A IstoÉ Gente contou mais sobre como Virgínia Fonseca estava tendo muita dificuldade de concentração na terceira gravidez, fator que vinha compartilhando em suas redes desde o dia 17 de janeiro. Zé Felipe, também foi diagnosticado com TDAH há alguns anos e faz uso de alguns medicamentos, fato já divulgado na Internet. Segundo ela, depois de algumas desconfianças, ela foi procurar ajuda.
Outros famosos também já relataram o diagnóstico tardio do TDAH e outros revelaram possuir essa condição diagnosticada desde a infância. O nadador olímpico, Michael Phelps e a ginasta, também campeã olímpica, Simone Biles, confirmaram o diagnóstico. A mãe do nadador faz parte do “Mães de Filhos com TDAH”, ajudando outras famílias como filhos que sofrem dessa condição e a ginasta revelou ter TDAH quando hackers russos compartilharam as receitas de seus medicamentos.
O que muita gente não sabe, é que essa condição dentre tantas outras formas de tratamento, pode ser tratada também com o exercício físico. Vamos compreender melhor esse transtorno e como a prática de atividades físicas podem contribuir para uma possível melhora.
Mas o que é TDAH?
O TDAH —ou transtorno de déficit de atenção e hiperatividade— é uma condição de saúde mental na qual as pessoas podem apresentar dificuldades em prestar atenção por longos períodos em atividades simples do cotidiano, controlar comportamentos impulsivos e as emoções, além de concluir tarefas importantes e ser hiperativo.
O transtorno pode ser causado por um desequilíbrio de neurotransmissores (mensageiros químicos) no cérebro, principalmente dopamina, e tem um componente genético significativo, embora também possa ser provocado por fatores ambientais, parto prematuro, baixo peso ao nascer, lesões cerebrais e uso de álcool ou tabaco durante a gestação.
Para um tratamento preciso, há os métodos tradicionais que incluem medicamentos e gerenciamento de comportamento, especialmente com psicoterapia. Embora as abordagens mais progressivas incluam modificações na dieta e nos exercícios, pesquisas estão descobrindo que obter condicionamento físico regular pode melhorar a capacidade de pensamento e melhorar os sintomas do TDAH.
Como já falei várias vezes por aqui, o exercício não é bom apenas para perder gordura e tonificar os músculos, mas também ajuda a manter a saúde cerebral. E para quem tem o transtorno, é mais que recomendado a prática de exercícios físicos. Sendo assim, quando você se exercita, seu cérebro libera substâncias químicas chamadas neurotransmissores, incluindo dopamina, que auxiliam na atenção e no pensamento. Isso é um fator muito positivo para pessoas com TDAH, que geralmente têm níveis de dopamina alterados.
Os efeitos positivos do treino para quem tem TDAH
- Liberação de dopamina. O neurotransmissor é responsável pelas sensações de prazer e recompensa. Em pessoas com TDAH, por exemplo, esses níveis de dopamina no cérebro tendem a ser ligeiramente mais baixos do que os da população em geral —acredita-se que isso aconteça devido à forma como a dopamina é processada no cérebro em pessoas com TDAH. Muitos dos medicamentos estimulantes prescritos para pessoas com essas condições, buscam aumentar os níveis de dopamina, como forma de melhorar o foco e reduzir os sintomas. Embora tudo citado acima seja extremamente relevante, a maneira confiável de aumentar os níveis de dopamina no cérebro é por meio de exercícios regulares, estes que permanecem fisicamente ativos podem ter efeitos semelhantes aos dos medicamentos estimulantes.
- Uma melhora da função cognitiva. O grupo de habilidades controladas pelo lobo frontal do cérebro, incluindo prestar atenção, administrar o tempo, organizar e planejar, realizar multitarefas, lembrar detalhes — em pessoas com TDAH, essas funções são frequentemente prejudicadas. Um estudo com 115 adultos, 61 dos quais foram diagnosticados com TDAH infantil, encontrou função cognitiva significativamente prejudicada entre aqueles com TDAH. Um estudo com 206 estudantes universitários encontrou uma ligação entre a quantidade total de exercícios diários que realizavam e seus níveis de função cognitiva. Tanto em crianças como em adultos com TDAH, o exercício regular pode ser um método promissor de tratamento não medicamentoso para melhorar a função cognitiva, que é um dos principais grupos de habilidades afetadas pela doença.
- Alteração na sinalização do BDNF. O fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) é uma molécula chave no cérebro que afeta o aprendizado e a memória. Alguns estudos sugerem que o BDNF pode desempenhar um papel na causa do TDAH. As complicações potenciais da disfunção do BDNF incluem depressão, doença de Parkinson e doença de Huntington, e o exercício físico regular pode ajudar a normalizar o BNDF. Foi isso que uma revisão mostrou que o exercício aeróbico aumenta significativamente as concentrações de BDNF — porém, são necessários mais estudos para comprovar isso.
- A melhora na atenção e comportamento. Especialmente nas crianças, o exercício é uma alternativa positiva para liberar a energia reprimida. Pesquisas mostram que a atividade física traz diversos benefícios para crianças com TDAH, incluindo comportamentos menos agressivos, melhora na ansiedade e depressão, melhora nos problemas sociais e na atenção, além de ajudar no controle do peso, reduzindo o risco de comorbidades associadas ao excesso de peso. (como doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, colesterol alto, problemas articulares e ósseos e até alguns tipos de câncer).
E quanto fazer para obter uma melhora significativa?
Praticar pelo menos 150 minutos de exercícios de intensidade moderada por semana, resultando em cerca de 30 minutos de condicionamento físico por dia, é o ideal. Isso equivale a cinco dias por semana. Mas se você optar por exercícios aeróbicos mais intensos — como correr ou fazer aulas de ciclismo indoor — 75 minutos de treino por semana são suficientes.
Estudos mostram que adultos com TDAH utilizam protocolos de exercícios aeróbicos. Mas provavelmente (e como já sabemos pela vasta literatura sobre os vários benefícios), é ainda mais benéfico incluir uma combinação de treino aeróbico e de resistência para maximizar os benefícios globais para a saúde. Esses exemplos de exercícios incluem caminhada, corrida, ciclismo/spinning, transporte, artes marciais, HIIT e combinação de treinamento aeróbico com musculação.
Para os jovens com TDAH, o exercício intencional é menos importante do que a quantidade total de atividade física que realizam todos os dias. O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) recomenda que crianças com 6 anos ou mais (com ou sem TDAH) façam pelo menos uma hora de atividade física por dia para manter um peso saudável e promover um desenvolvimento adequado. Algumas das atividades sugeridas são andar de bicicleta, praticar esportes como basquete, futebol, tênis e vôlei, brincar de pega-pega, pular corda, amarelinha, etc.
Não importa que tipo de exercício você faça. Faça o treino que você ama, mas faça! Tente variar sua rotina de exercícios. Dessa forma, você não perderá o interesse ou o foco no meio dos treinos. Você pode até mudar os exercícios no meio da rotina, desde que tenha uma frequência para colher os resultados e benefícios do seu treino. E, se não estiver motivado, procure amigos para te acompanhar, estabeleça metas alcançáveis e vá aos poucos.
*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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