina D é uma vitamina lipossolúvel (solúvel em gorduras) obtida principalmente através da exposição ao sol, mas também pode ser obtida por meio dos alimentos e suplementos. No corpo, ela atua em funções importantes, como:

Metabolismo do cálcio: fundamental para a absorção de cálcio no intestino, a vitamina D é a base para a manutenção da saúde óssea e muscular.

Regulação do sistema imunológico: ela ajuda a moderar a resposta do sistema imunológico, o que é essencial para combater infecções e reduzir inflamações.

Função muscular: a vitamina D é essencial para a saúde muscular, ajudando na manutenção da força e função muscular adequadas.

A vitamina D na redução das cólicas menstruais: a eficácia da vitamina D na redução das cólicas menstruais pode ser explicada através de principalmente 3 mecanismos bioquímicos.

 

1 – Efeito anti-inflamatório

As cólicas menstruais são frequentemente resultado de um processo inflamatório no útero. Durante o ciclo menstrual, o corpo produz altos níveis de prostaglandinas, que causam contrações uterinas dolorosas e inflamação local (causa principal da dor). A vitamina D, conhecida por suas propriedades anti-inflamatórias e de modulação do sistema imune, pode reduzir a produção dessas substâncias, o que leva a menor dor e desconforto na região.

 

2 – Modulação da função muscular

A vitamina D influencia a saúde muscular, o que é diretamente relevante para as cólicas menstruais. A deficiência em vitamina D pode instabilizar a função muscular, o que exacerba as contrações uterinas, provocando dor. Manter níveis adequados de vitamina D ajuda a melhorar a função muscular, reduzindo a intensidade das cólicas.

 

3 – Influência no sistema nervoso

Além de suas funções físicas, a vitamina D pode impactar o sistema nervoso. Ela tem um papel na regulação dos neurotransmissores, como a serotonina, que influencia a percepção da dor. Níveis adequados de vitamina D podem ajudar a moderar a resposta do corpo à dor, tornando as cólicas menstruais menos intensas. Ou seja, a vitamina D atua de forma positiva tanto localmente no útero como na percepção/interpretação da dor.

 

Formas adequadas para se conseguir uma boa exposição a vitamina D

Garantir uma quantidade adequada de vitamina D é essencial para conseguir seus benefícios na redução das cólicas menstruais e na manutenção da saúde geral:

Exposição solar

A exposição ao sol é a maneira mais natural de obter vitamina D. A pele sintetiza esta vitamina quando exposta à luz solar direta, o que pode ser alcançado com cerca de 15 minutos de exposição ao sol, algumas vezes por semana, dependendo da pele, localização geográfica e época do ano. Pequenas exposições já são suficientes, lembrando que peles mais claras precisam de menos tempo ainda. E claro, tudo gira em torno de um equilíbrio: não é quanto mais se expor ao sol que será melhor. 

Dieta

Incluir alimentos ricos em vitamina D também é uma opção. Fontes dietéticas incluem peixes gordurosos como salmão/atum e ovos são alguns exemplos. 

 

Suplementação

Para indivíduos que não conseguem quantidade suficiente de vitamina D através da exposição solar ou da dieta, a suplementação pode ser uma opção muito boa. É importante consultar um médico para determinar a dose adequada de suplemento de vitamina D, especialmente porque a necessidade pode variar com base em vários fatores individuais.

Na prática, a melhor forma de controlar a vitamina D e ter uma boa exposição a esse nutriente tão importante é passar pelas 3 vias: sol, alimentação e suplementação (quando necessário). Assim, conseguimos ter os maiores benefícios de uma boa dosagem de vitamina D.

A vitamina D não apenas promove a saúde óssea como muito se fala, mas também desempenha um papel importante na redução das cólicas menstruais através de suas propriedades anti-inflamatórias, suporte à função muscular e influência no sistema nervoso. 

Manter níveis adequados dessa vitamina é essencial e as mulheres em particular podem se beneficiar ao focar na gestão da quantidade de vitamina D, seja através de exposição solar, dieta adequada e suplementação. Ao fazer isso, elas podem encontrar alívio significativo para as cólicas menstruais, melhorando sua qualidade de vida durante o período menstrual. Lembrando que já falei em outros momentos aqui sobre outros benefícios da vitamina D, inclusive em relação ao câncer de mama.

 

A sua primeira riqueza é a sua saúde!

Até breve,

Dr Takassi.

 

Informações importantes:

1 – O artigo tem puramente um caráter educativo para a população em geral. Ou seja, não se trata de uma recomendação médica e ainda reforçamos que em caso de qualquer queixa ou possível conduta a pessoa deve procurar um médico / profissional da área da saúde. 

2 – Por ser um artigo focado em educação, em nenhum momento o objetivo é substituir uma consulta médica. Por isso, mais uma vez em caso de necessidade, a pessoa deverá procurar um atendimento médico. 

3 – Os vídeos são produzidos com informações encontradas em livros e artigos científicos mais atuais sobre o tema. No entanto, devido à dinâmica da mudança dos conhecimentos científicos, alguns conceitos podem alterar ao longo do tempo. 

4 – De acordo com Art. 8º da Resolução CFM 1974/11 de Publicidade do Código de Ética Médica, os artigos têm somente caráter de prestar informações de fins estritamente educativos.

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

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