Estamos há poucos meses do início das Paralimpíadas de Paris, um evento organizado pelo Comitê Paralímpico Internacional (CPI) que ocorre simultaneamente após os Jogos Olímpicos, no mesmo país anfitrião e frequentemente utilizando as mesmas instalações. O evento além do alto rendimento, busca promover a inclusão, a igualdade e inspirar pessoas ao redor do mundo, mostrando que as limitações físicas não são empecilhos para a realização de grandes feitos. 

A história das Paralimpíadas

A competição nasceu dentro de um hospital de veteranos de guerra…

Em 1948, enquanto aconteciam os Jogos Olímpicos de Verão em Londres (Reino Unido), o neurologista alemão Ludwig Guttmann —que utilizava o esporte na reabilitação física —promoveu os Jogos do Stoke Mandeville, envolvendo os pacientes do hospital de mesmo nome, em sua maioria veteranos da Segunda Guerra Mundial. Quatro anos depois, durante as Olimpíadas de Helsinki (Finlândia), uma delegação dos Países Baixos viajou para Londres para disputar os Jogos do Stoke Mandeville, sendo esta a primeira competição internacional para pessoas com deficiência.

Mas em 1960, em Roma (Itália), o evento esportivo passou a ser realizado na mesma sede dos Jogos Olímpicos. Ainda chamada de “Olimpíadas dos Portadores de Deficiência”, essa é considerada a primeira Paralimpíada da história, com delegações de 23 países, um total de 400 atletas, todos com lesão na medula espinhal. Mesmo sem ser abraçada de imediato pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), a competição passou a ser realizada a cada quatro anos, sempre nas semanas posteriores aos Jogos Olímpicos 

Somente a partir de 1988 que se oficializou que os Jogos Paralímpicos seriam realizados na mesma cidade-sede dos Jogos Olímpicos. O evento sediado em Seul até hoje é considerado um marco nos esportes paralímpicos, pois permitiu que os atletas paralímpicos utilizassem a mesma estrutura dos atletas olímpicos.

 

De um pequeno evento, as Paralimpíadas cresceram e se tornaram o terceiro maior evento esportivo do mundo

Um dos eventos mais democráticos para pessoas com deficiência, nos jogos encontramos uma verdadeira celebração da deficiência e suas potencialidades dos mais diversos tipos e esportes.

 

Categorias de deficiência dos Jogos Paralímpicos

Os atletas que competem nos Jogos Paralímpicos geralmente se enquadram em uma das seguintes categorias de deficiência:

Deficiência Física. Inclui atletas com amputações, paralisia cerebral, lesões na medula espinhal e outras deficiências que afetam a mobilidade ou a coordenação.

Deficiência Visual. Abrange atletas que são cegos ou têm visão limitada.

Deficiência Intelectual. Inclui atletas que têm limitações significativas tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo.

Les Autres. Uma categoria que inclui atletas com condições que não se enquadram nas outras categorias, como acondroplasia ou outras deficiências que causam desvantagem esportiva.

Cada esporte paralímpico tem suas próprias classificações, baseadas na natureza e no grau de deficiência dos atletas, para garantir a competição justa. Essas classificações são fundamentais para o espírito dos Jogos Paralímpicos, assegurando que o sucesso seja determinado pela habilidade, determinação, treinamento e espírito competitivo, em vez de pela deficiência do atleta. 

 

A inclusão pela excelência do esporte

A inclusão desses esportes e categorias de deficiência nos Jogos Paralímpicos destaca o compromisso contínuo com a diversidade, a inclusão e a excelência esportiva, além da possibilidade de vivenciar diversas modalidades esportivas, como exemplo: atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, canoagem, ciclismo (estrada e pista), esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5 (para cegos), futebol de 7 (para paralisados cerebrais), goalball (para deficientes visuais), halterofilismo, hipismo, judô (para deficientes visuais), natação, remo, rugby em cadeira de rodas, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, tiro com arco, tiro esportivo, triatlo, voleibol sentado, dentre outros.

 

Você sabia que o Brasil é considerado uma potência paralímpica, ficando no top 10 nas últimas edições dos jogos?

Nossa história nas Paralimpíadas é marcada por uma trajetória de crescimento e conquistas significativas. A primeira participação brasileira ocorreu nos Jogos Paralímpicos de Heidelberg, em 1972, onde a delegação era pequena e não conquistou medalhas na ocasião. 

Desde então, o Brasil evoluiu consideravelmente, alcançando um marco importante em 1976, nos Jogos de Toronto, quando Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos Costa, no tênis de mesa, conquistaram as primeiras medalhas paralímpicas para o país, ambas de bronze. 

Ao longo dos anos, o Brasil foi solidificando sua posição no cenário paralímpico mundial, com destaque para o nadador Daniel Dias, que se tornou o maior medalhista paralímpico brasileiro, acumulando 24 medalhas ao longo de sua carreira. 

Nas Paralimpíadas de Paris 2024, o Brasil chega com uma delegação forte, diversificada e com experiências anteriores de sucesso, como as demonstradas nos Jogos de Rio 2016 onde ficamos em 8º lugar, com 72 medalhas (14 ouro, 29 prata, 29 bronze), e em Tóquio 2020 que ficamos em 7º lugar, com 72 medalhas (22 ouro, 20 prata, 30 bronze), e o país alcançou posições de destaque no quadro de medalhas. 

Com uma combinação de novos talentos e atletas experientes, o Brasil tem grandes expectativas para continuar sua trajetória de excelência em Paris, reforçando seu compromisso com o esporte paralímpico e a inclusão.

Esses resultados refletem o compromisso contínuo do Brasil com o esporte paralímpico e seu desenvolvimento, evidenciando uma evolução notável desde a sua primeira participação. A posição do Brasil no ranking de medalhas tem melhorado consistentemente, com destaque para as últimas edições, onde o país se estabeleceu como uma das principais potências paralímpicas do mundo

Para as Paralimpíadas de Paris 2024, o Brasil certamente aspira a continuar essa trajetória de sucesso, apoiado por uma combinação de experiência, talento emergente e uma preparação focada.

Convidamos você, querido leitor, a se juntar a nós na torcida e valorização deste evento tão inspirador. As Paralimpíadas de Paris não serão apenas uma demonstração de habilidades esportivas extraordinárias, mas também um lembrete poderoso do que podemos alcançar quando focamos na capacidade, não na deficiência.

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas

Comitê Paralímpico Internacional (CPI). Site Oficial.
Brittain, Ian. “The Paralympic Games Explained”. Routledge, 2010.
Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Site Oficial.
DePauw, Karen P., e Gavron, Susan J. “Disability and Sport”. Human Kinetics, 1995.
“Rising Phoenix” – Documentário