É fato que a obesidade aumenta a chance de doenças crônicas, podendo desencadear a glicemia, o colesterol e a insulina. É claro que, se olharmos para algumas pessoas magras, elas podem ter resultados bioquímicos piores do que os indivíduos obesos. Mas isso não garante que ser obeso seja saudável.
Isso ocorre já que existem outros fatores de risco para a elevação destes marcadores clínicos: como etilismo, tabagismo, estresse, sedentarismo, má alimentação, entre outros. E, inclusive, o álcool pode causar muitas alterações clínicas e, infelizmente, é muito “bem aceito” pela sociedade.
As pessoas com obesidade, mas que apresentam exames bioquímicos adequados, podem ser classificadas como pessoas com obesidade metabolicamente saudável. Mas é fato que, com o passar dos anos, quanto mais a pessoa permanecer com alta porcentagem de gordura corporal, as chances de alterações metabólicas podem existir e, por isso, preconizamos tanto a redução de peso corporal. Então, manter uma porcentagem de gordura corporal adequada, pode reduzir as chances de várias doenças metabólicas, como diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia e até mesmo o câncer.
Eu como nutricionista, faço questão de prescrever para os meus pacientes uma alimentação equilibrada, com frutas, verduras, legumes e um déficit calórico quando julgo necessário. Porém, isso não quer dizer que seja assim tão fácil mudar hábitos alimentares para toda e qualquer pessoa.
O que mais vejo hoje, são pessoas com obesidade que sofreram uma vida toda buscando emagrecimento, que sofreram com olhares maldosos na academia, ao passar em uma catraca de ônibus, em uma entrevista de emprego e, inclusive, um pré-julgamento de profissionais da saúde.
E quando vemos essas pessoas tentando normalizar as próprias vidas, quando postam que estão comendo um hambúrguer, uma pizza, um sorvete ou quando aceitam o seu corpo e são felizes, seja de biquíni ou de roupa colada de academia, porque alguns de nós já pensam que existe romantização da obesidade? Será que temos esse pensamento e julgamento quando vemos uma mulher magra ou um homem forte comendo esses mesmos alimentos?
E ainda, sinceramente, não costumo ver as pessoas com obesidade dizendo: tenham obesidade, olha só como é melhor ter obesidade, vou te ensinar 5 dicas de como engordar.
Não sei o que você pensa sobre isso, mas eu ainda vejo muito mais a romanização da magreza, capas de revista com mulheres magras, muitas críticas ao corpo das pessoas, estratégias agressivas para perder peso. Quem já passou na frente de uma agência de modelos sabe bem como é a cobrança pela redução de peso. Fazem de tudo para você entrar no manequim 36 mesmo que você use 40. E antes que você me fale que reduzir peso é saudável, nem sempre é, afinal existem muitas pessoas magras podem não ter boa saúde.
Como eu sou nutricionista, é claro que eu vou te incentivar a reduzir gordura corporal, a aumentar massa muscular, mas nem sempre é tão fácil e simples assim. E por isso, independente da sua opinião, só te peço para escutar com cautela e carinho o seu paciente que tem obesidade, que não desmereça seu esforço, que não ache que é falta disciplina, força, foco e/ou fé. Que você tenha a capacidade de enxergar que na sua frente tem uma pessoa que precisa da sua ajuda e que está disposta a tentar mais uma vez.
*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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