Muito já escutamos sobre os riscos da automedicação, mas não é pouco comum encontrarmos a prática da auto suplementação, que é outra prática não recomendada. O que para muitos pode parecer inofensivo ou inócuo, por se tratar de nutrientes ou compostos conhecidos por muitos como “naturais”, pode sim, trazer efeitos prejudiciais desde os mais leves até os de maior intensidade, como a sobrecarga de importantes órgãos do nosso corpo. Por este motivo é que vamos falar sobre este tema, porém, antes de começarmos a conversar com mais profundidade, é importante que você conheça sobre quem estamos falando:
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os suplementos alimentares são produtos destinados a pessoas saudáveis e possuem a finalidade de fornecer nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos em complemento à alimentação; saiba que eles não são medicamentos e, por isso, não servem para tratar, prevenir ou curar doenças.
Estes produtos podem ser encontrados nas mais variadas formas, desde o encapsulado de alguma substância ativa (cúrcuma, por exemplo), macronutrientes como carboidratos, proteínas, ômega-3 ou micronutrientes como vitaminas e minerais isolados ou associados, por exemplo; os módulos de fibras, probióticos, simbióticos também são considerados como suplementos. Você poderá encontrar estes produtos de diferentes formas de apresentação, como as já mencionadas cápsulas, ou em tabletes, pó, e na forma líquida. Na atualidade podem ser preparados também na forma de balas e chocolates, dentre outros.
Então quando devo me auto-suplementar?
Conforme comentado, é importante que fique claro que o papel principal dos suplementos nutricionais é complementar algum nutriente ou composto em especial, que por algum motivo o organismo não esteja recebendo ou absorvendo adequadamente. Portanto, estas condições devem ser avaliadas por um profissional da saúde, como médico ou nutricionista, para que possa haver a recomendação na quantidade correta, e se necessário, com alguma associação para potencializar o efeito desejado. No entanto, não estamos falando de algo que funciona como uma receita de bolo que passamos de amigos para amigos.
Outra informação muito importante a ser observada é a regularidade do produto, ou seja, quais são os outros componentes que estão presentes em sua composição e se estes são aprovados, permitidos e seguros, com a presença de dados científicos e confiáveis que atestem a sua segurança, sem danos à saúde. Este aspecto é muito importante uma vez que, alguns dos ingredientes usados em suplementações nutricionais podem ser extraídos de fontes não alimentares e concentrarem substâncias tóxicas que podem ser acumuladas a medida em que o produto estiver sendo utilizado, sobrecarregando órgãos, como fígado e rins, por exemplo. Importante saber que os efeitos tóxicos podem acontecer rapidamente e de forma aguda, ou levar meses ou até anos (forma crônica), sendo este último muitas vezes difícil de associar ao uso da suplementação.
Embora esta observação seja importante, isto não quer dizer que os produtos legalizados não possam trazer problemas quando forem utilizados de maneira indiscriminada ou inadequada. Tomemos como exemplo o consumo em quantidades acima do limite de segurança estabelecido (esta é uma informação muito individual), que pode contribuir com uma redução da sua eficiência. Isto acontece pela necessidade natural que o nosso corpo possui de eliminar excessos para se autopreservar, ou também porque pode ocorrer uma interação entre os nutrientes suplementados, reduzindo a absorção de algum deles. Os efeitos secundários da suplementação mal executada poderão ser desde diarreias, vômitos, alterações funcionais e metabólicas, bem como no sistema nervoso central, e em casos mais graves e de maior vulnerabilidade morte ou limitações irreversíveis.
O excesso ou acúmulo indesejado de vitaminas como A, B, C, D e K, por exemplo, não acontecem pelo consumo alimentar excessivo, mas sim pela utilização de suplementação acima dos níveis recomendados para idade, gênero e demanda metabólica. Nestes casos a pessoa que excedeu o seu limite pode sentir náusea, vômitos e diarreia, que poderão cessar rapidamente com a interrupção do uso de suplemento. Outros sintomas envolvidos com o consumo excessivo dos nutrientes comentados podem ser visão turva, confusão mental, sonolência, aumento da pressão intracraniana, dor de cabeça, palidez, maior sensibilidade à luz solar, no caso da vitamina A, e no caso da vitamina D o acúmulo de cálcio no corpo, promovendo excitabilidade muscular, formação de cálculos renais, e até mesmo condições mais graves como formação de placas de ateroma a médio e longo prazo.
As hipervitaminoses podem também estar relacionadas com problemas de coagulação, como é o caso das vitaminas E e K. A utilização de algumas plantas (fitoterápicos), sem a recomendação e o acompanhamento de um profissional capacitado, também podem provocar este efeito, alterando todo o processo de coagulação sanguínea, tendo como consequência processos hemorrágicos.
Lembre-se, portanto, que os suplementos nutricionais são produtos direcionados às pessoas saudáveis, mas que por algum motivo fazem uso de dieta restritiva, ou que praticam atividade física intensa, ou ainda para aquelas que apresentem alguma alterações metabólicas ou funcional, como cirurgias do aparelho digestivo, doenças inflamatórias intestinais entre outras, mas que estejam em acompanhamento médico e nutricional. Porém, reforço que estamos falando de algo extremamente individualizado. Portanto, todo o cuidado é pouco.
A mensagem final é que o autocuidado é sempre importante e necessário, porém esta ação deve ser acompanhada por um olhar profissional que te oriente corretamente as melhores opções e associações para que, desta forma, você possa se beneficiar com o uso dos suplementos. Não se esqueça que a melhor forma de nutrir-se continua sendo com o consumo de uma dieta equilibrada e individualizada.
*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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