Para entender melhor contamos com a colaboração de Natalia Padula, mestre em ciências e diretora técnica do Acreditando, para destacar o que são esses novos estudos tecnológicos e qual o papel do profissional com toda essa evolução dentro da reabilitação física.
Como a revolução tecnológica tem transformado vidas?
Assim, como nos demais segmentos, a reabilitação de pessoas com deficiências físicas vem sendo impactada expressivamente por uma onda de novas tecnologias e recursos que transformam não apenas nossa forma de “fazer” a reabilitação, mas o que entendemos por reabilitação.
Os avanços tecnológicos não só transformam o que fazemos, mas também o nosso pensamento, o nosso raciocínio clínico e a nossa compreensão dos limites, prognósticos e potencialidades, abrindo um leque de possibilidades e nos inundando com uma necessidade latente de atualização e estudo para acompanhar essa mudança.
Nos últimos 20 anos, graças a inovações incríveis, temos visto uma verdadeira revolução na forma como os tratamentos são realizados, trazendo novas perspectivas e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
Estamos vivendo o “estado da arte” na ciência da reabilitação, ou seja, o nível mais avançado de desenvolvimento e inovação no campo, com possibilidade de atuarmos alinhados às tecnologias mais recentes, as práticas mais eficazes e as pesquisas científicas mais atuais.
Mas na prática, o que essa revolução representa?
Em primeiro lugar, programas de reabilitação física e cuidados em saúde que seguem as principais diretrizes clínicas, denominamos como Terapia Baseada em Evidências, ou seja, oferecer e proporcionar o que cientificamente sabemos que pode transformar a vida dessas pessoas, e a busca contínua dos profissionais por esse conhecimento. Compreender e conhecer novos avanços da ciência e tecnologia é uma responsabilidade do profissional da reabilitação.
Quais são as tecnologias mais promissoras atualmente?
Realidade virtual e aumentada e o treinamento em mundos virtuais: a realidade virtual (VR) e a realidade aumentada (AR) também estão ganhando espaço na reabilitação. Usando esses recursos, pacientes podem praticar movimentos e atividades em ambientes simulados. Com resultados relevantes na recuperação motora e cognitiva de pessoas pós AVC (derrame). Essa tecnologia torna o processo de reabilitação mais interativo e eficaz.
Tecnologias assistivas: as tecnologias assistivas são essenciais na reabilitação de pessoas com deficiências físicas, aumentando a recuperação e a independência. Projetadas para melhorar a funcionalidade, elas facilitam tarefas diárias e promovem autonomia. Exemplos incluem cadeiras de rodas motorizadas, neuropróteses, dispositivos de comunicação e softwares de acessibilidade. Essas inovações complementam os tratamentos tradicionais, melhorando a qualidade de vida e promovendo a inclusão social.
Robôs terapêuticos: os robôs terapêuticos, estão ajudando na reabilitação dos braços e pernas com uso de diferentes dispositivos que simulam o movimento de alcançar, pegar e até caminhar. Esses robôs fornecem uma terapia com exercícios repetitivos e controlados, essenciais para a recuperação motora. Pesquisas recentes indicam que esses dispositivos aumentam a eficácia dos tratamentos, especialmente para pacientes que sofreram AVC, traumatismos cranianos e lesões medulares.
Exoesqueletos robóticos: imagine um traje robótico que ajuda pessoas a andar novamente. Parece coisa de filme, mas é realidade! Esses dispositivos vestíveis suportam e movem os membros, permitindo às pessoas que usam cadeiras de rodas para locomoção experienciar novamente o andar. Estes dispositivos são atualmente usados em centros de reabilitação nacionais e internacionais, sendo um dos principais objetivos a recuperação dos movimentos das pernas na atividade do andar. Será esse o futuro da cadeira de rodas?
Implantes cerebrais e estimulação epidural: outra área promissora são os implantes cerebrais e a estimulação epidural. Esses dispositivos podem restabelecer a comunicação entre o cérebro, medular e os músculos em pessoas com lesões na medula espinal. Como uma corrida contra o tempo, grupos de cientistas importantes no mundo inteiro avançam nos resultados com esse sistema implantes. Estudos publicados nos últimos anos revelam que, após meses de tratamento com estimulação epidural, pacientes paraplégicos conseguiram recuperar movimentos voluntários das pernas. São muitos resultados promissores, mostrando que a recuperação de alguns movimentos perdidos após a lesão medular pode vir a ser uma realidade.
Com novas tecnologias sendo desenvolvidas continuamente, as possibilidades de recuperação são cada vez maiores. Interfaces neurais avançadas e dispositivos de bioengenharia estão na linha de frente dessas inovações, prometendo transformar ainda mais a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo.
Mas no mundo da robótica, da tecnologia virtual e da inteligência artificial, qual é o papel dos profissionais na reabilitação?
Apesar de todos esses avanços tecnológicos, os profissionais de saúde continuam sendo peças-chave na reabilitação. Fisiatras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, profissionais de educação física e outros especialistas do segmento são essenciais para adaptar e aplicar essas novas tecnologias de forma segura e eficaz. É crucial que esses profissionais estejam sempre atualizados sobre as últimas inovações para oferecer o melhor cuidado possível.
Em resumo, a tecnologia está revolucionando a reabilitação física, trazendo novas ferramentas e métodos que melhoram significativamente a qualidade de vida dos pacientes. A combinação de avanços tecnológicos e a expertise dos profissionais de saúde é a chave para um futuro cheio de possibilidades e esperança.
*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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