De que adianta ter uma vida longa se não podemos aproveitá-la, passar tempo com as pessoas que amamos ou realizar atividades que nos façam felizes? Para fazer isso, precisamos não apenas das nossas capacidades físicas, mas também das nossas funções cerebrais, que diminuem progressivamente com a idade. A perda gradual da função cerebral, que chamamos de cognição, culmina em um quadro conhecido nos idosos como demência senil. A principal causa da demência é a doença de Alzheimer.
Hoje já observamos um aumento na incidência global da demência senil, e a tendência é que aumente cada vez mais, acompanhando o aumento da expectativa de vida que se observa mundialmente.
O que pode aumentar as chances de um adulto saudável desenvolver demência senil, principalmente de forma precoce?
O fator de risco mais relevante é a genética, e mesmo sendo algo que não podemos mudar, existem alguns hábitos que podem ajudar a diminuir esse risco. Outras questões associadas ao aumento da incidência de demência senil estão relacionadas a aspectos socioculturais e fatores ambientais, incluindo alimentação, atividade física e sono. Outros fatores de risco são: hipertensão arterial, diabetes, obesidade, tabagismo e consumo excessivo de bebida alcoólica.
E como não existem medicamentos ou suplementos mágicos que impeçam nossa perda progressiva da cognição, o jeito então é adotar medidas comportamentais. Mas quais são elas?
Mudança de hábitos para evitar a demência senil
Exercícios físicos. Se você achou que finalmente eu escreveria um texto aqui na coluna que não falasse de atividade física, se enganou. Praticar exercícios físicos, tanto aeróbicos quanto de força, são tão importantes para o cérebro quanto para o corpo. Pode ser considerado o fator protetor isolado mais relevante na manutenção da cognição.
O exercício tem impacto positivo na grande maioria dos fatores de risco citados acima. Além disso, é importante para a saúde da circulação como um todo, melhorando também a circulação cerebral, e para os idosos ao evitar a sarcopenia. Confira aqui meu texto sobre “Como prevenir músculos fracos (sarcopenia) para uma velhice mais independente”.
Sono. A qualidade e quantidade do sono também são relevantes, afinal, enquanto dormimos nosso cérebro se recupera e trabalha com as memórias e aprendizados que tivemos ao longo do dia, quase como se fizesse uma limpeza do que não precisamos e uma solidificação do que é importante. Portanto, planeje seu sono e quantas horas vai dormir, evite substâncias estimulantes como cafeína perto da hora do sono, assim como bebida alcoólica, use menos telas e diminua as luzes dos ambientes antes de dormir.
Alimentação saudável. Uma alimentação saudável terá um impacto indireto na saúde cerebral, mas não menos importante. Nosso cérebro é responsável por aproximadamente 20% de todo nosso gasto de energia ao longo do dia, e precisa dessa energia de forma rápida e prioritária, portanto, quando nos alimentamos bem, nos mantemos metabolicamente saudáveis para que nosso cérebro tenha a energia que necessita.
Estímulos cerebrais. Estimular o cérebro de diferentes formas também pode ser extremamente benéfico, preferencialmente aprendendo coisas novas, que gerem a necessidade de criação de novas conexões nervosas. Aprender uma nova língua, estudar algo novo, aprender uma modalidade esportiva nova ou alguma atividade que dependa da interação com outras pessoas, como esportes em equipe ou dança são ótimos exemplos.
Ainda buscando estimular o cérebro, manter atividades sociais e o convívio com outras pessoas é extremamente relevante, daí também a importância de cuidar da saúde auditiva. Idosos que apresentam perda auditiva interagem menos com as pessoas, e essa falta de estímulo pode acelerar o processo de demência ligado à idade.
Portanto, se pretendemos desfrutar plenamente de nossa velhice, não temos um caminho para ela que não inclua atividade física e outros hábitos saudáveis. Quanto antes os introduzirmos em nossas vidas, melhores serão os resultados.
*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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