Saúde intestinal: microbiota

A saúde intestinal refere-se ao equilíbrio e à função adequada dos diversos microorganismos que habitam nosso trato gastrointestinal. Este ecossistema complexo, conhecido como microbiota intestinal, é composto por trilhões de bactérias que desempenham funções essenciais, como a digestão e absorção de nutrientes, produção de vitaminas, defesa imunológica e produção de metabólitos.

A digestão e absorção de nutrientes são facilitadas pela microbiota, garantindo que nosso corpo receba as vitaminas e minerais necessários para funcionar corretamente. Além disso, certas bactérias intestinais produzem vitaminas, como a vitamina K e algumas do complexo B, que são essenciais para diversas funções corporais, incluindo a coagulação do sangue e a produção de energia. A microbiota também atua diretamente na modulação do sistema imunológico, o que ajuda na prevenção de infecções e doenças crônicas.

 

Os benefícios da saúde intestinal

Um dos principais benefícios da saúde intestinal é a produção de compostos, como ácidos graxos de cadeia curta pela bactérias, que têm efeitos anti-inflamatórios e ainda ajudam no equilíbrio da microbiota (não deixam proliferar microrganismos que poderiam gerar doenças no intestino). Esses metabólitos são também importantes para manter a integridade da mucosa intestinal. 

 

A influência da microbiota na pressão arterial

Muitos estudos têm demonstrado que a microbiota intestinal pode influenciar a pressão arterial através de alguns mecanismos, como a redução da inflamação sistêmica e o equilíbrio hormonal (principalmente devido ao impacto sobre o controle da resistência à insulina). A inflamação crônica, resultante de um desequilíbrio na microbiota intestinal (disbiose), está associada ao aumento da pressão arterial, pois pode danificar os vasos sanguíneos e promover a aterosclerose. Bactérias intestinais saudáveis produzem ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como butirato, propionato e acetato, que têm propriedades anti-inflamatórias e ajudam a regular a pressão arterial, promovendo a dilatação dos vasos sanguíneos e reduzindo a inflamação.

Além disso, a microbiota intestinal pode influenciar a ação de alguns hormônios, como a insulina, que é um regulador importante da pressão arterial. Uma saúde intestinal ruim pode então contribuir com a resistência à insulina, item marcante no aumento da pressão arterial. 

O intestino e o cérebro estão interconectados através do nervo vago e de várias vias bioquímicas, por isso a saúde intestinal pode afetar o sistema nervoso central, influenciando a regulação da pressão arterial através de mecanismos neurais e hormonais.

 

Como manter a saúde intestinal?

Manter uma microbiota intestinal saudável é fundamental para a regulação da pressão arterial e para a saúde geral. Para isso, é importante adotar uma alimentação balanceada, rica em fibras, frutas, vegetais e principalmente alimentos fermentados. Alimentos como kefir, chucrute, natto e kimchi são excelentes fontes de probióticos, que são bactérias benéficas para o intestino. Além disso, é essencial consumir prebióticos, tipos de fibras que alimentam as bactérias benéficas no intestino, presentes nos vegetais de maneira geral. Evitar alimentos processados e ricos em açúcar e farinhas refinadas é igualmente importante, pois esses alimentos podem prejudicar a saúde intestinal ao promover o crescimento de bactérias nocivas, o que provoca inflamação. Manter-se bem hidratado também é essencial, pois a água atua diretamente na melhora do trânsito intestinal. 

A atividade física regular beneficia a saúde intestinal ao melhorar também o trânsito intestinal e reduzir a inflamação sistêmica, enquanto o gerenciamento do estresse, através de técnicas como meditação, yoga e exercícios de respiração, ajudam a manter um eixo intestino-cérebro estável.

É fundamental evitar o uso excessivo de antibióticos, pois eles podem combater tanto as bactérias nocivas quanto as benéficas no intestino. O uso indiscriminado de antibióticos deve ser evitado e sempre orientado por um profissional de saúde. A moderação no uso de antibióticos é fator marcante para manter uma microbiota saudável.

