Nos últimos anos, temos observado um fenômeno marcante: as meninas estão menstruando cada vez mais cedo. Este fenômeno, conhecido como “puberdade precoce”, levanta preocupações significativas tanto para a saúde física quanto mental dessas jovens. Diversos fatores têm sido investigados para entender essa mudança, que inclui fatores genéticos, ambientais e nutricionais. Vamos discutir cada um desses aspectos em detalhes para compreender melhor essa tendência crescente e reduzir a chance desse problema tão frequente.
Estudos atuais têm mostrado dados importantes como:
- A idade média da menarca (primeira menstruação) diminuiu de 12,5 anos (1950 a 1969) para 11,9 anos (2000-2005).
- A prevalência da menarca precoce (menos de 11 anos) aumentou de 8,6% para 15,5% e a de muito precoce (menos de 9 anos) de 0,6% para 1,4%.
- A prevalência de menarca tardia (≥16 anos) diminuiu de 5,5% para 1,7%.
Fatores que levam a puberdade precoce
A partir disso, quero trazer para vocês as principais causas desse problema para então entendermos as melhores condutas sobre a origem. Vamos dividir em fatores genéticos, ambientais, nutricionais, psicossociais e suas consequências específicas. Dessa forma, ao final desse texto, você terá a base das principais condutas a serem tomadas com foco na prevenção.
Fatores genéticos
A genética desempenha um papel fundamental no início da menstruação. Estudos mostram que a idade da menarca (primeira menstruação) tende a ser semelhante entre mães e filhas. No entanto, a genética sozinha não explica a redução observada na idade da menarca ao longo das últimas décadas. Enquanto fatores hereditários definem um certo padrão, são os fatores ambientais que parecem precipitar o início da puberdade.
Fatores ambientais
Os fatores ambientais, incluindo exposição a disruptores endócrinos, têm sido fortemente implicados na puberdade precoce. Disruptores endócrinos são substâncias que interferem no sistema hormonal. Eles estão presentes em muitos produtos de uso diário como: plásticos, cosméticos, produtos de limpeza e até mesmo na água e nos alimentos. Alguns dos mais comuns incluem bisfenol A (BPA), ftalatos e pesticidas. A exposição a essas substâncias pode alterar o equilíbrio hormonal do corpo durante o desenvolvimento, levando ao início mais cedo da puberdade.
Fatores nutricionais
A nutrição tem um impacto significativo na puberdade, talvez o fator com maior peso dentre todos os citados aqui. A presença em excesso de alimentos ricos em glicose como farinhas refinadas, açúcar, conservantes e corantes na alimentação das crianças tem contribuído para um aumento de problemas como o sobrepeso e a obesidade.
A obesidade infantil, em particular, tem uma forte correlação com a puberdade precoce. O excesso de gordura anormal no corpo provoca um desequilíbrio hormonal e adianta o início da puberdade. Com o aumento das taxas de obesidade infantil não é surpreendente que a idade da menarca esteja diminuindo progressivamente no mundo.
Estresse e fatores psicossociais
O estresse psicológico é outro fator que contribui para a puberdade precoce. Estudos sugerem que o estresse crônico, incluindo tensões familiares e sociais, alteram os níveis hormonais e levam a um início mais cedo da menstruação.
Esse estresse crônico desequilibra o ciclo do cortisol, o que torna o metabolismo da glicose dessa criança menos efetivo. Com uma pior resposta à glicose, a tendência é o ganho de peso às custas de gordura inflamatória. Lembrando que essa gordura é um dos principais fatores de desequilíbrio hormonal, dessa forma o ciclo do estresse sustentado aumenta muito a chance de problemas como a menarca precoce. Essa exposição ao estresse é particularmente relevante em grandes cidades, onde as crianças normalmente enfrentam mais pressão e estresse do que em cidades menores.
O impacto da puberdade precoce na saúde
A puberdade precoce tem implicações significativas para a saúde física e mental das meninas. Fisicamente, está associada a um risco aumentado de várias condições de saúde a longo prazo, incluindo câncer de mama e doenças cardiovasculares. Mentalmente, as meninas que menstruam mais cedo enfrentam ainda desafios psicológicos marcantes como baixa autoestima, depressão e ansiedade.
Intervenções e medidas preventivas
Dada a complexidade dos fatores envolvidos, as intervenções para retardar a puberdade precoce precisam ser multifatoriais. Reduzir a exposição a disruptores endócrinos é uma medida preventiva importante. Isso pode ser feito promovendo o uso de produtos sem substâncias químicas como o BPA.
A promoção de hábitos alimentares saudáveis e a prevenção da obesidade infantil também são fundamentais. Programas educacionais que incentivam a nutrição mais focada em comida de verdade (com menor exposição a farinhas refinadas e açúcar) e a atividade física regular ajudam a manter um peso saudável nas crianças. Dessa forma, um processo que busca a solução da causa do problema começa acontecer de fato.
Além disso, fornecer apoio psicológico e reduzir o estresse nas crianças contribui para retardar a puberdade precoce. Programas de apoio familiar e escolar promovem um ambiente saudável que levam a um bom manejo do estresse são essenciais.
A tendência de meninas menstruarem cada vez mais cedo é um fenômeno multifatorial influenciado por fatores genéticos, ambientais, nutricionais e socioeconômicos. A puberdade precoce traz consigo uma série de desafios para a saúde física e mental dessas jovens. Compreender os fatores subjacentes a essa tendência é importante para desenvolver estratégias de intervenção eficazes. Medidas preventivas que incluem a redução da exposição a disruptores endócrinos, a promoção de hábitos alimentares saudáveis e a criação de um ambiente psicológico positivo ajudam muito.
A colaboração entre pais, educadores, profissionais de saúde é essencial para abordar essa questão de maneira abrangente e proteger a saúde e o bem-estar das futuras gerações.
Use cada passo desse conhecimento a seu favor e compartilhe para ajudar mais pessoas que podem precisar desses conceitos.
Até a próxima!
Dr Takassi
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