Já sabíamos que a busca por procedimentos que pudessem preservar a fertilidade por mais tempo estava em alta, por isso publicamos o texto “Congelamento de óvulos: entenda sobre essa técnica que preserva a fertilidade da mulher” aqui há alguns meses sobre esse assunto. Só não sabíamos a dimensão que este assunto estava tomando.
Recentemente, o SisEmbrio (Sistema Nacional de Produção de Embriões), órgão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que controla toda a produção de embriões por fertilização in vitro no país, também responsável pelo controle de outros dados relacionados a tratamentos de reprodução humana, publicou, entre outras informações, que a quantidade de óvulos congelados foi de 56.710 em 2020 para 111.413 em 2023, um aumento de mais de 90%.
O ponto positivo em relação a essa notícia está no fato de que provavelmente este aumento está associado à disseminação da informação sobre o congelamento de óvulos para a preservação da fertilidade. Fornecer esse tipo de informação, que, de fato, pode impactar positivamente a vida e a saúde das pessoas, é o grande motivador para a produção dos textos desta coluna, e acredito que falo em nome dos demais colegas que aqui escrevem.
Fertilidade: uma abordagem médica
Abordar o tema fertilidade nas consultas pode ser um tanto desconfortável, primeiro porque pode parecer uma cobrança, lembrando que vivemos em uma sociedade que já cobra muito isso das mulheres. Independente das cobranças, muitas têm isso como um sonho, e a simples conversa sobre a possibilidade de não conseguir alcançar esse objetivo pode ser estressante.
Segundo, porque é um assunto ligado à idade da mulher, pois sabemos que a partir de uma certa idade a capacidade de produzir óvulos, que chamamos de reserva ovariana, começa a piorar de forma exponencial. É quase como se disséssemos: “olha, o tempo está passando, seus óvulos estão envelhecendo, se quiser ter filhos que seja logo ou melhor congelar seus óvulos”.
Na verdade tudo depende de como encaramos essas informações. Que bom que hoje existe essa possibilidade, que permite não só que uma mulher ou casal tenham filhos mais tarde, mas também que mulheres mais jovens que precisem ser submetidas a tratamentos oncológicos, com radioterapia ou quimioterapia, possam preservar sua fertilidade.
Congelamento de óvulos: uma maneira de preservar a fertilidade
A faixa etária ideal para realizar a coleta de óvulos para congelamento é entre 30 e 35 anos. Algumas mulheres podem ter uma boa resposta até os 38, 39 ou 40 anos, mas precisamos lembrar que a queda da reserva ovariana é exponencial a partir daqui, assim como a resposta ao tratamento, portanto cada caso deve ser analisado individualmente.
Um ponto negativo é o custo, ainda muito alto, o que diminui o acesso ao tratamento a uma parcela limitada da população. Além do custo do procedimento, ainda existe um custo anual para manter os óvulos congelados em um laboratório.
Motivos da procura
Voltando aos dados liberados pelo SisEmbrio, além do maior acesso ao conhecimento da técnica de congelamento de óvulos, podemos enumerar outros possíveis motivos que levaram ao expressivo aumento nas taxas de congelamento de óvulos no Brasil. A falta de parceria, impedimentos devido à carreira profissional das mulheres, situação econômica ou por simplesmente não se sentirem preparadas para gestarem um filho, estão entre os motivos mais comuns que levam as mulheres a buscarem técnicas de preservação da fertilidade.
Numa sociedade em que continuamente as mulheres buscam mais igualdade de salários e carreiras, essa se torna uma ferramenta importantíssima, uma oportunidade para escolher o melhor momento para ter filhos.
*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
Veja Também
Condromalácia patelar: porque é mais comum em mulheres e como evitar
Superando barreiras: lesões esportivas em mulheres e seus métodos de prevenção
Dor pélvica: muito além de cólica menstrual – entendendo as diferentes causas
Corrimento vaginal: diferenças, principais causas e prevenção
A saúde começa pela boca: muito mais que um sorriso bonito