Dor pélvica: muito além de cólica menstrual – entendendo as diferentes causas

Dr. Renato Zucchii Dr. Renato Zucchi https://bemestar.istoe.com.br/author/renato-zucchi/Renato Zucchi é graduado em Medicina desde 2004, fez residência médica em Ginecologia e Obstetrícia e em Oncologia Pélvica e Endoscopia Ginecológica. Especializou-se em Medicina do Esporte em 2018 pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. Na prática clínica, atua nas duas especialidades, além de ministrar palestras e cursos de pós-graduação para médicos. CRM/SP: 115946

03/09/2024 - 6:00

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A cólica é uma dor causada por uma contração involuntária dos músculos de um órgão oco, e não só exclusivamente do útero. Geralmente essa dor ocorre quando esse órgão tenta expulsar algo ou quando suas paredes estão irritadas. Por exemplo, as cólicas intestinais podem ocorrer quando o intestino se contrai para expulsar as fezes. Cálculos renais (pedras nos rins) também podem causar cólicas muito intensas.

Outra característica da cólica é que ela é uma dor difícil de localizar. Ao contrário de uma dor na pele, onde sabemos exatamente onde doi, a cólica é uma dor que afeta uma região. Isso pode dificultar a identificação do órgão que está causando a dor. 

No caso das mulheres, o útero tem como “vizinhos” muito próximos a bexiga e o intestino, além de ovários, tubas e ureteres, o que pode dificultar a identificação da origem da cólica.

Causas comuns de dor pélvica em mulheres

Endometriose. É uma doença inflamatória que pode causar cólicas menstruais intensas, dor fora do período menstrual, dor durante a relação sexual e até dificuldade para engravidar. Deve ser diagnosticada e acompanhada por um ginecologista, e o tratamento pode incluir medicamentos e, em alguns casos, cirurgia. Já escrevi um texto só sobre isso aqui.

Miomas uterinos. São tumores benignos que se formam no músculo do útero. Eles podem aumentar o fluxo menstrual e causar cólicas. Nem sempre necessitam de tratamento, mas devem ser monitorados por um ginecologista. Em alguns casos, pode ser necessário tratamento cirúrgico. Também já falei sobre isso aqui.

Infecção urinária. Pode causar dor na região pélvica devido à irritação das paredes da bexiga. Outros sintomas comuns incluem ardência ao urinar e aumento da frequência urinária.

Síndrome da bexiga dolorosa. Causa dor semelhante à de uma infecção urinária, mas os sintomas duram mais tempo. As causas exatas não são bem conhecidas, mas podem estar relacionadas à alimentação e hábitos de vida.

Cólicas intestinais. Podem ser causadas por infecções, intolerâncias alimentares, constipação ou doenças inflamatórias intestinais. Como o reto (parte final do intestino) fica perto do útero, é comum confundir cólica intestinal com cólica uterina e vice-versa.

Cólica menstrual comum. Definir o que é uma cólica menstrual comum pode ser difícil, pois depende da percepção de cada pessoa. Um dado importante na quantificação desse tipo de dor é se ela causa algum impacto na rotina da mulher, ou se é incapacitante. 

Outro ponto a se observar é se ela é progressiva, ou seja, aumenta em intensidade com o tempo, pois pode ser outro sinal de alerta. Nesses casos, uma avaliação com um ginecologista pode ser necessária.

Existem outras causas de cólicas e quando falamos em dor pélvica, que é algo muito mais abrangente, as possibilidades são ainda maiores. O objetivo deste texto não é alarmar, mas orientar para que, se houver uma causa para a dor, ela seja diagnosticada e tratada, evitando sequelas e melhorando a qualidade de vida das mulheres.

Não devemos normalizar as dores e cólicas, sejam menstruais ou não. Se você tiver dúvidas, procure um ginecologista para uma avaliação.

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

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