 

Probióticos: o que são e como ajudam na pressão arterial?

Os probióticos são microorganismos vivos que, quando consumidos em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. Eles desempenham um papel importante na manutenção da saúde intestinal e podem influenciar a pressão arterial de várias maneiras. Os probióticos ajudam a manter o equilíbrio da microbiota intestinal, promovendo o crescimento de bactérias benéficas e inibindo o crescimento de bactérias nocivas. Certas cepas de probióticos têm propriedades anti-inflamatórias, ajudando a reduzir a inflamação sistêmica, por isso também influenciam na redução da pressão arterial.

Além disso, os probióticos podem melhorar a motilidade intestinal e a digestão, facilitando a absorção de nutrientes essenciais e a eliminação de toxinas. Eles também podem influenciar a resposta imunológica, ajudando a prevenir infecções e doenças autoimunes. Os probióticos produzem ácidos graxos de cadeia curta e outros compostos que têm efeitos benéficos na saúde intestinal e também na regulação da pressão arterial.

Os probióticos também podem ser encontrados em alimentos fermentados, além de estarem disponíveis em forma de suplementos. É importante escolher suplementos de alta qualidade que contenham cepas específicas de bactérias benéficas em quantidades adequadas. No caso do uso dos suplementos, vale sempre consultar um profissional de saúde para ajudar a determinar quais probióticos são mais adequados para suas necessidades individuais.

 

A relação da saúde intestinal com a pressão arterial

Diversos estudos têm demonstrado a conexão entre a saúde intestinal e a pressão arterial. Um estudo publicado no Journal of Hypertension encontrou uma correlação entre a diversidade da microbiota intestinal e a pressão arterial. Pacientes com hipertensão tendem a ter uma microbiota menos diversa em comparação com indivíduos com pressão arterial normal. 

Outro estudo, publicado na Nature Communications, descobriu que a suplementação com probióticos pode ajudar a reduzir a pressão arterial em indivíduos hipertensos. Os pesquisadores atribuíram esses efeitos aos metabólitos produzidos pelas bactérias intestinais, que têm propriedades vasodilatadoras e anti-inflamatórias.

Manter uma boa saúde intestinal é fundamental não apenas para a digestão, mas também para a regulação da pressão arterial e a prevenção de várias doenças. É importante lembrar que, embora a saúde intestinal desempenhe um papel significativo na regulação da pressão arterial, é essencial adotar uma abordagem integral para a saúde, combinando boa alimentação, boa qualidade do sono, exercício regular e manejo do estresse. Na prática esses são os pilares que tanto falo com você e fazem parte da base de construção da Saúde

Se quer entender mais sobre tudo isso e a formação de bons hábitos para melhorar a Saúde não deixe de acompanhar nossos artigos e seguir nas mídias @drtakassi

Sua primeira riqueza é a sua saúde!

Até a próxima.

Dr. Takassi

 

Informações importantes:

1 – O artigo tem puramente um caráter educativo para a população em geral. Ou seja, não se trata de uma recomendação médica e ainda reforçamos que em caso de qualquer queixa ou possível conduta a pessoa deve procurar um médico / profissional da área da saúde. 

2 – Por ser um artigo focado em educação, em nenhum momento o objetivo é substituir uma consulta médica. Por isso, mais uma vez em caso de necessidade, a pessoa deverá procurar um atendimento médico. 

3 – Os vídeos são produzidos com informações encontradas em livros e artigos científicos mais atuais sobre o tema. No entanto, devido à dinâmica da mudança dos conhecimentos científicos, alguns conceitos podem alterar ao longo do tempo. 

4 – De acordo com Art. 8º da Resolução CFM 1974/11 de Publicidade do Código de Ética Médica, os artigos têm somente caráter de prestar informações de fins estritamente educativos.

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

 

 

Referências Bibliográficas