O sangramento vaginal está entre as maiores preocupações de qualquer gestante em qualquer fase, mas não necessariamente está relacionado a um desfecho ruim ou algo perigoso.
Aproximadamente 25% das gestantes apresentam algum tipo de sangramento vaginal nas primeiras 12 semanas de gestação, período que chamamos de primeiro trimestre, e que é essencial na formação e desenvolvimento do embrião.
O sangramento nesse período é tão preocupante, pois pode ser um sinal de que a gestação está evoluindo para um abortamento e, de fato, na grande maioria dos abortamentos, o sangramento é o sintoma mais frequente, mas nem todo sangramento é sinal de problema.
Todo sangramento que acontece no primeiro trimestre da gravidez, até que se prove o contrário, é chamado de ameaça de abortamento e deve ser investigado. Contudo de todos estes sangramentos, aproximadamente metade apresenta gravidez completamente normal, ou seja, existem situações normais que causam sangramento vaginal no início da gestação.
Causas do sangramento na gestação
Uma causa muito comum de sangramento bem no começo da gravidez, causada por um evento normal, é o sangramento de implantação. A fecundação, que é o que ocorre quando o espermatozoide se junta com o óvulo, acontece na tuba uterina.
A partir daí temos uma célula que começa a se dividir até formar o embrião, e nos primeiros dias desta divisão, o embrião é levado através da tuba até chegar na cavidade uterina, onde irá se implantar em algum lugar da parede. É neste lugar que em algumas semanas se formará a placenta. Só que do local na parede onde o embrião se implanta sai uma quantidade de sangue, que pode escorrer e sair pela vagina.
Outra possibilidade é que o sangramento venha do colo do útero. Algumas mulheres apresentam uma alteração no tecido que recobre o colo do útero, em função das mudanças hormonais que ocorrem na gravidez, deixando-o mais sensível e com maior chance de sangrar, principalmente após relações sexuais.
O hematoma subcoriônico, mais conhecido como descolamento de placenta, é tão comum que, segundo alguns estudos, pode acontecer em mais de 30% das gestações. Pode ser um achado de exame, quando é identificado durante um ultrassom de rotina ou identificado após um episódio de sangramento vaginal. A chance de um evento como esse evoluir para um abortamento depende principalmente da extensão da área do hematoma, ou seja, quanto maior, maior será o risco de aborto.
Gravidez ectópica é outra causa de sangramento que ocorre no primeiro trimestre da gravidez, porém, muito mais rara que as anteriores, acontecendo em aproximadamente 1% das gestações. Ocorre quando o embrião se implanta e começa a se desenvolver em algum outro lugar que não seja a cavidade uterina, sendo o local mais comum a tuba uterina. Normalmente a gravidez não tem boa evolução, e alguns casos podem ser mais graves, necessitando intervenção cirúrgica.
E falando agora do que mais assusta as gestantes que apresentam sangramento vaginal no início da gravidez, temos o abortamento. Existem diversas formas de classificar o tipo de abortamento, e isso vai ajudar a decidir a conduta a partir do seu diagnóstico. Alguns casos se resolvem sem a necessidade de internação ou qualquer intervenção médica, já outros podem precisar de medicamentos ou de algum procedimento para retirar o que restou da gestação de dentro do útero.
Mas acredito que, um dos pontos mais importantes nestes casos, seja assegurar para o casal que nada do que eles fizeram ou deixaram de fazer ajudou para que o abortamento acontecesse. É muito comum a busca por respostas em situações como essa, e nem sempre elas podem ser dadas de maneira precisa. As principais causas de abortamento são as alterações cromossômicas, e normalmente elas não estão presentes no casal, na verdade elas aparecem no óvulo ou no espermatozoide quando estes são formados.
O principal fator de risco conhecido para que ocorra um abortamento é a idade materna, justamente porque os óvulos vão sofrendo as consequências do tempo, quanto maior a idade da mãe na concepção, maior será o risco. Outros fatores seriam uso de drogas, álcool e tabagismo.
Existem outras causas de sangramento vaginal no primeiro trimestre da gravidez, mas são muito mais raras do que as citadas até aqui. De qualquer forma, todo sangramento que ocorra durante a gravidez deve ser reportado e investigado, seja consultando seu médico ou procurando um serviço de saúde que tenha atendimento obstétrico de urgência.
Para saber mais sobre outros riscos na gestação, confira meu texto sobre os riscos do excesso de peso durante a gravidez.
*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
Veja Também
Condromalácia patelar: porque é mais comum em mulheres e como evitar
Superando barreiras: lesões esportivas em mulheres e seus métodos de prevenção
Dor pélvica: muito além de cólica menstrual – entendendo as diferentes causas
Corrimento vaginal: diferenças, principais causas e prevenção
A saúde começa pela boca: muito mais que um sorriso bonito