Com uma certa frequência, chegam no meu consultório, pacientes com receio de consumir frutas, alegando que elevam a glicemia, aumentam o peso corporal e a chances de esteatose hepática. Alguns desses pacientes escolhem as frutas pelo teor de carboidratos ou índice glicêmico, deixando de comer banana e manga, para comer apenas morango e kiwi. 

 As frutas apresentam carboidratos na sua composição e elevam a glicemia logo após o seu consumo, mas vale observar que isso é o esperado, assim como ocorre em qualquer alimento que apresente carboidrato. Essa elevação depende da quantidade de carboidratos presentes na fruta e quanto foi consumida, não sendo igual para qualquer alimento que contenha carboidrato na sua composição. Portanto, é muito superficial focar apenas nessa questão, pois as frutas são ricas em fibras que contribuem para o controle glicêmico, saciedade e função intestinal. 

 

Benefícios das frutas

Existem pelo menos nove famílias diferentes de frutas e cada uma com diversos compostos bioativos diferentes que são benéficos para a saúde. Um estudo acompanhou 469.551 participantes e descobriu que uma maior ingestão de frutas e vegetais está associada a um risco reduzido de morte por doença cardiovascular

Outro estudo com mais de 110.000 homens e mulheres, cujos hábitos alimentares e de saúde foram seguidos durante 14 anos, identificou que quanto maior a ingestão média diária de frutas e vegetais, menores são as chances de desenvolver doenças cardiovasculares. Aqueles que consumiam em média 8 ou mais porções por dia tinham 30% menos probabilidade de ter um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral.  

O estudo Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH) examinou o efeito sobre a pressão arterial em uma dieta rica em frutas, vegetais e laticínios com baixo teor de gordura, que restringia a quantidade de gordura saturada e total. Os pesquisadores descobriram que as pessoas com pressão alta reduziram a pressão arterial sistólica e diastólica de modo expressivo. 

Um estudo bem renomado, conhecido como Nurses’ Health Study II, que acompanhou 90.476 mulheres durante 22 anos, descobriu que aquelas que comeram mais frutas durante a adolescência (cerca de 3 porções por dia), em comparação com aquelas que apresentaram ingestões mais baixas (0,5 porções por dia), tinham um risco 25% menor de desenvolver câncer de mama. Ocorreu uma redução significativa no câncer de mama em mulheres que consumiram maior consumo de maçãs, bananas, uvas e milho durante a adolescência.  

Algumas pesquisas analisam especificamente se as frutas individuais estão associadas ao menor risco de diabetes tipo 2. Embora ainda não haja muitas pesquisas nesta área, os resultados preliminares são convincentes. Um estudo com mais de 66.000 mulheres no Nurses’ Health Study, 85.104 mulheres e 36.173 homens no Health Professionals Follow-up Study, descobriu que um maior consumo de frutas, especialmente mirtilos, uvas e maçãs, foi associado a um menor risco de diabetes tipo 2. Um outro estudo realizado com mais de 2.300 homens finlandeses mostrou que vegetais e frutas, especialmente frutas vermelhas, podem reduzir o risco de diabetes tipo 2.  

Em relação ao peso corporal, já foi demonstrado que a maior ingestão de frutas está associada a maior probabilidade de perder peso. No entanto, tenha em mente que adicionar mais produtos à dieta não ajudará necessariamente na perda de peso, a menos que substitua outro alimento, como carboidratos refinados e biscoitos por frutas. Outro ponto positivo das frutas é o conteúdo de fibras que além de promover saciedade, também auxilia na saúde intestinal. Isso pode desencadear evacuações regulares, aliviando e prevenindo a constipação. Assim, o consumo de frutas é bem-vindo e deve ser ajustado para cada indivíduo a fim de proporcionar os resultados desejáveis. 

 

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

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