Não é fácil entender que algumas dores farão parte da nossa rotina e temos que aprender a lidar com elas. Portanto, focar em estratégias eficientes no combate à dor é importante para se ter uma melhor qualidade de vida.

De acordo com o instituto Johns Hopkins Medicine, a dor começa nas células nervosas receptoras encontradas sob a pele e em órgãos por todo o corpo. Quando você está doente, ferido ou tem outro tipo de problema de saúde, essas células receptoras enviam mensagens ao longo das vias nervosas até a medula espinhal, que então leva a mensagem ao cérebro, desencadeando uma sensação desconfortável (como uma leve dor de cabeça) ou algo que sinaliza uma situação de emergência (como dor no peito que acompanha um ataque cardíaco ou dor causada por pedras nos rins).

A dor pode ser:

  • Aguda (pontual e recente)
  • Subaguda (com duração de algumas semanas ou meses)
  • Crônica (quando dura mais de 3 meses)

A dor crônica inclui dor lombar, dor que afeta pessoas com tumores avançados, dor de artrite, dores de cabeça crônicas (enxaqueca, dores de cabeça em salvas e tensionais), fibromialgia, dores musculares e cervicais, neuralgia, neuropatias, etc.

Os benefícios dos exercícios físicos para as dores

O tratamento da dor crônica deve ser multidisciplinar e a prática regular de atividades pode ajudar tanto a aliviar desconfortos no corpo quanto a combater outras condições que surgem junto com o problema, como irritação, humor deprimido, estresse, insônia, falta de energia.

Os exercícios auxiliam na redução da espasticidade, contraturas articulares, inflamação articular, problemas de alinhamento da coluna vertebral ou enfraquecimento e atrofia muscular. De acordo com a Universidade do Estado de Utah (EUA), o exercício físico desenvolve força e flexibilidade, reduz a fadiga, a sensibilidade à dor e diminuir a inflamação, ajudando a melhorar sua relação com a dor, pois pode mudar a forma como o cérebro responde à dor, normalizando o processo do sinal de dor e promovendo a liberação de analgésicos naturais (neurotransmissores e outros compostos), que inibem os sinais de dor.

Uma pesquisa publicada na Cochrane (2017) concluiu que o exercício pode ser benéfico para adultos com dor crônica, reduzindo a intensidade da dor, melhorando a sua função física e qualidade de vida. A revisão também mostrou que o exercício, quando feito com segurança, representa pouco risco para as pessoas com dor crônica, especialmente aquelas que temiam que a atividade física aumentasse a sua dor.

 

O exercício como promoção, prevenção e melhora da dor crônica

Em 2023, pesquisadores da UiT, da Universidade Ártica da Noruega, do Hospital Universitário do Norte da Noruega (UNN) e do Instituto Norueguês de Saúde Pública descobriram que entre mais de 10.000 adultos, aqueles que eram fisicamente ativos tinham uma tolerância à dor maior do que aqueles que eram sedentários; e quanto maior o nível de atividade, maior a tolerância à dor.

Os pesquisadores descobriram que as pessoas que eram mais ativas em seu tempo livre tinham menor chance de ter vários tipos de dor crônica 7 a 8 anos depois. Para se ter uma ideia, ser um pouco mais ativo, como passar de uma atividade leve para moderada, foi associado a um risco 5% menor de relatar algum tipo de dor crônica posteriormente. Para dores crônicas graves em vários locais do corpo, uma maior atividade foi associada a uma redução de 16% no risco.
Além disso, a capacidade de tolerar a dor desempenhou um papel neste aparente efeito protetor. Isso explica por que ser ativo pode diminuir o risco de ter dor crônica intensa, esteja ou não disseminada por todo o corpo. A pesquisa foi publicada recentemente na revista PAIN (Journal of the International Association for the Study of Pain).

Cuidados ao treinar

Antes de qualquer coisa é essencial procurar um médico, pois, se você tem uma lesão significativa que o limita, é importante um direcionamento e acompanhamento da forma mais próxima possível, para evitar qualquer problema maior. Feito isso, vamos às dicas!

  • Comece leve. O excesso de atividade física ou treinos de alta intensidade podem resultar em aumento da dor. Atividades de baixa intensidade incluem caminhada ou natação leve por 30 minutos, que podem ser realizadas todos os dias ou em dias alternados. Quando a dor se torna crônica, a resposta do nosso corpo ao movimento e à atividade pode mudar e estímulos que normalmente não deveriam ser dolorosos podem se tornar incômodos. O mais importante no início do exercício é estabelecer uma melhor relação com o movimento, iniciando com estímulos que não provoquem dores.
  • Desafie-se. Embora você não deva fazer exercícios intensos com dor, é possível tornar a atividade desafiadora. Isso não significa ficar exausto ou levantar uma quantidade absurda de peso. Desafie-se de forma progressiva, respeitando suas limitações.
  • Defina metas. Quando você está tentando estabelecer uma rotina de exercícios, é útil ter objetivos claros na sua mente. Uma vez que esteja claro o que espera alcançar, você pode começar a construir metas intermediárias para chegar até o seu resultado.
  • Escolha atividades que você gosta. Uma das chaves para se levantar e se movimentar é priorizar exercícios divertidos e, quando der, feitos na companhia de alguém. Assim você não deixará seu estado emocional falar mais alto.
  • O descanso sempre é importante e a alimentação também. Quando realizamos exercícios, precisamos de energia e nutrientes para o reparo dos músculos e tecidos. Você deve ser disciplinado nos seus dias de descanso e também em seus dias de treinamento. Por isso, fatores como boa alimentação, recuperação e sono são essenciais.
  • Desestresse. Manter a irritação sob controle pode ajudar a melhorar sua dor crônica. Gerenciar seu estresse é uma grande parte do controle da dor, pois o alto estresse aumentará a dor. Por isso, nos seus dias de descanso, é recomendável que você trabalhe em técnicas de gerenciamento de estresse, como a meditação, que ajuda a amenizar a dor mesmo no seu descanso.
  • Modifique o exercício para torná-lo seguro para você. Mesmo o movimento mínimo pode ser melhor do que nenhuma atividade física, preste atenção em algumas modificações no seu treino. Algumas sugestões são alterações para a redução do risco de queda, garantir sempre a postura correta e atentar-se a adaptações na amplitude de movimento, para não ter qualquer desconforto.

Adapte sempre a sua rotina de treino ao seu nível e tipo de dor. Sempre com a ajuda de profissionais para realizar em conjunto a abordagem mais precisa.

 

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas

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