A infertilidade é um problema de saúde global que afeta 20 a 30% da população feminina em idade reprodutiva na sociedade moderna. E é importante relatar que uma infinidade de condições sistêmicas e ginecológicas podem afetar o sistema reprodutor feminino e potencialmente, levar à infertilidade, incluindo a Síndrome do Ovário Policístico (SOP), endometriose, falência ovariana prematura e doença inflamatória pélvica.
Ainda, fatores do estilo de vida, como nutrição desequilibrada e dieta pouco saudável, podem interferir nas funções reprodutivas fisiológicas das mulheres. Embora seja universalmente aceito que a nutrição e os fatores do estilo de vida, como dieta, exercícios e obesidade, afetam o desempenho reprodutivo, o cuidado nutricional pré-concepcional é frequentemente inadequado. Estudos recentes demonstraram que mulheres afetadas por infertilidade inexplicável podem ter desequilíbrios alimentares não diagnosticados que afetam negativamente a fertilidade.
Como indicam os estudos atuais, uma dieta baseada nas recomendações da dieta mediterrânea tem sido associada a mudanças favoráveis na resistência à insulina, distúrbios metabólicos e risco de obesidade, que são cruciais no contexto da fertilidade. Essa dieta é caracterizada por um alto consumo de vegetais, frutas, azeite, carboidratos não refinados, laticínios e aves com baixo teor de gordura, peixes oleosos, com baixo consumo de carne vermelha e açúcares simples.
Além do tipo da dieta, alguns nutrientes isolados podem ser interessantes e esse é o caso da vitamina D, que provavelmente participa da modulação das funções reprodutivas femininas. Estudos demonstraram que a vitamina D tem ação em vários órgãos reprodutivos, como ovários, endométrio e placenta. Além disso, a vitamina D afeta vários processos endócrinos e já foi demonstrado que existem reduções significativas na sua concentração entre mulheres com SOP. É vital observar que ela possui propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras, e sua deficiência pode estar associada à endometriose, que também é uma das causas de infertilidade. Assim, é importante manter os níveis plasmáticos de vitamina D acima de 30 ng/ml e para tal, pode ser necessária a suplementação de vitamina D.
Outra recomendação importante é ter cautela com o alto consumo de cafeína, que pode constituir um fator potencial associado à redução da fertilidade e um aumento do risco de aborto. Além disso, foi observada uma associação entre o excesso no consumo de cafeína durante a gravidez, com leucemia aguda na infância, atraso no crescimento fetal e os efeitos negativos sobre o peso do bebê ao nascer, bem como sobrepeso e obesidade. De acordo com o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia, para mulheres grávidas e mulheres que tentam engravidar, recomenda-se até 200 mg de cafeína por dia. Isso equivale a 1 ou 2 xícaras de café expresso (os valores dependem da concentração de cafeína em cada marca, tipo de grão e forma de preparo do café). Simultaneamente, vale a pena notar que a fonte de cafeína não é apenas o café, mas também chá, refrigerantes, chimarrão e até mesmo o cacau.
Além do café, há evidências sugerindo que o consumo de álcool, especialmente o consumo excessivo e crônico de álcool, tem sido associado à redução da fertilidade e a um maior risco de desenvolver distúrbios menstruais. Uma hipótese sugerida para a influência negativa da ingestão de álcool na fertilidade feminina inclui a alteração das concentrações hormonais, impactando diretamente na maturação do óvulo e ovulação, assim como prejuízo na implantação do óvulo. Também é crucial enfatizar que o consumo de álcool durante a gravidez pode resultar em efeitos adversos no desenvolvimento do bebê.
Portanto, quando existe dificuldade em engravidar, é fundamental ajustar a alimentação e suplementação. E ainda, é importante manter esse ajuste ao longo da gestação, para que assim, exista mais saúde e qualidade de vida para a mãe e bebê.
*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
Veja Também
Mulheres têm mais probabilidade de desenvolver doenças gastrointestinais
Os mitos e verdades que cercam o uso de óleos na culinária
Entenda os produtos que contêm cafeína e como consumi-los corretamente
Dieta plant-based: por que tantas pessoas estão seguindo esse estilo de vida?
Os ovos são os mocinhos ou os vilões da dieta?