Dando continuidade ao texto anterior, trago mais hormônios que podem afetar o seu processo de emagrecimento. Mas, antes de iniciar, vamos retomar o conceito de hormônio.
Os hormônios são os mensageiros químicos do nosso corpo, enviando sinais para a corrente sanguínea e tecidos. Eles afetam muitos processos diferentes, incluindo crescimento e desenvolvimento, metabolismo, função sexual, reprodução e humor. Quando as glândulas não produzem a quantidade certa de hormônios, surgem doenças que podem afetar muitos aspectos da sua vida. Além disso, existem fatores que afetam os órgãos endócrinos, incluindo a puberdade, o envelhecimento, a gravidez, o meio ambiente, a genética, certas doenças e medicamentos.¹,²
Temos que ter em mente que os hormônios são vitais para sua saúde e bem-estar, sendo que a estabilidade hormonal pode ser um ato de equilíbrio delicado, e é por isso que você precisa consultar um médico quando tiver qualquer sinal que comprometa sua saúde e qualidade de vida.
Já escrevi aqui na coluna sobre a insulina, a leptina, a grelina e o cortisol. Agora vamos aos próximos.
Estrogênio
O estrogênio é um hormônio sexual responsável por regular o sistema reprodutivo feminino, bem como os sistemas imunológico, esquelético e vascular. Os níveis desse hormônio mudam durante as fases da vida, como gravidez, amamentação, menopausa e ao longo do ciclo menstrual.³
A ciência mostra que altos níveis de estrogênio, frequentemente observados em pessoas com obesidade, estão associados a um risco aumentado de certos tipos de cânceres e outras doenças crônicas. Por outro lado, níveis baixos –normalmente observados com envelhecimento, perimenopausa e menopausa – podem afetar o peso corporal e a gordura corporal, aumentando, portanto, o risco de doenças crônicas.4,5
Outro ponto importante é que indivíduos com baixos níveis de estrogênio geralmente apresentam obesidade central, que é um acúmulo de gordura abdominal e nos órgãos vitais, podendo levar a outros problemas de saúde, como aumento da glicemia (açúcar no sangue), elevação da pressão arterial e desenvolvimento de doenças cardíacas.
Por meio de mudanças simples, como a redução da composição corporal de gordura, conseguimos reduzir o risco de muitas condições de saúde.
Algumas dicas que podem te ajudar:
- Mantenha o peso saudável. A redução ou a manutenção do peso pode reduzir o risco de doenças cardíacas devido aos baixos níveis de estrogênio em mulheres de 55 a 75 anos, além disso reduz o risco de doenças crônicas em geral.6,7
- Pratique exercícios físicos. Quando estamos com níveis baixos de estrogênio, podemos ter um sentimento de fadiga, redução de força e com consequente redução de desempenho. No entanto, exercício regular deve ser realizado, pois é importante para auxiliar no controle do peso –reduzindo a possibilidade de desenvolver comorbidades por conta do excesso de gordura corporal.
- Invista em uma alimentação saudável. A ingestão de alimentos processados e ultraprocessados, pode alterar os níveis de estrogênios, contribuindo ainda mais para o risco de doenças crônicas. Por isso, evite açúcar refinado e de adição, alimentos industrializados e preste atenção naqueles rótulos com uma lista gigante de ingredientes e cheio de nomes difíceis.
Neuropeptídeo Y
Já abordei aqui, recentemente, sobre um novo estudo9 que traz a relação do neuropeptídeo Y (NPY) com o aumento do apetite.
O neuropeptídeo Y é um dos neuropeptídeos mais amplamente distribuídos no cérebro e desempenha um papel importante em várias funções fisiológicas, como o efeito orexígeno (estimulante do apetite) e suas ações na regulação neuroendócrina, especialmente na regulação da secreção de hormônios da hipófise anterior.8
Nosso cérebro tem mecanismos complexos que detectam quanto de energia está armazenada em nosso corpo e ajustam nosso apetite de forma proporcional. Uma maneira de realizar esse ajuste é por meio da molécula NPY, que o cérebro produz naturalmente em resposta ao estresse –como, por exemplo, a sensação de fome para estimular a alimentação.
Um estudo publicado na Cell Metabolism (2023)9 mostrou que o NPY é capaz de aumentar o apetite quando há um excesso prolongado de energia no corpo, como o acúmulo excessivo de gordura na obesidade. Ele é ativado no tecido adiposo e pode aumentar o armazenamento de gordura e levar à obesidade visceral e à síndrome metabólica, uma condição que pode aumentar o risco de doenças crônicas. Outra pesquisa10 mostrou que os mecanismos do NPY que levam à obesidade também podem causar uma resposta inflamatória, piorando ainda mais as condições de saúde.
Algumas dicas que podem te ajudar:
- Pratique exercícios físicos e tenha uma alimentação saudável. Um estudo mostrou que pacientes com obesidade, com uma média de 100 kg, expostos à intervenção interdisciplinar para o emagrecimento, com a prática de exercícios que melhorem a quantidade de massa magra, alimentação saudável (in natura) e apoio psicológico para melhora de comportamento; com a perda de, aproximadamente, 10 quilos, ou seja, 10% do seu peso inicial, podem retornar a sua concentração normal de NPY.8
Peptídeo-1 semelhante ao glucagon
O peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) é um hormônio produzido no intestino, sendo liberado no ingresso dos nutrientes no órgão. Ele desempenha um papel importante em manter os níveis de açúcar no sangue (glicemia) e fazer com que você se sinta saciado.11 Uma pesquisa mostrou que pessoas com obesidade podem ter problemas na sinalização do GLP-1.12
Algumas dicas que podem te ajudar:
- Ingira fontes de proteínas. Alimentos ricos em proteínas, como proteína de soro de leite, podem aumentar os níveis de GLP-1.13,14
- Incorpore a sua rotina, com auxílio de um profissional, a ingestão de probióticos. Uma pesquisa15 mostrou que os probióticos podem aumentar os níveis de GLP-1, embora sejam necessárias mais pesquisas –mas o que vale é que os probióticos trazem diversos benefícios à saúde, por isso, busque orientação de um profissional para administração.
Colecistocinina
Como o GLP-1,a colecistocinina (CCK) é um hormônio responsável pela saciedade, sendo produzido por células do seu intestino após uma refeição. É superimportante para a produção de energia, síntese de proteínas, digestão e outras funções corporais, além de aumentar a liberação de leptina –hormônio que também é responsável pela saciedade.16
Pessoas com obesidade podem ter uma sensibilidade reduzida aos efeitos do CCK, o que pode levar a um excesso de consumo alimentar, o que reduz ainda mais a sensibilidade CCK, criando um loop de feedback negativo.17
Algumas dicas que podem te ajudar:
- Ingira fontes de proteínas. Especialistas sugerem que uma dieta rica em proteínas pode ajudar a aumentar os níveis de CCK e, consequentemente, a saciedade.
- Pratique exercícios físicos. Algumas evidências apoiam exercícios regulares para aumentar os níveis de CCK.18
Peptídeo YY (PYY)
O peptídeo YY (PYY) é também hormônio intestinal que diminui o apetite. Os níveis de PYY podem ser mais baixos em pessoas com obesidade, podendo levar a um maior apetite. Alguns estudos sugerem que níveis suficientes podem desempenhar um papel importante na redução da ingestão de alimentos e na diminuição do risco de obesidade.8
Algumas dicas que podem te ajudar:
- Invista em uma alimentação saudável. A ingestão de proteínas pode auxiliar na saciedade e em níveis saudáveis de PYY. Um estudo com dieta Paleo mostrou que uma alimentação rica em frutas e verduras é capaz de regular os níveis de PYY, mas é necessário mais pesquisas.19
- Pratique exercícios físicos. Um estudo apontou que praticar exercícios pode melhorar o nível de PYY, mesmo havendo necessidade de mais estudos sobre o tema, sabemos dos inúmeros efeitos positivos do exercício à saúde.20
A regra é básica e sem segredo. Todos os hormônios descritos melhoram com o controle de gordura corporal, ingestão de uma alimentação saudável, prática frequente de exercícios físicos e melhora na qualidade de sono. Basta querer se mudar, porque qualquer melhora na qualidade de vida, começa pelas suas atitudes!
*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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