O chocolate faz parte do nosso dia a dia e, principalmente para os chocólatras,  pode ser um grande desafio durante a dieta. É possível evitar os corredores de chocolates do mercado e as confeitarias, mas com a chegada da Páscoa isso se torna um pouco impossível. Essa iguaria do cacau passa a fazer parte de tudo! Nos mercados, nos anúncios televisivos, nas redes sociais e nos jornais. Se não for possível evitar, aprender a saborear o chocolate da melhor maneira possível é o caminho a seguir. Para isso, você precisa conhecer os diferentes tipos de chocolate, seus benefícios e malefícios.

 

Chocolate e a Páscoa

Consumir chocolate na Páscoa já é uma tradição conhecida e praticada por todos. Entretanto nem sempre foi assim. Houve uma época em que até o ovo comum era proibido!

Séculos atrás, o ovo da galinha representava o renascimento e a renovação, sendo consumido durante a quaresma por simbolizar a própria ressurreição de Cristo. Contudo, na Idade Média eles eram proibidos, fazendo com que diversas pessoas desenvolvessem práticas para esconder ovos ou até fabricar falsos. 

Com sua liberação durante a quaresma, os ovos voltaram a ser consumidos das mais diversas formas. Posteriormente, especula-se que no século 13, os ovos começaram a servir para presentear os familiares, e passaram a ser decorados, secos e depois pintados de cores coloridas

O chocolate entra na história quando o cacau chega na Europa. Visto como uma bebida dos deuses, o chocolate passou a ser consumido pelas classes sociais mais altas, já que seu preço era muito elevado. Como já haviam adquirido a prática de presentear durante a Páscoa, o chocolate, ainda como bebida, tornou-se uma forma de presentear da moda na época. 

Com o desenvolvimento de técnicas para solidificar o chocolate, transformá-lo no formato oval já não era impossível. Assim, além de manter a simbologia do renascimento, podiam presentear não mais com ovos secos e coloridos, mas com ovos de chocolate!

 

Os tipos de chocolate

Agora que compreendemos a importância do chocolate na história da Páscoa, percebemos que retirá-lo da nossa tradição não é a melhor forma de lidar com ele. Ademais, é possível aproveitar dos benefícios do cacau durante essa época do ano, tanto para nossa saúde quanto para nosso bem-estar.  Basta saber quais chocolates escolher.

 

Composição

A primeira coisa que faz-se necessária é aprender a importância da composição. O que faz mal não é uma entidade isolada, mas os elementos que a compõem. Lembrando que quanto mais ingredientes, mais industrializado o produto e pior é para sua saúde. Alimentos in natura como frutas são saudáveis porque provêm da natureza e são primários. O cacau é in natura, o chocolate não. 

Cacau, manteiga de cacau, açúcar, leite em pó e lecitina são os elementos mais comuns na composição do chocolate. Os tipos são referentes a quais desses elementos fazem parte da composição e em que quantidade. Podemos ter um tipo de chocolate, como o amargo, melhor de uma marca do que de outra, exatamente por variar na quantidade de cada ingrediente na sua composição. 

Por isso, sempre leia o rótulo da marca do seu chocolate. Pode estar acertando no tipo de chocolate, mas errando na qualidade da marca, podendo até ser enganado. Talvez seu chocolate “meio-amargo” não seja tão amargo assim…

Já compreendidos quanto a composição, vamos de fato para os tipos de chocolate:

 

Chocolate amargo

Cacau, manteiga de cacau e açúcar são os ingredientes desse tipo. Quanto mais amargo, menor a quantidade de açúcar e manteiga de cacau adicionado. É o mais saudável por apresentar menores malefícios provenientes da manteiga de cacau e do açúcar, e mais benefícios do próprio cacau que estará em maior quantidade. 

Contudo, nem todo amargo é igual. Os 70%, 80% e 90% são mais saudáveis que os meio-amargos 50% e 60%, pois esses apresentam quase metade dos ingredientes maléficos para a saúde. 

Aposte em chocolates amargos de boa qualidade, e tente adaptar seu paladar para poder consumir os mais amargos. Uma dica é consumir primeiro um bem amargo, como 90%, e depois um menos, como 70%. Isso fará com que seu paladar ache o 70% cacau mais docinho, e consumi-lo não será tão difícil assim. 

Outra dica é unir esse chocolate à uma fruta ou pasta de amendoim. Esses outros ingredientes vão ajudar deixando o chocolate com um gosto mais fraco do cacau. Depois de alguns dias seu paladar já estará adaptado.

