Preciso começar a minha história falando um pouco sobre mim e como é importante dar atenção ao nosso corpo, fazer nossos exames anualmente e levar uma vida saudável.

Bom, até 2013, quando resolvi mudar a minha alimentação, pois eu tinha péssimos hábitos alimentares, como ingerir comida processada e industrializada em quase todas as minhas refeições. Mas eu sempre fazia atividade física, sendo considerada uma pessoa “magra”, e não tinha problema com peso. Mas era aquela “magra” com muita massa de gordura. E foi pensando nessa mudança de hábitos que eu criei o @viversemtrigo, em 2013. Mal sabia o que eu estava para enfrentar.

No começo de 2014, comecei a me incomodar com um nódulo palpável na mama esquerda. Meus nódulos sempre foram palpáveis, e eu costumava fazer controle todos os anos, porque tenho muitos nódulos nas mamas, mas esse era diferente, eu tinha uma intuição não muito boa sobre ele. Eu fui fazer os exames, fiz ultrassom, mamografia e nada. Nada que chamasse a atenção, mas a pulga não saia detrás da orelha, e então, marquei uma biópsia por agulhamento. E o resultado também foi inconclusivo, mas o médico me disse: se tiver oportunidade, marque e retire esse nódulo se ele te incomoda tanto. E foi exatamente isso que eu fiz.

Liguei para um médico que achei no livrinho do convênio, não tinha qualquer referência, mas sabia que ele era cirurgião oncológico, e foi nele mesmo que eu fui.

Na consulta, relatei todo meu histórico, a minha intuição e preocupação com aquele nódulo, que era bem próximo da axila esquerda, e pedi para fazer uma nodulectomia, que é a remoção do nódulo. 

O momento da cirurgia 

Tudo pronto, cirurgia marcada, e o médico não sabia, nem eu, que ele iria fazer na realidade uma quadrantectomia, nem sei se esse é nome correto, mas foi isso que ele fez, pois ao abrir se deparou com um nódulo maligno. 

A partir daí foram dias de muita angústia para o resultado, porque eu já sabia que tinha câncer, afinal, ninguém tira um quadrante só para remover um nódulo, mas eu precisava saber que tipo de câncer eu tinha.

No dia do fatídico jogo Brasil x Alemanha, Copa do Mundo de 2014, eu recebi o telefonema da minha médica oncologista, e amiga da Família, Dra. Mariana Laloni, me contando que realmente eu havia retirado um nódulo maligno.

Fiquei sem chão, com muito medo, meus filhos tinham 7 anos na época e eu só pensava, não posso deixar de ver os meus filhos crescerem. Chorei muito com meu marido, claro que vem a preocupação de ficar careca, de fazer quimioterapia, de passar por um tratamento agressivo, mas meu maior medo era de não poder ver meus filhos crescerem.

Eu não sei dizer aqui qual era o câncer e a sua nomenclatura, porque isso nunca me interessou, eu só queria saber se tinha tratamento, se eu iria me curar, e foi nisso que eu foquei. Não fui olhar nada na internet, ler sobre, eu só me preocupei em preparar meu corpo para a batalha e, por uma “sorte” divina, eu já estava preparada, porque já tinha mudado meus hábitos alimentares, tinha me tornado uma mulher forte fisicamente, bem nutrida por causa do meus estilo de alimentação, e também estava muito forte psicologicamente, pois estava vivendo o melhor momento da minha vida pessoal e profissional, então não seria a doença que iria abalar aquilo. Meu foco estava na cura e em nada mais.

Eu fiz 16 sessões de quimioterapia, fiz o protocolo da série vermelha, que é a que faz cair o cabelo, e também fiz as brancas, e essas eram todas as semanas. Não vou dizer que foi fácil, longe disso, eu tomava as medicações na veia, não implantei o catéter, e era muito doloroso, além disso os sintomas de náuseas na série vermelha são bem fortes também, mas eu tentava estar sempre muito bem alimentada para controlar as náuseas. Usar gengibre e alimentos mais ácidos ajuda muito no controle das náuseas. 

Foram cinco meses fazendo as quimioterapias, e depois delas vieram as rádios, dessas eu fiz 33 sessões. Enganam-se quem pensa que as radioterapias são fáceis, as aplicações são toda semana, o corpo fica cansado e sem energia, esse foi o único período do tratamento que não consegui fazer exercício físico, porque me sentia sem energia. Respeitei esse período e ele passou. 

O alívio 

Eu quis passar aqui um breve relato sobre esse pedaço da minha história, pois eu tenho certeza absoluta que eu estou aqui hoje, nove anos após tudo isso, pra te dizer que meus hábitos alimentares foram o maior aliado no meu tratamento. Tirar o glúten, que hoje sabemos ser um alimento altamente inflamatório (na época isso não era falado), me fez não ter nenhuma intercorrência com as sessões de quimioterapias, não tive sequer um resfriado, e todos sabem que em tratamento de quimioterapia, os pacientes ficam vulneráveis, pegam infecções facilmente, por causa da baixa imunidade, e eu tinha uma vida relativamente normal. Não me privei do contato com pessoas, viajei todos os finais de semana para dar minhas aulas de culinária pelo País, fiz uma viagem internacional, onde andei de metrô lotado e sem máscaras, e nunca precisei desmarcar quimioterapia por estar com os exames alterados, pelo contrário, meus exames estava sempre normais. 

Lembram que eu falei que havia preparado meu corpo para aquele momento e não sabia? Hoje eu sei porque priorizo esse tipo de alimentação, que também melhorou a minha saúde em outros aspectos, mas o fato de eu ser uma sobrevivente ao câncer, com certeza, é a minha maior vitória.

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.