Como explicado na matéria anterior, a resposta sexual da mulher é um ciclo, ou seja, não tem “começo, meio e fim”. Esse ciclo tem como pilares o interesse pela atividade sexual, a excitação em resposta a quaisquer estímulos eróticos, pensamentos ou fantasias (muitas vezes, elaborados ao longo do dia), a receptividade às tentativas feitas pelo parceiro e o prazer propriamente dito durante a atividade sexual. 

Quando algum desses pilares falha, a estrutura cai, e a mulher pode sofrer com a famosa queda da libido, também chamada de desejo sexual hipoativo.

 

O que é o desejo sexual hipoativo?

É o nome técnico da falta de libido (ou transtorno do interesse sexual). Essa é a disfunção sexual mais prevalente nas mulheres, devido ao seu ciclo de resposta sexual. É importante ressaltar aqui que, para o terapeuta sexual bater o martelo no diagnóstico, a mulher precisa estar incomodada há, pelo menos, 6 meses, e essa falta de libido tem que atrapalhar a vida sexual do casal em 75-100% das vezes.

 

E qual sua relação com a libido?

O nome libido, remetendo ao desejo sexual, foi designado por Sigmund Freud, o pai da psicanálise, na tentativa de traduzir essa energia que motiva o ser humano ater as relações sexuais. 

Mas, na verdade, a libido não se relaciona apenas com a vontade de ter relações sexuais, mas sim, com a energia que depositamos aos objetos dos nossos desejos ao longo de toda vida. Ou seja, a libido tem tudo a ver com os pilares que mantêm uma estrutura pessoal e familiar em pé.

Principais falhas nos pilares da libido que acabam interferindo no desejo sexual

Relacionamentos

Fatores como conflitos conjugais, infidelidade, relacionamento abusivo e violência doméstica são alguns dos gatilhos para uma menor intimidade emocional e física entre o casal. Esses fatores podem gerar traumas os quais podem bloquear o desejo sexual dessa mulher e podem transformar o prazer da relação sexual em dor, tanto física quanto mental. 

Além disso, casais que sofrem com problemas de infertilidade perdem a erotização do sexo, tendo relações sexuais apenas com o objetivo de ter uma gestação, causando um verdadeiro bloqueio ao prazer. 

Patologias

Algumas doenças pontuais diminuem diretamente o desejo pelo prazer sexual. São elas: o hipotireoidismo, a hiperprolactinemia, a obesidade e a diabetes. Além disso, o diagnóstico de uma doença grave (como uma neoplasia, por exemplo) e/ou o tratamento para essa doença, podem afetar psicologicamente essa mulher, a impedindo de desejar ter prazer sexual naqueles momentos de dor e sofrimento.

Dor 

A dor na relação sexual é chamada de dispareunia e tem as mais diversas causas, tanto estruturais (como, por exemplo, endometriose) quanto psíquicas (a dor da lembrança de um estupro). A dor, assim como o desejo sexual, é cíclica, uma vez que, quando a mulher sente dor na relação sexual, ao invés de sentir prazer ela associa essa sensação de dor ao ato sexual, não tendo mais vontade de sentir aquilo novamente. 

Drogas

Tanto drogas lícitas (medicações) quanto ilícitas podem afetar negativamente o desejo sexual da mulher. De forma geral, medicações como antidepressivos, anti androgênicos e antipsicóticos tendem a causar um desejo sexual hipoativo. 

E quanto aos contraceptivos? Essa dúvida será respondida em outra matéria!

Climatério

Essa fase da vida da mulher tende a cursar com várias mudanças, uma vez que a alteração hormonal é gritante quando comparada ao período reprodutivo. A própria queda dos níveis de estrogênio justifica a perda do desejo sexual, porém, outros fatores também têm influência negativa como as sensações de calor, a perda urinária involuntária e a mudança no corpo. Tudo isso afeta, também, a autoestima.  

Para identificar e investigar todas essas possíveis causas, uma ampla conversa na consulta é extremamente necessária. Não estranhem se o(a) médico(a) questionar ativamente sobre a frequência das relações sexuais entre o casal, como está o relacionamento fora a parte íntima, se há prazer e orgasmo em todas as práticas, como está o desejo espontâneo de ter relações sexuais, se há prazer na masturbação, entre outros. 

Faz parte da anamnese entender cada um desses detalhes para promover uma conduta e um plano terapêutico de tratamento. 

Sobrecarga de trabalho 

As mulheres trabalham, em média, 7-8 horas a mais do que os homens, por conta da dupla jornada que inclui o trabalho remunerado e as tarefas de casa. Por isso, o tempo de intimidade do casal reduz, podendo causar desentendimentos e distanciamento emocional. 

Além disso, essa sobrecarga de trabalho pode levar a problemas de saúde como dores de cabeça, depressão, alterar níveis hormonais, causar distúrbios do sono, aumentar o estresse e a ansiedade, fatores que afetam diretamente a disposição e desejo para atividades sexuais

E você, encontrou algum pilar que pode estar fraco após ler essa matéria? Não deixe de acompanhar essa coluna para saber mais sobre sua sexualidade!

 

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.