 

Chocolate ao leite

Manteiga de cacau, açúcar, leite em pó, lecitina e, por último, o cacau. Sim, o cacau, é geralmente o último ingrediente. A quantidade de gorduras saturadas, vindas da manteiga de cacau, serão maiores, levando a maiores malefícios para sua saúde. É também o tipo com maior quantidade de ingredientes, o que nunca é bom sinal. 

 

Chocolate branco

Este nem cacau apresenta. Seus ingredientes são manteiga de cacau, leite e açúcar. Ou seja, nem dos benefícios do cacau esse tipo de chocolate se aproveita. 

 

Benefícios do cacau

Quanto mais amargo, maior a quantidade de cacau e, assim, maior a concentração de antioxidantes e anti-inflamatórios, os polifenóis e flavonoides. Estes atuam na proteção contra trombose e acidente vascular cerebral (AVC), por melhorar a circulação sanguínea. Além disso, por melhorarem na inflamação e resistência à insulina, o que ajuda contra a diabetes. Melhora a microbiota intestinal e previne a anemia. 

 

Malefícios do chocolate

Quanto maior a quantidade de gordura saturada, maiores os riscos de doenças cardiovasculares, inflamação e desenvolvimento de câncer. Por isso, não escolha os chocolates que apresentam grande quantidade de manteiga de cacau e açúcar, se não quiser correr estes riscos.

 

Entrevista com a nutricionista Samantha Rhein

Samantha, colunista da IstoÉ Bem-estar, já preparou uma matéria sobre chocolate, seus tipos, benefícios e malefícios, podendo acessá-la por aqui.

Hoje, ela responde algumas perguntas muito comuns sobre o chocolate e nossa saúde, principalmente como se controlar durante a Páscoa. 

 

Como evitar o excesso de chocolates durante a Páscoa? Quais trocas são inteligentes para manter esse controle?

“O primeiro a pensar é que não se trata de um alimento proibido. Quando consumido de maneira consciente e sem excessos, o chocolate pode aportar nutrientes à sua alimentação, como magnésio e cobre, por exemplo. Além disso, se pensamos em um chocolate mais amargo também encontraremos compostos funcionais que desempenham papel antioxidante em nosso corpo”. 

“Como este alimento no geral, apresenta maiores quantidades de açúcares e gorduras, o interessante seria fazer uma compensação durante os dias de maior consumo, diminuindo os carboidratos de sua alimentação (pães, arroz, macarrão, batata e similares), e ao consumir, preferir os integrais. Reduzir o consumo de óleo no preparo das refeições e alimentos com menor quantidade de gordura também pode te ajudar a equilibrar esta balança”.

 

Existe uma forma de segurar o consumo de calorias ao longo do dia, para ainda assim poder consumir um pouco mais de chocolate sem extrapolar no consumo calórico?

“A compensação que mencionamos acima pode ajudar muito; além disto, ter hora para comer o chocolate como por exemplo após uma refeição como o almoço ou até mesmo como sobremesa do jantar, em menores quantidades. O maior ponto de atenção é evitar consumir a qualquer hora ou momento, como se o chocolate fosse um belisco”.

 

Quais chocolates são ideais para quem deseja consumir e manter a saúde?

“As melhores opções são aquelas em que encontramos maior quantidade de cacau (70% ou mais), justamente pela presença de compostos fenólicos que tem muitos efeitos protetores já comprovados na literatura científica, principalmente em doenças cardiovasculares, câncer, entre outros. Porém, nada te impede de comer um chocolate ao leite, se gostar uma vez que devemos também priorizar nossas preferências e saúde mental, cultivando uma relação positiva com os alimentos. Lembre-se de que o elemento principal é a moderação e de nunca comer o chocolate com fome, porque aí sim vamos perder o controle e comer mais do que deveríamos”.

“Outra dica importante é que você desfrute o alimento. Coma com calma, sentindo o aroma, a textura e o gosto deste alimento e terá um momento agradável, e consequentemente sentirá maior capacidade de auto-controle”.

 

Como fazer com os pequenos que preferem chocolate ao leite? Quais estratégias para não restringir o proveito da Páscoa, mas ainda assim incentivar uma prática saudável?

“Os pequenos podem ter esta experiência com o alimento; se preferem o ao leite (o que normalmente acontece kkkkk), deixe que desfrute deste momento, porém, sempre separando a quantidade que será consumida, evitando deixar o alimento “à disposição” para comer a hora que bem entender. Outra possibilidade é preparar receitas com este alimento como por exemplo chocolate quente (misturando um pouco de chocolate amargo ao leite) ou ainda comer com frutas como morango, banana, abacaxi”. 

“Todos da família podem seguir esta dica, dando o exemplo e mostrando que a criança não está sozinha”.

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e supervisionado por um Profissional da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas