Quando falamos em métodos contraceptivos, a primeira opção que vem à cabeça da maioria das pessoas é a pílula anticoncepcional. Mas você sabia que existem métodos mais eficazes e práticos? 

As pílulas anticoncepcionais tiveram um papel muito importante na sociedade, principalmente a partir da década de 70, proporcionando mais liberdade para as mulheres, justamente por ser um método contraceptivo mais acessível e de fácil utilização. Permitiu que as mulheres pudessem planejar melhor o momento de engravidarem, adequando seus desejos de ter filhos com suas carreiras profissionais.

Entre os países desenvolvidos, o DIU é amplamente usado na Europa, onde em alguns países, mais de um quarto das mulheres casadas em idade reprodutiva dependem dele como método contraceptivo. Em algumas populações estudadas, os DIUs respondem por metade dos métodos contraceptivos usados. Já na maioria dos países da América Latina e Caribe, a esterilização feminina (laqueadura tubária) e os anticoncepcionais orais são usados mais comumente que os DIUs. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, apenas cerca de 2% das mulheres em idade fértil escolhem os DIUs como método contraceptivo, e isso se deve provavelmente por questões culturais, crenças ou desinformação quanto ao mecanismo de ação, segurança e eficácia do método.

Muitos acreditavam que mulheres que nunca engravidaram não poderiam usar DIU, até que a Organização Mundial da Saúde, em 2015, publicou um parecer onde recomenda que os principais métodos contraceptivos para adolescentes deveriam ser o que chamamos de LARCS (Long Acting Reversible Contraceptive), ou seja, métodos reversíveis de longa duração. São eles: DIU de cobre, DIU hormonal e implante subdérmico, que no Brasil, tem o nome comercial de Implanon.

A justificativa para tal recomendação vem do fato de que adolescentes apresentam taxas maiores de falha e gravidez indesejada com outros métodos, como pílulas por exemplo, por tomarem de maneira mais inconstante, e tais métodos dependem do uso correto para serem mais eficazes. Soma-se a isso o fato de que uma gravidez indesejada na adolescência costuma ter um impacto muito maior na vida da mulher do que quando ocorre na vida adulta.

Os LARCS apresentam altas taxas de eficácia, maiores do que os preservativos, todas as pílulas anticoncepcionais, adesivo, anel vaginal e injetáveis, e isso se dá justamente por não dependerem do uso correto por parte da mulher, pois os DIUs ficam dentro do útero e o implante fica posicionado abaixo da pele, e não podem ser retirados sem a ajuda de um profissional da saúde.

DIU de cobre, DIU hormonal e implante contraceptivo: como funcionam esses métodos?

  • DIU de cobre: pode ter vários formatos e tamanhos diferentes, para se adequar às necessidades de cada mulher, mas todos apresentam o metal cobre. Este funciona como um espermicida, matando os espermatozóides dentro do útero. São facilmente colocados e retirados em consultório médico e a duração pode ser de até 10 anos, dependendo do modelo utilizado. Podem causar aumento do fluxo menstrual.
  • DIU de cobre com prata: funcionam da mesma forma que os DIUs de cobre, a diferença é uma pequena quantidade de prata, o que diminui um pouco a reação de oxidação que ocorre com o cobre ao longo do tempo, causando menos aumento de fluxo menstrual, mas ainda assim pode acontecer.
  • DIU hormonal (Mirena e Kyleena): apresentam um sistema que libera hormônio dentro do útero, um progestógeno, que é uma progesterona sintética, chamado levonorgestrel. O hormônio, além de matar os espermatozóides que chegarem, tem o efeito de alterar o muco do colo do útero, o que impede a passagem dos espermatozóides. Além disso, o hormônio liberado gera uma pequena atrofia do endométrio, que é a camada que reveste o útero por dentro. Isso leva a uma diminuição do fluxo menstrual e até a pausa da menstruação em muitas mulheres. A quantidade de hormônio absorvida nesse processo não é suficiente para suspender a ovulação, portanto não tem o mesmo efeito que outros métodos hormonais. Também podem ser inseridos e retirados em consultório médico e têm duração de 5 anos.
  • Implante contraceptivo (Implanon): é o único implante aprovado pela ANVISA para ser usado como contraceptivo no Brasil. É colocado logo abaixo da pele, no braço, onde libera um hormônio chamado etonogestrel. Também pode ser inserido e retirado em consultório e tem duração de 3 anos. Chega a ser até mais eficaz para contracepção do que os DIUs, mas pode causar sangramentos irregulares nas usuárias.

Como costumo dizer para minhas pacientes, a escolha do método sempre será da mulher, mas conhecer as opções disponíveis e saber como elas funcionam será essencial para melhorar a eficácia e diminuir riscos e desconfortos, por isso a importância de discutir o assunto com um ginecologista, que vai nortear a mulher nessa decisão, levando em conta toda sua história, desejos, ansiedades e contraindicações para determinados métodos.

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas

Dispositivo intrauterino: de onde viemos e onde chegamos https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/196-dispositivo-intrauterino-de-onde-viemos-e-onde-chegamos
McNicholas C, Peipert JF. Long-acting reversible contraception for adolescents. Curr Opin Obstet Gynecol. 2012 Oct;24(5):293-8.
FEBRASGO. Contracepção reversível de longa ação. Série Orientações e Reco- mendações FEBRASGO, no. 1, volume 3, novembro 2016. 
World Health Organisation. Medical eligibility criteria for contraceptive use. 5th ed. Geneva: WHO; 2015.