Muitos de nós já levamos uma “serpenteada” e tentamos nos aventurar em dietas da moda. Entretanto, precisamos estar sempre atentos para não prejudicar nossa saúde e não sermos “mais uma cobaia”.

Existem muitas dietas e protocolos de exercícios que fazem sucesso na internet e não têm comprovação científica. Quem nunca leu chamadas com as seguintes frases: “Emagreça 10 kg em 1 semana”. Mas essas promessas nem sempre vêm acompanhadas de soluções. 

Por esse e outros motivos, é importante ficar atento, tomar cuidado com as informações, e não testar treinos ou dietas antes de ter certeza que a informação é prudente.

Temos que entender que, naturalmente, com a busca de mudanças de estilo de vida em prol da saúde, o interesse global em fazer dietas aumentou, e muitas pessoas ficam obcecadas com certas dietas da moda, assumindo-as como uma bala mágica para seus problemas de longo prazo. 

 

Dietas da moda: soluções “rápidas” sem embasamento científico? Como assim?

Um estudo de 2022 publicado na Frontiers in Nutrition intitulado em “Fad Diets: Facts and Fiction”, pontuou que uma dieta de moda é um padrão alimentar popular conhecido por ser uma solução rápida para a perda de peso. Essas dietas são bastante atraentes devido às alegações propostas, mas a falta de evidências científicas é um grande ponto de interrogação. 

Tais dietas são frequentemente comercializadas com alegações específicas que desafiam os princípios básicos de bioquímica e adequação nutricional. Existem evidências limitadas para apoiar as alegações propostas; em vez disso, certos estudos sugerem as consequências negativas para a saúde da adesão a longo prazo a tais padrões alimentares. 

Uma pesquisa de 2021 publicada pela Revista de Nutrição Esportiva, pontuou algumas dietas que podem desencadear riscos à saúde, quando não orientadas por um profissional de Nutrição e planejadas respeitando a individualidade. Dentre elas estavam: jejum intermitente; dietas com restrição de carboidratos; dieta do Dr. Atkins; dieta do tipo sanguíneo; dieta detox; dieta da lua; dieta da sopa; dieta cetogênica.

Os pesquisadores observaram que apesar da maioria dos participantes relatarem terem bons resultados com essas dietas da moda, o peso perdido com a dieta não foi sustentado por muito tempo; e a associação do resultado da classificação do IMC dos indivíduos que realizaram dietas da moda, entre os que não realizaram, o percentual de obesidade foi maior entre aqueles que realizaram dietas da moda. 

Na associação da circunferência de cintura/quadril entre os participantes que realizam dietas da moda e os que não realizam. Além disso, os  participantes que não realizaram dietas da moda apresentaram menor risco para doenças cardiovasculares (DCVs). Os sintomas mais frequentes apresentados pelos indivíduos que realizam dietas da moda, foram irritabilidade, dores de cabeça seguidas de tontura.

Esses dados estão mais no dia a dia do que pensamos. Uma vez estava no meu grupo de pesquisa com 100 mulheres que tinham obesidade. Perguntei: “Quem aqui já fez dieta da moda?” Não era de se surpreender, todas levantaram a mão. Perguntei para uma delas: “Funcionou? Quantos quilos perdeu?” A voluntária respondeu: “Sim, funcionou! Perdi 15 quilos.” E eu questionei: “E quantos você ganhou quando parou?” Ela: “35 quilos”. Rebati: “Funcionou?” E ela balançou a cabeça falando que não. Além de não funcionar, essas dietas são feitas por um período e não muda sua forma de pensar.

O pior de tudo é que você cai no efeito sanfona e engorda tudo de novo, ganhando 20% de novas células de gordura que não existiam, gerando, cada vez mais, uma cascata de inflamação no seu corpo e redução da sua resposta imunológica; podendo desencadear diabetes tipo 2, doenças no coração, hipertensão, alterações no colesterol e até alguns tipos de câncer.

