Todos os meses muitas mulheres já esperam a chegada da TPM e de sintomas como, as cólicas menstruais, as dores de cabeça e as oscilações de humor. Mas o que não é de se esperar, é que muitas ainda podem sofrem com dores intensas e limitantes a cada novo ciclo, relacionadas à endometriose.
Anos atrás, essas dores relacionadas à doenças como a endometriose eram subdiagnosticadas e até encaradas pela sociedade como “frescurinha” ou simplesmente “normalizadas” como algo que não havia opção em não lidar. Mas com o avanço da tecnologia e das ciências médicas, cada vez mais mulheres têm sido diagnosticadas e, finalmente, acessado tratamentos mais adequados.
Vamos falar sobre a endometriose
A endometriose é uma doença inflamatória crônica, caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero, podendo invadir áreas que não deveriam, como vias urinárias, ovário, e até cavidade abdominal. Há inclusive casos graves, em que invade e se infiltra abaixo dos tecidos, causando aderências em órgãos e mudanças anatômicas importantes que mudam o funcionamento ideal do corpo.
Toda cólica é endometriose?
Nada disso! Nem toda cólica é endometriose, por isso, não deixe de fazer seus exames ginecológicos e acompanhar com seu médico ginecologista. Os sintomas devem ser sempre investigados individualmente com exames específicos. Para além da cólica e dependendo do grau de seu acometimento em relação à localização, a mulher pode apresentar também:
– Dismenorreia –dor durante a menstruação.
– Dispareunia –dor durante a relação sexual.
– Disúria –dor durante a micção.
– Disquesia –dor durante a evacuação.
– Dores abdominais.
– Dores lombares.
– Dores pélvicas (região da pelve).
A dor se inicia na área afetada pela invasão do tecido, mas a verdade é que ela pode atingir e irradiar para locais mais distantes do tecido de origem da dor.
Há casos e casos
Algumas pacientes podem ser assintomáticos e não apresentar absolutamente nenhum tipo de dor. Geralmente, nesses casos, acabam investigando e descobrindo a endometriose na tentativa e dificuldade em engravidar dependendo do grau da lesão.
Ciclo vicioso de dor
A dor frequente pode causar problemas como as disfunções hipertônicas em músculos e articulações pelo seu não relaxamento, repercutindo no funcionamento da musculatura pélvica.
Segundo a fisioterapeuta pélvica Juliana Satake, coordenadora da obstetrícia e urologinecologia da Clínica La Posture, é comum atender mulheres que, mesmo após a cirurgia, continuam a sentir dores. Por isso, são encaminhadas pelo médico para tratar sintomas tanto no pré quanto no pós-cirúrgico.
Isso ocorre porque a endometriose gera um ciclo vicioso de dor mesmo sem que o exame de imagem aponte mais sinais de lesão. Ao avaliar essas pacientes, elas apresentam alterações na coordenação motora da região com a presença também de pontos-gatilho que são como nódulos de tensão que permanecem mesmo após a menstruação e até mesmo após o tratamento cirúrgico, perpetuando um ciclo de disfunção e afetando a qualidade vida da mulher.
A dor pélvica não deve ser negligenciada e precisa ser tratada!
Os estudos mostram que ela está presente em 71 a 87% das mulheres com lesões de endometriose e causam impacto negativo significativo na saúde e bem-estar das mulheres.
A dor pélvica crônica é resultado de mudanças estruturais no sistema nervoso central que sustenta a percepção da dor e ativa um constante estado de “alerta”, que tem como função proteger o corpo de estímulos nocivos.
A dor crônica tem como “dor de origem” característica miofascial com a presença de pontos gatilhos miofasciais ativos –que podem ser espontaneamente dolorosos e estão lá incomodando constantemente ou serem latentes, isso é, aquela dor que acontece mediante a investigação clínica do toque ou quando estimulados. Geralmente a dor de pontos-gatilhos nas mulheres com endometriose é referida na uretra, vagina, reto, cóccix, sacro, parte inferior das costas (lombar e quadril), abdômen inferior e coxas posteriores, e deve ser tratada através da fisioterapia pélvica.
Fisioterapia pélvica na endometriose
A fisioterapia pélvica tem sido cada vez mais reconhecida no tratamento dessas mulheres e deve ser parte de todo atendimento interdisciplinar que essa doença exige.
O tratamento conservador consiste em reduzir os sintomas e melhorar a função e qualidade de vida nos aspectos ginecológicos mas também em todo funcionamento global do corpo feminino.
De forma geral, a fisioterapeuta pélvica especializada utiliza técnicas de relaxamento, alongamento e mobilidade muscular, assim como técnicas específicas de liberação miofascial nos pontos-gatilho de dor, trabalhando a mobilidade articular e recursos para controle de dor, com uso de equipamentos fototermoreguladores.
Exercícios de correção postural são parte essencial e integral do atendimento, uma vez que as pacientes com dor pélvica crônica apresentam posturas antálgicas de dor —posturas de reação à dor adotadas como forma de proteção do local de dor.
O atendimento da fisioterapia pélvica é importante quando a mulher tem dores no pós-cirúrgico ou até mesmo para aquelas que não se submeteram a nenhuma cirurgia. Mas aqui, também reforço que mudanças do estilo de vida devem ser implementadas pelas pacientes.
Por que não inserir: meditação, relaxamento, pilates ou yoga como parte do seu tratamento? Sim, essas atividades podem se tornar estratégias de enfrentamento importantes para o manejo dessas dores. Além disso, vale reavaliar constantemente como e quais as escolhas em relação à alimentação, ao sedentarismo e até mesmo ao controle do estresse afetando seu corpo e sua saúde de forma integral. Afinal, somos resultado de múltiplas escolhas ao longo de uma vida.
Deixei 2 exercícios pélvicos que podem ajudar mulheres sintomáticas que sofrem com endometriose:
*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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