Vivemos em um mundo com uma prevalência altíssima de sobrepeso e obesidade em todas as faixas etárias, novos casos diários de câncer, diabetes, hipertensão e mais recentemente começamos a ter um aumento importante das doenças neurodegenerativas (Alzheimer, Parkinson, Demência). Sabemos que, em grande parte, este dado relaciona-se ao nosso estilo de vida, principalmente ao nosso consumo excessivo de açúcar.
Muitos são os elementos que definem o nosso estilo de vida atual, e com certeza o consumo excessivo de açúcar e alimentos ou preparações em que este ingrediente está contido fazem parte desta realidade —vamos concordar com isto. Sei que cada vez mais famílias estão conscientes dos riscos, buscando um caminho mais saudável e de prevenção, no entanto, estatisticamente ainda temos a maior parte da população com o estilo de vida que necessita de mudanças importantes.
Tenha o conhecimento de que as recomendações vigentes são feitas para reduzir o risco de desenvolvimento de doenças não transmissíveis em adultos, e principalmente em crianças, para prevenir um desenvolvimento muito precoce. Há também de se considerar a prevenção e o controle do aumento de peso e das cáries dentárias, cada vez mais precoces, justamente por este estilo de vida atual.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reforça a necessidade de uma baixa ingestão de açúcares livres ao longo de toda a vida, ou seja, tanto em adultos como em crianças, deixando claro que seria ideal se todos tivéssemos, a partir dos 2 anos idade, um consumo de no máximo 5% do valor calórico consumido, de açúcares livres. Estamos falando de açúcar de adição, ou seja, aqueles adicionados aos alimentos e às bebidas pelo fabricante, pelo cozinheiro ou pelo consumidor, e não dos açúcares naturalmente presentes no mel e frutas, por exemplo.
Outro tema importante, e que necessita ser comentado, é o uso precoce de açúcar, por vezes antes dos 6 meses, nos sucos e chás das crianças, não seguindo a recomendação dos nutricionistas e pediatras. Sabemos que muitas mães oferecerem alimentos doces neste momento da vida para, na sua concepção, satisfazer o paladar da criança e deixá-la bem alimentada, melhorando inclusive a sua aceitação, porém, é preciso dar-se conta de que este açúcar irá contribuir para o aumento da densidade energética, aumentando abruptamente a concentração de açúcar no sangue e a ausência de aporte nutritivo ao alimento. No entanto, o açúcar presente naturalmente nas frutas, verduras, legumes e leite fresco não deve ser restringido para ninguém, em nenhum momento da vida, incentivando sempre o consumo de alimentos in natura de forma preventiva.
Se até os dois anos de idade não se recomenda o consumo de açúcar, a partir dos dois anos, a quantidade máxima de açúcar de adição deve ser de até 25 gramas ao dia, que podemos encontrar em 1 latinha de refrigerantes, sucos mais concentrados e industrializados ou ainda em 40 gramas de chocolate ao leite. A dica mais importante é que você se mantenha atento à leitura de rótulos, uma vez que o açúcar também pode estar presente em alimentos pouco prováveis como embutidos, catchup, molhos industrializados entre outros.
Recentemente, uma importante indústria de alimentos infantis virou o centro das atenções por adicionar açúcar em alimentos infantis. Este fato nos faz refletir acerca da importância em seguir recomendações e diretrizes que buscam promover a saúde dos nossos filhos, por meio do incentivo aos bons hábitos alimentares.
Tenha em mente que bons hábitos são concretizados no dia a dia, trabalhando com determinação e com o exemplo. Busque a doçura nas frutas, por exemplo, e tenho certeza de que você irá se surpreender com os resultados.
*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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