Muitas mulheres que vivem juntas já passaram pelo momento em que suas menstruações pareciam sincronizadas. “Ando tão tristonha e irritada…” “Nossa! Eu também!” Vão verificar em seus calendários e Voilà! Ambas estão de TPM, ambas vão menstruar na mesma data. A questão que fica é: será que por estarmos vivendo juntas, nossos ciclos sincronizaram? Ou foi apenas uma coincidência? 

Esses estudos se iniciaram com Martha McClintock, psicóloga, que escreveu o artigo Menstrual Synchrony and Suppression, em 1971. Nele, Martha estudou 135 mulheres que viviam em um dormitório universitário, concluindo que a interação social teria, sim, um efeito no ciclo menstrual. Entretanto, os métodos deste estudo foram considerados inconsistentes e falhos. 

Especialistas realizaram novos estudos quanto a esse fenômeno do mundo das mulheres, para descobrirem se seria algo biológico ou apenas coincidência matemática. 

Jeffrey Schank, professor de psicologia da Universidade da Califórnia, junto de Zhengwei Yang, diretor e professor na Faculdade de Medicina de Sichuan do Norte, estudaram esse fenômeno em duas etapas. Primeiramente analisaram os ciclos menstruais de 196 mulheres chinesas que viviam no mesmo dormitório durante um ano. Eles descobriram que esse grupo de mulheres não tiveram seus ciclos sincronizados. Na segunda etapa, eles analisaram novamente este grupo, reportando uma certa sincronia entre os ciclos. Contudo, essa sincronia era pelo acaso, e não por uma consequência biológica da convivência. 

Mais matemática que biologia, os ciclos entrariam em sincronia por conta da variabilidade do ciclo, que produz momentos de convergência seguidos por momentos de divergência. 

Leonard Weller, professor da Universidade Bar-Ilan em Israel, em uma série de estudos menores sobre ciclos menstruais sincronizados, junto de seu filho Aron Weller, concluiu que existe a possibilidade de entrar em sincronia algumas vezes, mas não é uma certeza. Os ciclos seguem entrando em sincronia por uma coincidência matemática. 

A explicação mais provável é que, por conviverem juntas, essas mulheres percebem quando estão em sincronia nos seus ciclos, raramente todas do mesmo grupo, mas algumas e em momentos distintos, comprovando a relação matemática desse acontecimento. Mulheres que não se conhecem ou apenas não convivem juntas, podem apresentar também uma sincronia em suas menstruações, por conta da probabilidade matemática. 

Os estudos concluíram que a dedução biológica, quanto aos feromônios, ou a relação mágica dessa sincronicidade, são mitos. A verdade é a probabilidade dessa sincronia que acontece por conta da individualidade dos ciclos, já que para algumas mulheres a fase menstrual dura 7 dias, para outras 5, inclusive o ciclo todo que pode variar entre 25 e 30 dias, ocasionando, variavelmente, momentos de convergência e divergência entre eles. 

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas

Yang, Z., Schank, J.C. Women do not synchronize their menstrual cycles. Hum Nat 17, 433–447 (2006). https://doi.org/10.1007/s12110-006-1005-z
McClintock, M. K. 1971 Menstrual Synchrony and Suppression. Nature 229:244–245.
Leonard Weller, Aron Weller, Human menstrual synchrony: A critical assessment,
Neuroscience & Biobehavioral Reviews, Volume 17, Issue 4, 1993, Pages 427-439,
https://doi.org/10.1016/S0149-7634(05)80118-6. (https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0149763405801186)