Em tempos de Jogos Olímpicos, principalmente esses de Paris que terminaram recentemente, onde a grande maioria das medalhas do Brasil veio das mulheres, vimos algumas delas competindo com lesões. Esse foi o caso de Pamela Rosa, que competiu nas eliminatórias do skate street feminino mesmo após sofrer entorse no tornozelo nos treinamentos 2 dias antes da competição. Ou como Valdileia Martins, que além de se classificar para a final do salto em altura, igualou o recorde brasileiro, que era de 1989 e, coincidentemente, também teve uma lesão de tornozelo.
Afinal, quais as lesões esportivas mais comuns em mulheres, e como fazer para preveni-las?
As lesões esportivas mais comuns em atletas femininas variam conforme o esporte, mas há um consenso na literatura médica sobre algumas das lesões mais frequentes.
Entorses de tornozelo
Pelos exemplos citados acima, podemos imaginar que os entorses de tornozelo estão entre as mais comuns. São mais frequentes em esportes com saltos e mudanças rápidas de direção como basquete, vôlei, futebol e atletismo. As lesões ocorrem principalmente nos ligamentos laterais do tornozelo.
Traumas na cabeça
Concussões cerebrais é o nome que usamos para os traumas na cabeça durante a prática esportiva. Mais comum em esportes de contato como futebol e basquete. Podem ser leves e não terem consequência alguma, ou podem ser mais graves, com perda da consciência, amnésia, alterações de humor e outras sequelas neurológicas.
Lesões no joelho
As lesões do ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho, assim como as lesões de menisco e cartilagens do joelho, que podem acontecer de formas semelhantes, são frequentemente observadas em esportes que envolvem torções e impactos no joelho, além é claro, das mudanças bruscas de direção, como futebol, basquete e judô.
Distensões musculares
Distensão de músculos como os isquiotibiais, que ficam na parte de trás da coxa, e do quadríceps, que são os músculos da parte da frente da coxa, são comuns em esportes que exigem sprints e movimentos explosivos, como futebol, atletismo, vôlei, basquete e outros.
As lesões mais comuns em mulheres
As lesões do ligamento cruzado anterior (LCA) e os entorses de tornozelo são mais comuns em mulheres devido a uma combinação de fatores anatômicos, biomecânicos, hormonais e neuromusculares. A combinação destes fatores faz com que as mulheres tenham menos rigidez nas articulações, além de uma ativação muscular diferente, que pode levar a um desequilíbrio das forças que incidem em determinada articulação. Um bom exemplo disso é a coxa, onde os músculos da parte anterior muitas vezes podem ser desproporcionalmente mais fortes que os da parte posterior.
Com exceção das concussões cerebrais, que são acidentes que dependem muito mais do acaso do que de algum preparo específico, existem algumas medidas que podem ajudar a prevenir as lesões citadas e outras.
Formas de prevenir lesões esportivas
Um programa de treinamento que inclua componentes de força, equilíbrio e agilidade, que são essenciais para melhorar o controle neuromuscular, irá reduzir o risco de lesões. Um estudo realizado com atletas jovens do sexo feminino demonstrou diminuição em 64% da incidência de lesões do ligamento cruzado anterior com programas de treinamento desse tipo.
Da mesma forma, programas de aquecimento bem estruturados se mostraram eficazes para diminuir a chance de lesão em determinadas modalidades, principalmente em esportes coletivos.
Adaptando o que sabemos ser benéfico para atletas em geral, um programa de treinamento com essas características também é capaz de reduzir o risco de lesões mesmo em atividades do dia-a-dia.
Nos Estados Unidos, as quedas são a principal causa de morte por lesões não intencionais entre adultos com 65 anos ou mais. Em 2021, 38.742 idosos morreram como resultado de quedas não intencionais. E sabemos que além do equilíbrio, a força muscular é importante não só para se manter em pé ou evitar uma queda, mas também para conseguir se levantar sozinho.
De qualquer forma, apesar das motivações e níveis serem muito diferentes, todos precisamos nos manter fisicamente ativos, seja para uma final olímpica ou simplesmente para brincarmos com nossos filhos e netos no chão, e conseguirmos levantar no final.
*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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