A obesidade é uma patologia crônica e multifatorial, ou seja, diversos fatores podem ser responsáveis pelo seu desenvolvimento e agravamento. De acordo com um artigo publicado na Obesity, a frutose pode afetar o organismo e contribuir para a obesidade, já que desencadeia o desejo de ingerir alimentos mais gordurosos e em quantidades maiores.
Algumas das principais hipóteses para o desenvolvimento da obesidade incluem a hipótese do balanço energético, o modelo carboidrato-insulina, a hipótese da alavancagem de proteínas e a hipótese do óleo de semente. Cada hipótese tem o seu próprio apoio, criando controvérsias sobre os seus respectivos papéis na condução da obesidade.
A frutose é única na redefinição dos níveis de ATP (energia) para um nível mais baixo na célula, como consequência da supressão da função mitocondrial (celular), ao mesmo tempo que bloqueia a substituição de ATP da gordura. Mas o que isso significa? Que os baixos níveis intracelulares de ATP resultam em fome dependente de carboidratos, saciedade prejudicada (resistência à leptina) e efeitos metabólicos que resultam no aumento da ingestão de gorduras densas em energia.
O estudo sugere que a decisão de emagrecer pode não se resumir a uma escolha entre abandonar carboidratos ou gorduras, mas sim em uma redução responsável e orientada de ambos. Entretanto, ter quantidades significativas de carboidrato rico em frutose em sua dieta não tornará isso tão fácil.
Embora praticamente todas as hipóteses reconheçam a importância de reduzir alimentos ultraprocessados, ainda não está claro se o foco deve ser na redução da ingestão de açúcar, ou carboidratos de alto índice glicêmico, ou gorduras, ou gorduras poliinsaturadas ou simplesmente aumentar a ingestão de proteínas.
Os pesquisadores revisaram as várias hipóteses dietéticas para a obesidade. Propuseram que todas as várias hipóteses estão amplamente corretas e que, embora aparentemente pareçam incompatíveis, todas podem ser unificadas com base em outra hipótese conhecida como hipótese de sobrevivência da frutose.
Mas de que frutose estou falando?
A frutose é um tipo de açúcar que pode ser encontrado naturalmente nas frutas, sendo equilibrado pelas vitaminas e fibras contidas. É um monossacarídeo presente nas frutas, nos vegetais, nas leguminosas e no mel. O seu consumo diário de frutas é essencial e a frutose presente nas frutas não causa mal à saúde, porque esses alimentos contém pouca frutose, são ricos em vitaminas, nutrientes e fibras –que diminuem a absorção de açúcar pelo organismo.
A frutose também pode ser produzida na forma de sacarose, sorbitol, xarope de milho, xarope de frutose e, em grandes quantidades, as concentrações desse açúcar específico podem rapidamente acumular-se na nossa dieta, muitas vezes sem que percebamos. Dessa forma, a frutose artificial pode contribuir ao aumento de ácido úrico, diabetes e obesidade.
Os cientistas do estudo analisaram todos os contribuintes conhecidos para a obesidade e descobriram que o metabolismo da frutose no corpo causa uma queda em um composto chamado trifosfato de adenosina (ATP), que fornece energia para os processos celulares do corpo.
Quando o ATP cai para um nível suficientemente baixo, é um sinal para o seu corpo de que você precisa de mais combustível. Isso deixa você com fome, então você come.
A frutose faz com que nosso metabolismo entre em modo de baixo consumo de energia e perca o controle do apetite, e assim, os alimentos gordurosos se tornam a principal fonte de calorias que impulsionam o ganho de peso.
Este modo de baixo consumo de energia é ativado mesmo se houver reservas de combustível disponíveis. Mesmo quando há bastante energia disponível na forma de gordura armazenada, a frutose impede que o corpo aproveite qualquer parte desse armazenamento.
Em alguns contextos, isso é uma coisa boa. Os ursos que se preparam para a hibernação podem manter intactas as suas reservas de gordura comendo frutas. Mas o consumo de alimentos e bebidas açucaradas em humanos é o caminho para o excesso prejudicial à saúde.
Nos animais, o mecanismo de base evolutiva é usado para ajudar os animais no armazenamento de gordura quando os alimentos ainda estão disponíveis, antes de uma esperada escassez de alimentos. Embora destinado a ajudar na sobrevivência a curto prazo, com o excesso de envolvimento crônico, esse caminho deixa de ser benéfico e passa a muitas das doenças modernas de hoje.
Mais pesquisas são necessárias para determinar exatamente como funciona, uma vez que a maior parte das pesquisas sobre como a frutose funciona é baseada em animais.
No entanto, as descobertas representam um passo importante na resolução desse crescente problema de saúde pública.
*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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