Comer é algo que fazemos todos os dias, mais de uma vez ao dia. Com isso, utilizamos os recursos naturais do nosso planeta, interferindo no seu equilíbrio, e produzimos resíduos, que também impactam o ambiente se não forem aproveitados ou eliminados corretamente. Segundo o professor Adriano Costa de Camargo, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) nos traz números alarmantes, já que se estima que cerca de um terço de todos os alimentos produzidos no mundo se perdem ao longo de toda a cadeia produtiva, desde o início da produção até o consumo. Desta forma é evidente que a alimentação – e as perdas que ocorrem durante toda a cadeia produtiva, incluindo os consumidores – exerce um papel primordial na saúde de nosso planeta.
A dieta planetária, também conhecida como Dieta Flexitariana, começou a ser amplamente discutida na comunidade científica a partir de 2018/2019, com duas publicações feitas por uma importante revista científica chamada The Lancet. Essa dieta recebe também o nome de Flexitariana, porque recomenda a restrição de carne processada ou carne vermelha para apenas uma porção semanal, além do incentivo a quantidades moderadas de outros alimentos de origem animal como aves, peixes, ovos e laticínios, valorizando a alimentação a base de frutas, verduras, legumes e nozes.
Mas quando podemos considerar que uma dieta é sustentável? Quando ela atinge a adequação em termos nutricionais (composição de nutrientes e caloria oferecida), contudo sem promover um desbalanço ambiental em nível regional, ou até mesmo global.
Importantes documentos científicos descrevem que é possível haver sinergia entre sustentabilidade e dieta desde que a tecnologia e a gestão dos aspectos ambientais caminhem juntos. Conseguimos corrigir alguns desbalanços nutricionais, como desnutrição e excesso de peso, pela melhor adequação do consumo calórico, associado ao maior equilíbrio de nutrientes, basicamente pela utilização apenas dos recursos disponíveis, sem extração ou produção indevida ou excessiva.
A nutricionista Lara Natacci nos dá algumas dicas práticas para uma alimentação que cuida do nosso planeta:
Diminuir o consumo de alimentos de origem animal e aumentar o consumo de alimentos de origem vegetal;
Aproveitar integralmente os alimentos, utilizando cascas, sementes e sobras para fazer sopas, omeletes, tortas, suflês;
Planejar bem as suas compras para não levar mais alimentos do que realmente precisa;
Comprar frutas, legumes e verduras de época, que são mais nutritivos, baratos e sustentáveis. Não desprezar ou deixar de consumir alimentos de origem vegetal se estiverem mais feios, pois serão igualmente nutritivos.
Realizar corretamente a manutenção de sua geladeira, no que diz respeito a temperatura correta, para que os alimentos não estraguem;
Compartilhar o excedente com quem precisa: muita gente está passando fome atualmente.
O ato de compartilhar ou doar alimentos é necessário, já que mais de 820 milhões de pessoas têm alimentos insuficientes, e muitos mais consomem dietas de baixa qualidade, que causam deficiências de micronutrientes e contribuem para um aumento substancial na incidência de doenças não transmissíveis relacionadas à dieta.
Pensar no amanhã sob este ponto de vista, nos possibilita tomar atitudes mais conscientes no momento presente. A hora é agora.
* Lara Natacci, nutricionista, mestre e doutora pela FMUSP, pós-doutoranda pela Faculdade de Saúde Pública da USP, diretora clínica da Dietnet Nutrição Saúde e Bem-estar desde 2006 (CRN 5738) e Adriano Costa de Camargo, químico, doutor, professor e diretor da Unidade de Nutrição Básica do Instituto de Nutrição e Tecnologia de Alimentos (INTA) da Universidade do Chile (UChile) e membro do grupo de líderes da divisão de Nutracêuticos e Alimentos Funcionais do Institute of Food Technologists (IFT) com sede em Chicago, Estados Unidos.
** O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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