Falas como “Já era para ele estar falando” ou “A filha da minha prima tem 9 meses e já está andando.” Quem nunca ouviu essas comparações, não é mesmo? Acompanhar o desenvolvimento de um bebê envolve observar uma série de marcos que indicam seu progresso em áreas como movimento, fala e interação social. 

Cada nova habilidade —desde o primeiro sorriso até o balbuciar das primeiras palavras e os primeiros passos trêmulos —são sinais importantes do crescimento da criança. No entanto, quando uma criança demora mais para atingir esses marcos, é natural que os pais se preocupem e se perguntem se há algo errado.

Segundo o neurocirurgião André Ceballos, embora cada criança tenha seu próprio ritmo, é importante considerar os marcos de desenvolvimento

“Os marcos do desenvolvimento são guias que nos mostram o que a maioria das crianças consegue fazer em determinadas idades, como sentar sem apoio, engatinhar ou começar a formar frases simples. A forma como uma criança se movimenta e interage pode nos ajudar a identificar se há algo realmente preocupante,” explica o especialista.

 

Mas quando o atraso deve ser observado?

De acordo com o doutor, pequenas variações no desenvolvimento das crianças são normais e geralmente não são motivo de preocupação. No entanto, é importante prestar mais atenção se os atrasos persistirem após os 3 anos e se forem acompanhados de outras dificuldades, como nas habilidades motoras, na fala, na compreensão e na interação social.

Um sinal de alerta pode ser a dificuldade contínua com habilidades motoras, como engatinhar, andar ou coordenar movimentos. Se uma criança enfrenta problemas persistentes nessas áreas, isso pode indicar questões mais sérias.

Além disso, é essencial observar o desenvolvimento da linguagem. Atrasos na fala ou na compreensão podem sinalizar problemas de comunicação ou auditivos. Como a comunicação é fundamental para o desenvolvimento social e escolar, a falta de progresso nessa área deve levar à busca de uma avaliação especializada.

“Mas é importante que os pais não apenas verifiquem se a criança está andando ou falando na idade certa. É importante observar como ela está se desenvolvendo em outras áreas, como interação social e habilidades cognitivas e emocionais. Essa visão mais ampla e completa,  ajuda a identificar se há algo que realmente precisa de atenção,” explica Ceballos.

 

Diagnósticos precoces 

A intervenção rápida pode, em muitos casos, não só mitigar os efeitos desses atrasos, mas até revertê-los por completo, permitindo que a criança se desenvolva em paridade com as demais crianças. 

“Cada criança é única e precisa de uma abordagem que se encaixe nas suas necessidades. Quando identificamos atrasos cedo, podemos iniciar terapias específicas que ajudam a resolver os problemas. Por exemplo, se uma criança está com dificuldade para falar, a terapia da fala pode ajudar a melhorar essa habilidade. Da mesma forma, atrasos nos movimentos podem ser tratados com fisioterapia, que melhora a coordenação e a força muscular,” explica o Dr. Ceballos.

Além disso, detectar e tratar os problemas cedo também faz uma grande diferença na vida emocional e social da criança. “Receber ajuda desde cedo pode evitar problemas que afetam a autoestima e as habilidades de interação da criança. Isso ajuda a garantir que ela tenha um desenvolvimento mais equilibrado e saudável,” conclui o especialista.

Além do cuidado com os marcos do desenvolvimento precisamos pensar na saúde geral dessa criança, cuidando de uma boa alimentação. Para saber mais sobre esse tema, confira o texto da colunista Samantha Rhein.

 

Em colaboração: Dr. André Ceballos, médico neurocirurgião, atua como diretor técnico do Hospital São Francisco, referência em crianças com transtornos do desenvolvimento. O doutor se dedica a projetos de divulgação e conscientização sobre os marcos do desenvolvimento infantil, com o objetivo de influenciar políticas públicas que beneficiem especialmente as populações mais vulneráveis. 

 

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas