No Brasil, cerca de 52% dos homens brasileiros afirmam já ter enfrentado dificuldades para manter a ereção durante a relação sexual, segundo dados de uma nova pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). No entanto, há indícios de que essa prevalência possa ser subestimada devido à dificuldade do paciente em reconhecer e buscar ajuda médica.

A disfunção erétil é a incapacidade persistente do homem obter ou manter uma ereção suficiente para a atividade sexual. Ela pode ocorrer em qualquer idade, porém é mais comum a partir dos 40 anos. 

“Esse problema está principalmente associado à presença de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão arterial, obesidade, tabagismo, etilismo (consumo exagerado de bebidas alcoólicas) e vida sedentária, que são fatores de risco que levam os homens a ter disfunção erétil”, explica o chefe do departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Fernando Facio Jr., que também é professor adjunto de Urologia da Faculdade de Medicina São José do Rio Preto FAMERP e presidente da Sociedade Latino Americana de Medicina Sexual SLAMS. 

As causas para a disfunção erétil podem ser orgânicas (como citado acima) ou ainda emocionais, relacionadas à ansiedade, depressão, relacionamento conturbado, medo de “falhar”, estresse e dificuldades do dia a dia. 

 “Toda vez que o homem tem uma disfunção erétil por causa orgânica, isso também pode vir acompanhado de um problema emocional. A chamada disfunção psicogênica. Para um tratamento realmente ser efetivo realmente, o diagnóstico deve ser correto”, pontua Fernando Facio Jr.

O tratamento deve ser de acordo com a causa identificada. Para os casos apenas de origem psicogênica, deve ser oferecida a terapia sexual e tratar a causa, como a depressão. Já para a orgânica, a primeira opção é o tratamento com medicamentos orais. Na falha desse tratamento oral, podem ser utilizadas medicações injetáveis para induzir a ereção ou até mesmo o implante de próteses penianas.

 “O tratamento deve envolver a melhora dos hábitos de vida, como a qualidade do sono, a prática regular de atividades físicas, alimentação saudável, uso moderado de bebidas alcoólicas e administração do estresse, além de tratar a causa específica, com o auxílio da terapia sexual ou de casal, e medicamentos, dependendo do caso”, complementa a psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e autora do livro “Sexo no Cotidiano”. 

 

Medo de falhar é uma das principais causas da ejaculação precoce, apontam especialistas    

Outra disfunção sexual muito comum entre os homens é ejacular mais rapidamente do que o desejado, frequentemente antes ou logo após a penetração. Os especialistas esclarecem que a principal causa para o descontrole é emocional, como ficar ansioso na hora do sexo, viver um relacionamento conturbado com a (o) parceira (o) ou medo de “falhar”. 

 “Esse desconforto pela falta de sincronia entre os parceiros causa grande sofrimento. Para resolver isso, o paciente deve ter consciência de que precisa tratar essa ansiedade com os terapeutas sexuais, que são profissionais preparados para lidar e ajudar o paciente a controlar esse problema”, indica o urologista. 

Há casos em que a melhor opção é utilizar medicamentos para retardar a ejaculação, que podem ser de uso diário ou ingeridos de uma a três horas antes da relação sexual. Em casos mais raros, a ejaculação precoce também pode estar relacionada a causas orgânicas, como prostatite (infecção na próstata) e hipertireoidismo. 

 

Idade não necessariamente é uma causa para a perda do desejo sexual

Outro problema que prejudica muito a saúde sexual dos homens (assim como das mulheres) é a diminuição ou falta de desejo. Os especialistas esclarecem que não existe uma frequência considerada mínima ou máxima para o número de relações sexuais. No entanto, se a frequência é considerada baixa para alguma das partes envolvidas, gerando sentimento de sofrimento ou frustração, é considerada uma disfunção sexual. 

“É natural a redução ou perda de desejo após os 50 anos, mas isso pode acontecer em qualquer idade. Vai depender do ambiente que essa pessoa vive, como vive e do que ela pensa a respeito dos relacionamentos. Com o envelhecimento, temos uma série de alterações e deficiências naturais desse próprio processo de envelhecer. Muitas vezes, o homem perde a capacidade física de ter uma boa ereção, de ter uma atividade física mais vigorosa, mas como ele possui uma vida saudável, com um bom relacionamento sentimental e sexual, mesmo tendo mais idade, como 70 anos, o desejo é mantido. Então, a idade não necessariamente  é uma causa para a perda do desejo”, esclarece Fernando Facio Jr.

As causas para essa diminuição ou falta de libido podem ser as mais variadas, desde alterações hormonais, utilização de medicamentos, problemas de saúde físicos e emocionais, idade avançada, problemas de relacionamento até a perda afetiva ou de familiares, rotina, cansaço ou ainda transtornos de identidade e preferência sexual. O tratamento deve ser de acordo com a causa identificada, como reposição hormonal, interrupção ou troca de medicamentos e terapia sexual. 

“Um homem saudável pode manter o desejo sexual até a maturidade e a longevidade. Logicamente que a frequência dos atos sexuais não será a mesma. Ela pode passar, por exemplo, de três vezes por semana aos 30 anos para uma vez por semana aos 50. E aos 60, ter uma relação a cada dez dias. Mas isso varia, caso a caso. No entanto, independente da idade, a falta de desejo pode ter como gatilho a estafa e o estresse. O homem que não se cuida e não procura ajuda médica para resolver problemas agudos, pode torná-los crônicos. O estresse pode desencadear ansiedade ou depressão e, consequentemente, falta de desejo sexual”, alerta Carmita Abdo.

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.