Que o corpo da mulher é uma roda gigante, nós já sabemos. Uma hora hormônios a mil, com todas as alterações corporais, comportamentais e fisiológicas, e após alguns minutos tudo funciona às mil maravilhas. A nossa questão de hoje é conversar sobre quando estas oscilações resultam em muitas dificuldades no campo da fertilidade. Normalmente quando existe uma dificuldade em engravidar após 1 ano de tentativas, a condição de infertilidade deve ser levada em consideração.

Inúmeros são os fatores que favorecem esta condição: problemas hormonais, anatômicos (alterações no útero, ovários, e fator tubário), autoimunes, genéticas e infecciosas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a infertilidade é uma condição que afeta uma a cada seis pessoas no mundo e deste total, apenas cerca de 35% dos casos são associados ao sexo feminino. 

No entanto, embora seja essencial o acompanhamento médico, dentro da especialidade de maior comprometimento, é certo que a nutrição pode auxiliar muito mais e a garantir um organismo mais saudável e fértil. Além das medidas de estilo de vida como sono regular e de qualidade, e a prática regular de exercícios físicos, inúmeros estudos revelam que o Índice de Massa Corporal (IMC), quando classificado acima de 30 kg/m2 (obesidade), promove o dobro de chance para o desenvolvimento de distúrbios ovulatórios e problemas de fertilidade. Portanto, manter-se no peso adequado e com boa proporção de gordura corporal, são aspectos importantes quando o assunto é fertilidade. 

Além do adequado controle calórico, a qualidade das gorduras que estão presentes na dieta pode auxiliar, e muito, neste processo, já que se sabe que um quadro inflamatório pode, muitas vezes, acompanhar esta dificuldade em gestar. Desta forma, evitar cometer excessos relacionados ao consumo alimentar de fontes com predomínio de gordura saturada é positivo, logo, os embutidos e gorduras de origem animal em geral, devem ser evitados. Se este tipo de gordura prejudica o processo, o ômega 3 encontrado em pescados e mariscos gordos provenientes de água fria, como salmão, atum, arenque e sardinha, nozes, linhaça, chia, azeite de linhaça, soja e canola auxiliam bastante.

Nutrientes como folato e colina também se fazem necessários para garantir a saúde hormonal. São fontes alimentares de folato: vegetais verdes e folhosos, brotos, algumas frutas, leguminosas e sementes; já a colina pode ser encontrada em ovos (as gemas são a fonte alimentar mais concentrada de colina), leite, carne e fígado de frango, peixes e mariscos, também como atum, salmão, vieira e bacalhau. A soja, o brócolis e a manteiga de amendoim podem também ser consideradas boas fontes de colina.

Estes nutrientes são essenciais porque no caso do folato, por exemplo, ele é essencial para a síntese de DNA e de proteínas, enquanto a colina atua facilitando inúmeras reações metabólicas e está envolvida na formação de membranas celulares. Todos estes processos são importantes para a fecundação e crescimento do embrião, e posteriormente do bebê. 

As vitaminas E, C e D também são elementos essenciais, reforçando que a alimentação diversificada e rica em frutas cítricas e óleos vegetais devem ter prioridade quando o assunto é preparar o organismo para engravidar. Além de todos estes nutrientes, algumas especiarias podem auxiliar agregando sabor aos alimentos e garantindo a sua saúde reprodutiva pelas propriedades funcionais que desempenham. São eles: açafrão, gengibre e pimenta. 

As raízes, folhas e sementes são conhecidas por seus inúmeros benefícios à saúde e durante séculos vem sendo utilizadas para a prevenção e auxiliando no tratamento de doenças crônicas, bem como o estado inflamatório presente na infertilidade. 

O Açafrão ou cúrcuma longa tem como grande destaque o composto chamado curcumina, com atividade anti-inflamatória, antioxidantes e redução dos níveis de colesterol. 

Gengibre (Zingiber officinale), possui em seu rizoma óleos essenciais com propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antimicrobianas.  Além de seus benefícios para o ciclo reprodutivo feminino, esta planta possui eficácia comprovada nos distúrbios gastrointestinais (náuseas, indigestão, síndrome do cólon irritável ou na infecção por Helicobacter pylori). Suas propriedades anti-inflamatórias têm sido amplamente conhecidas inclusive em praticantes de atividade física regular (500 mg de gengibre em pó).

Pimenta possui o composto capsaicina, presente na pimenta malagueta, e com maior biodisponibilidade quando consumida com azeite ou óleos vegetais. Ela possui propriedades antioxidantes e anticancerígenas, além de atuar no metabolismo, aumentando a termogênese e contribuindo para a redução da gordura, especialmente da gordura visceral, condição extremamente benéfica quando pensamos em fertilidade. Outro ponto a favor deste componente é que aumentam a sensação de saciedade. 

Viu só? Lembre-se de que estas são algumas sugestões que podem ajudar a te preparar para um momento reprodutivo pleno e cheio de possibilidades; o ideal é que estas medidas sejam feitas em conjunto com um acompanhamento médico e bastante tranquilidade, já que o momento da gestação é especial e deve ser planejado com calma e carinho. 

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas

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