Aquela dorzinha, um mau jeito, uma dor que surge “de repente” ou que sempre esteve ali e há um tempo é seu lembrete constante de que deveria repensar no corpo. Ah, mas nada que um remedinho tipo analgésico, anti-inflamatório ou relaxante muscular não resolvam, certo?

Errado! Ao contrário do que muita gente pensa, a dor nas costas, conhecida como lombalgia, apesar de comum, não é normal! O desconforto é um problema de saúde pública que demanda ações de prevenção e tratamento eficazes. Mas justamente, por ser algo que acontece com muita gente, a tendência do senso comum é normalizar a dor. Por isso, é cada vez mais necessário que nós, como profissionais de saúde, em especial, fisioterapeutas, possamos educar em saúde toda a população e esclarecer esse tema. 

E não digo isso pensando apenas em uma pessoa que já possui a dor presente na rotina ou que já está afastada do trabalho ou deprimida. O manejo da dor nas costas começa muito antes disso! O foco e a importância de cuidar da saúde como estratégia de prevenção e promoção do bem-estar devem ocorrer ao longo do tempo e, deve ser algo para a vida toda. 

Voltando ao fatídico dia que a pessoa sofre de uma crise de dor nas costas, arrisco dizer  que 99% das pessoas que já atendemos recorrem à automedicação ou correm ao Pronto Atendimento para aliviar a dor com o uso de medicamentos “na veia”. 

Atenção! Se você se identificou com essas atitudes, você se enquadrada no primeiro erro: recorrer ao remedinho! Na rotina clínica, reforçamos que a questão medicamentosa é desencorajada como tratamento eficiente para quem sente dores nas costas! Sim, eu sei que é difícil resistir às propagandas e à aparente “solução” rápida para quando a danada da dor surgir. Mas pensando em tratamento e em saúde, não entre nesse ciclo de deixar que a medicação seja recorrente na sua vida!

Sua história e o exame bem feito

Tão importante quanto fazer um exame de imagem é a avaliação clínica desse paciente, e entender que o bom profissional irá coletar seu histórico e avaliar seu corpo para entender de verdade sua dor. 

Ainda nesse contexto de dores nas costas, sabemos que a grande maioria dos casos que nos chegam não necessitam de exames de imagem para que seja iniciado o tratamento adequado.  

Voltamos ao fato de olhar o paciente como um todo! Isso é, o médico ou fisioterapeuta precisam entender a pessoa, avaliar a dor e examinar física e funcionalmente a coluna. Por isso, faça os exames de imagem quando houver a indicação mas não deixe para se cuidar somente após o laudo do laboratório.

Muitas vezes, um laudo não é a explicação da sua dor, postergar o início do tratamento pode prejudicar ainda mais a evolução do mesmo.

 

Repouso? Não mexe em time que tá ganhando… 

A segunda mentirinha que contamos a nós mesmos soa mais como autoboicote! O triste é que ouço muitos pacientes falando: “Mas melhor eu não fazer nada, se eu não me mexer, não vai doer. Melhor não fazer atividade para não piorar”. 

Pois bem, antigamente se acreditava que não movimentar era o caminho para tratar dores crônicas. Mas há anos, já está estabelecido que quem não cuida do corpo e é sedentário tende a sofrer com essas dores. Cuidar do corpo e postura tem total relação com sua saúde. 

Vamos lá, sobre a dor na coluna: são inúmeros fatores que influenciam o surgimento e desenvolvimento. O problema de dor nas costas é comumente atribuído à postura, isto é, causado por uma má posição da coluna ao se sentar, deitar ou para carregar algum objeto pesado. 

Mas acredite, esses são os gatilhos de dores comuns sim, mas dentro de um contexto de pessoas que têm perfil sedentário ou que têm já sinais de que o corpo precisa de mais atenção. Por isso, ser sedentário é sim um dos grandes fatores relacionados a dores nas costas! Um corpo fraco e sem mobilidade não se move de forma adequada e a chance de “travar” cresce.

Dor nas costas é dor da idade?

Deixei por último a maior e mais contada mentira e que me gera incômodo, pois beira negligenciar o cuidar do outro e o cuidado com nosso próprio corpo. 

“Dor nas costas é normal da idade! Ele é velho e é normal ter que conviver com as dores!” 

Jamais normalize a dor, muito se atribui ao envelhecimento conviver com dores. O mais triste é sabermos que todos envelheceremos e temos ou teremos idosos na família (pais, avós, bisavós…) e afirmar que é preciso conviver com a dor por conta da “ idade” é  não dar opção para o cuidado com os nossos. 

Quero voltar um pouco no tempo, e falar que a dor nas costas já é o estopim, isto é, é o sintoma e não causa do problema.  Já o envelhecimento de cada um é individual, é fruto de hábitos e escolhas de toda uma vida. 

Por que é comum pensar que é normal envelhecer com dores? Com o tempo passamos a ter comportamentos mais sedentários e associado a isso, ainda ficamos mais vulneráveis com perda de massa muscular e força –  sarcopenia – e sem uma reserva de controle do corpo – conhecida como homeostase. 

Além disso, dores que eram consideradas toleráveis podem se tornar crônicas – em especial para uma pessoa de 60+, que foi levando a dor ao longo de décadas porque eram suportáveis no início! E pouco se fala sobre isso, mas a dor se torna um padrão de reação do corpo e a interpretação do cérebro ao estímulo de dor se torna constante, afetando a forma que se interpreta a dor no corpo – geralmente o idoso aprendeu e criou um esquema de conviver com a dor.

Por isso, tratar pode exigir um aprendizado de como lidar com o corpo e o movimento.

Vou deixar alguns vídeos que podem te ajudar nessa fase, para você entender melhor como ou quando se movimentar. Nas próximas matérias da série coluna – te ajudaremos com sequências de distintos tratamentos e exercícios disponíveis dos fisioterapeutas especialistas em coluna e ortopedia.

Acompanhe os vídeos com mais dicas clicando aqui!

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*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.