17/04/2024 - 6:00
O que é o narcisismo patológico?
O narcisismo patológico é um transtorno da personalidade que inclui uma necessidade recorrente e pervasiva de admiração e reconhecimento, causando prejuízos a si e a terceiros. O indivíduo busca sempre demonstrar sua superioridade, às custas de relações saudáveis. Como resultado, tendem a desvalorizar os outros ao seu redor, simplesmente para se sentirem “especiais” e superiores. É como se estivessem num pedestal, olhando para baixo, enquanto todos os demais estão “abaixo deles”. É aí que mora o perigo.
Mas significa que todos temos algum “narcisismo” em nós? Bem, significa que todos temos a necessidade de estabilizar a nossa autoestima, e tendemos a buscar reasseguramento e admiração dos outros. Esse processo faz parte das nossas relações interpessoais. Entretanto, para algumas pessoas a autoestima é instável, e os mecanismos de sua estabilização geram conflitos interpessoais graves.
Entendendo o círculo vicioso de um relacionamento pouco saudável com um narcisista
É comum que as pessoas envolvidas intimamente com indivíduos com narcisismo patológico se vejam em um círculo vicioso, principalmente em relacionamentos amorosos, e se sintam da maneira relatada abaixo:
No início, conhecido como fase de idealização, o narcisista pode parecer charmoso e atencioso, enchendo seu parceiro(a) de carinho, admiração e até de presentes fora de datas comemorativas.
Tudo parece um conto de fadas, que você acaba não acreditando que conheceu alguém tão inteligente (ou com alguma outra característica positiva que chama a atenção) para fazer parte do seu círculo social. Esse fantástico momento inicial ajuda a construir expectativas irreais sobre os relacionamentos, e acaba sendo um cenário freneticamente procurado em momentos posteriores, quando o relacionamento já acumula muitos problemas.
O objetivo é atraí-lo até criar um forte vínculo emocional.
Com o passar do tempo nesses relacionamentos, sejam eles de amizade, colegas de trabalho, relacionamentos amorosos, relacionamentos familiares, começa o esgotamento emocional.
O constante push-pull emocional e até mesmo a manipulação podem impactar negativamente a saúde mental e o bem-estar de quem está nesse tipo de relacionamento. No entanto, a dinâmica é muitas vezes desequilibrada. O indivíduo narcisista buscará atenção, validação e controle constantes, ao mesmo tempo que demonstra pouca consideração pelo bem-estar emocional e pela autonomia do parceiro, o que muitas vezes pode deixar a vítima com baixa autoestima.
Conforme o relacionamento progride, o comportamento do narcisista pode incluir críticas, menosprezos ou até abusos emocionais. Entretanto, frequentemente há aquela expectativa idealizada sobre o início do relacionamento. Isto é, durante esses momentos de desvalorização há a esperança de retorno à situação anterior, de um relacionamento “perfeito”. Nesse contexto, muitas pessoas se sentem responsáveis pela mudança de comportamento do parceiro, iniciando um processo de intensa auto invalidação.
Entender esse processo pode ser um momento muito importante para um indivíduo nessa situação. Pode ser um divisor de águas enxergar a si mesmo a uma distância maior e se perceber nessa narrativa.
Mas há casos, que o ciclo geralmente não termina na desvalorização. Após um período, o narcisista poderá ou não retornar à fase de idealização, repetindo o padrão, prometendo melhorar, querendo mais da sua energia. Para evitar, é importante compreender as próprias emoções.
Como identificar os primeiros sinais de uma pessoa com personalidade narcisista?
Descobrir se você está em um relacionamento como esse, nem sempre é fácil, mas alguns sinais podem servir de alerta.
- Grandiosidade excessiva: falar muito de si e não querer saber muito sobre o outro;
- Preocupação exagerada com a imagem: falam sempre de si com total convicção de que são grandes pessoas e gostam de ser lisonjeados por isso, seja pela sua imagem e pelas coisas que conquistaram ou fazem no dia a dia;
- Sensação de serem poderosos e únicos: interrompem as conversas sempre, não escutam, pois, querem sempre demonstrar que são únicos e especiais;
- Inveja dos outros: têm inveja de quem está em posição superior, pois não aceitam estar em situação que pode achar inferior, o que resulta em falta de amor e remorso, podendo fazer qualquer coisa para alcançar o sucesso, até mesmo atrapalhar quem já alcançou;
- Exploração emocional para ganho pessoal: manipular as pessoas para utilizar suas ideias e habilidades com o único interesse de ser beneficiado para conseguir o que quer. Eles estarão controlando tudo e, uma vez alcançado o objetivo, irão descartar você;
- Arrogância constante: tudo o que dizem e fazem precisa ser aprovado sem questionamentos, e que a opinião dos outros não vale a pena, apenas a deles;
- Menosprezar situações e pessoas: são muitas palavras e menos atitudes, e às vezes pode colocar a culpa em você por sempre tentar parecer um bom ser humano.
Autoconhecimento para observar as ações do outro
Depois de reconhecer as ações de um relacionamento narcisista, você precisa, ao mesmo tempo, perceber como essas ações o fazem sentir. Mas para ter consciência disso, o processo de autoconhecimento é essencial. Isso envolve a percepção das próprias emoções e de outras pessoas, como uma mentalização e sua união com a confiança nas relações interpessoais.
O que fazer? Quando buscar ajuda?
Para um diagnóstico preciso é fundamental procurar um profissional de saúde mental bem treinado e disponível, como um psiquiatra ou um psicólogo. Esse processo envolve um processo diagnóstico, contextualizado à situação de vida do paciente. Nesta coluna, tratamos muito sobre situações interpessoais difíceis e que geram muitos sofrimento e deterioração de saúde mental. A percepção da situação em si é um primeiro passo, e ajuda profissional competente é uma etapa adicional fundamental para uma recuperação apropriada!
*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e supervisionado por um Profissional da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.