Dietas  da  moda, altamente  restritivas, levam  a  uma grande redução de peso em um curto espaço  de  tempo,  entretanto o indivíduo não consegue manter esse peso por um longo tempo,  independentemente  do  tipo  da  dieta hipocalórica seguida, nenhuma é eficiente para perda sustentada de peso a longo prazo. Sendo que 80%  dos pacientes recuperam o peso perdido após  um  mês  de dieta e a taxa de abandono do tratamento é de aproximadamente 50%, uma vez que somente 1% dos pacientes mantém a perda ponderal ao final de um ano.

Em resumo, de acordo com a Cleveland Clinic, as dietas da moda são planos alimentares frequentemente promovidos com a abordagem de perder peso de forma “mais rápida”. Sempre são estratégias recém-descobertas que fazem algum milagre e uma famosa já fez. Essas dietas geralmente envolvem a eliminação de certos alimentos, a proibição de grupos inteiros de alimentos ou a superestimação dos benefícios de um determinado alimento. 

 

Abaixo, algumas dicas que podem te ajudar e evitar que se torne uma cobaia de dietas não comprovadas:

  • Para checar se uma dieta é ou não da moda, observe se ela não é um “boom”, se o plano alimentar não apareceu na mídia de um dia para o outro. Pesquise se é ou não eficaz, se há estudos por um longo período de tempo e se o efeito é duradouro, pois essas dietas costumam ter resultados imediatos, porém com duração curta.
  • A maioria das dietas com restrição não possuem comprovação científica em longo prazo, são controversas e têm muitas discussões. Quando há discussões, não tente. Pelo sim e pelo não, melhor pecar pela certeza, que é o seu bem-estar, em vez de cair na armadilha de ser um cobaia humano.
  • Preste atenção se a dieta promove algum alimento ou grupo alimentar específico em detrimento a outros; o mesmo com a restrição de alimentos ou grupos alimentares ou eliminação de fontes importantes de nutrição.
  • Fique atento com dietas que imponham que você deve comprar alimentos ou suplementos para ter sucesso na dieta.
  • Sugestões de um horário alimentar rígido que permita apenas certos alimentos em determinados horários do dia ou que permita apenas certos alimentos em combinação com outros, devem também ter atenção.

 

Algumas pistas escondidas:

  • Recomendações que prometem uma solução rápida.
  • Afirmações que parecem boas demais para ser verdade.
  • Conclusões simplistas tiradas de um estudo complexo.
  • Recomendações baseadas em um único estudo.
  • Declarações dramáticas que são refutadas por organizações científicas respeitáveis.
  • Recomendações baseadas em estudos publicados sem revisão por pares.
  • Recomendações de estudos que ignoram diferenças entre indivíduos ou grupos.
  • Eliminação de um ou mais dos cinco grupos alimentares (frutas, vegetais, grãos, alimentos proteicos ou laticínios).

Antes de fazer uma dieta, fale com seu nutricionista. Ele saberá se ela é adequada para o seu organismo e se fará bem à sua saúde! 

 

 

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas

Rosa, R. P. da, Soder, T. F., & Benetti, F. (2021). Associação entre estado nutricional e adesão a dietas da moda de frequentadores de academias de ginástica. RBNE – Revista Brasileira De Nutrição Esportiva, 15(90), 49-60. Recuperado de https://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/1809
Farias, S.J.S.S.; Fortes, R. C.; Fazzio, D.M.G. Análise da composição nutricional de dietas da moda  divulgadas  por  revistas  não  científicas. Revista  Nutrire.Vol.  8.  Num.  1.  2014.p.  196 – 202.
Tahreem A, Rakha A, Rabail R, Nazir A, Socol CT, Maerescu CM, Aadil RM. Fad Diets: Facts and Fiction. Front Nutr. 2022 Jul 5;9:960922. doi: 10.3389/fnut.2022.960922. PMID: 35866077; PMCID: PMC9294402.
Cleveland Clinic. 11 Ways To Spot a Fad Diet. Disponível em: https://health.clevelandclinic.org/fad-diets