Um dos principais agentes de evolução no processo de reabilitação tem sido a mudança de perspectivas e orientações do processo de cuidados de saúde. Durante muito tempo, o paciente permaneceu passivo durante todo o seu processo de reabilitação. Ao ingressar em um programa de reabilitação, muitas vezes o profissional, por meio de protocolos pré-estabelecidos de acordo com a patologia e informações básicas, já tinha suas diretrizes de tratamento pré-estabelecidas, antes mesmo de receber e avaliar o paciente.
O profissional da saúde era o protagonista e o paciente era apenas passivo em todo o programa. Nos últimos anos esse cenário vem mudando e evoluindo para um cuidado que traz o paciente como protagonista do seu processo de reabilitação. Suas demandas, necessidades e desejos são colocados como principais objetivos do programa e o profissional atua como um facilitador em todo processo.
Uma pequena diferença no olhar, que faz toda a diferença no resultado e engajamento do paciente em seu processo e naturalmente uma evolução mais satisfatória.
Convidei a Ana Cláudia Rodrigues, fisioterapeuta, para falar um pouco sobre essa nova abordagem em cuidado.
O cuidado centrado na pessoa
Na linha do tempo dos cuidados em saúde passamos por uma hipervalorização e centralização do profissional, tornando-o o agente principal dos tratamentos em saúde, mas isso vem mudando para o protagonismo do indivíduo.
Essa “velha ótica” hierárquica que considera o profissional de saúde no topo de pirâmide e o sujeito como base, apenas um recebedor/cumpridor de ordens e orientações, desconsidera os aspectos humanos e impacta na autonomia, comunicação, qualidade do atendimento e principalmente aderência ao tratamento.
O ser humano definitivamente não é uma máquina e sua história de vida, contexto econômico e social, preferências, gostos e decisões impactam diretamente na definição de planos terapêuticos que devem ser construídos em conjunto!
E na prática o que isso significa?
Significa que a pessoa agora é um agente ativo do seu plano de cuidados! O próprio termo “paciente” remete a um agente passivo, a origem da palavra vem do Latim e significa aquele que suporta, quando em uma ótica moderna estamos tratando de sujeitos que não estão apenas esperando e recebendo o cuidado, mas estão interagindo, escolhendo e atuando ativamente no seu processo de saúde.
E quais são as bases do cuidado centrado na pessoa?
Participação ativa do indivíduo: significa que a pessoa faz parte das tomadas de decisão, considerando suas particularidades, objetivos e desejos.
Plano de cuidados individualizado: obviamente cada ser humano é único, por que um plano de cuidados seria igual para duas pessoas?
Comunicação eficaz: a comunicação inclui o que é dito e o que é entendido e a certificação que o entendimento foi correto.
Foco no bem-estar holístico: holístico significa integral. Isso se refere a olhar a pessoa como um ser completo em toda sua dimensão.
Treinamento e educação: focado na pessoa e na equipe de saúde.
Integração de serviços: tratamentos diversos podem e devem interagir entre si, os serviços de saúde devem conseguir integrar os cuidados.
Ambiente de cuidado acolhedor: o ambiente importa. Ele deve ser receptivo e inclusivo e não excludente ou ameaçador.
Essa linha de cuidado empodera o indivíduo e devolve a ele a autonomia sobre si, tira do foco a doença e considera a pessoa de maneira integral. Superar o modelo antigo e seguir em direção ao novo já é uma realidade.
Como você tem olhado para a sua saúde e qualidade de vida?
Tenho certeza que cada vez mais tomando medidas preventivas, estudando, fazendo melhores escolhas e com responsabilidade se tornando um agente ativo do processo.
Colaboração: Ana Cláudia Rodrigues, fisioterapeuta formada e pós graduada pela Universidade Federal de SP, supervisora técnica do Acreditando Centro Integrada e criadora da página @neuroguia
*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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