O conhecido como tipo 2, em geral está associado com a resistência à insulina ou a produção baixa, ou ausente, de insulina. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) comenta que temos em nível mundial cerca de 30 a 40% de pessoas diabéticas não diagnosticadas e, aproximadamente, 62 milhões de pessoas das américas tem diabetes, ou seja, estamos falando de uma doença com impacto global fortemente relacionada à ocorrência de ataques cardíacos, eventos cerebrovasculares, insuficiência renal e retinopatias. 

 

Como utilizar a alimentação como aliada no cuidado do diabetes: conheça as melhores estratégias

O diabetes é uma doença que se relaciona diretamente ao metabolismo de carboidratos, interagindo com o metabolismo de proteínas e lipídios, portanto, o tratamento nutricional desempenha relevância em sua prevenção e controle.  Além disso, mesmo quando a doença é tratada com medicamentos, a terapia nutricional é essencial para a obtenção do bom controle glicêmico.

Alguns dos principais objetivos do tratamento nutricional em pessoas com diabetes é retardar o desenvolvimento de doenças crônicas, garantindo bem estar e o controle metabólico da condição, para que outros órgãos, além do pâncreas, não sejam afetados. Como principal aliada da intervenção alimentar, planificar uma modificação no estilo de vida é essencial, uma vez que estudos metodologicamente bem conduzidos demonstraram reduções do risco de desenvolver DM2 em até 43%,  com a prática regular de exercícios físicos, além do controle do estresse e da ansiedade. A manutenção do prazer em se alimentar também é um dado importante muitas vezes que, a partir de condutas alimentares mais restritivas, o ato de se alimentar passa a ser, para algumas pessoas, algo automatizado e sem nenhuma relação de bem estar, o que não é positivo, já que estamos falando de algo extremamente presente em nosso dia a dia e que pode ser adequado do ponto de vista nutricional.

Quando perdemos esta relação positiva com os alimentos, perdemos parte de nossa identidade alimentar, e tenho certeza de que esta é uma condição muito comum que recebia em meus atendimentos. É importante reconhecer que o ato de comer pode, e deve, ser ajustado às suas necessidades individuais e orgânicas, sem perder o “brilho” de desfrutar momentos de prazer junto às refeições. 

De todos os macronutrientes, o carboidrato é um nutriente essencial, uma vez que representa a principal fonte de energia, também para diabéticos. Os “carbos”, como são popularmente conhecidos, desempenham outras funções como regulação do metabolismo de proteínas, funcionamento do sistema nervoso central, função estrutural para as células e fornecimento de energia aos músculos.

Quando pensamos em carboidratos, existem aqueles que digestão rápida e outros de digestão lenta; o diabético deve ser orientado a controlar o consumo de alimentos fonte de carboidratos com digestão mais rápida e aumentar o consumo de alimentos ricos em fibras, pois estes normalmente têm um menor índice glicêmico, ou seja, a velocidade com que um determinado alimento poderá aumentar a sua glicemia (concentração de açúcar no sangue) é menor.

 

Vamos conhecer melhor estes dois tipos de açúcares:

– ABSORÇÃO RÁPIDA: encontrado em açúcares de adição, mel, xaropes, doces em geral e frutas (pela frutose) – no geral por terem uma estrutura química mais simples e uma cadeia menor, possuem uma digestão mais rápida e, por isso, elevam mais rapidamente os níveis de açúcar em nosso sangue;

– ABSORÇÃO LENTA: farelos, grãos, amidos em geral, pois devido a sua estrutura química maior e mais complexa, tem uma demanda digestiva maior.

Portanto, as frutas são alimentos que podem ser consumidos, porém existem as melhores formas de fazer este consumo:

  • Prefira o consumo de frutas in natura, com casca e bagaço, pois desta forma a digestão se torna mais lenta evitando elevações abruptas na glicemia;

 

  • Frutas como melão, limão, kiwi, abacaxi, maçã, pêra, abacate quando comparadas a melancia, uva, laranja, figo e mamão, por exemplo, tem uma digestibilidade maior e maior concentração de açúcares, assim como as frutas secas, e podem fazer com que a glicemia aumente um pouco mais rapidamente, porém, o consumo pode acontecer e dependerá muito do nível de controle da doença;

 

  • O ideal é que você associe alimentos ricos em proteínas, como queijos e iogurtes ou até mesmo oleaginosas como castanhas, nozes e avelãs, com os sucos e as frutas com maior concentração de açúcar, pois alimentos com maior quantidade de proteínas e gorduras no geral retardam a elevação da glicemia, o que é positivo dentro de tudo o que estamos conversando;

 

  • Não retire as frutas de sua alimentação, pois são ricas em vitaminas dentre muitos compostos funcionais com propriedades antioxidantes e protetoras; o ideal é apenas saber como combiná-los. Tenha como referência que deve consumir pelo menos três a cinco porções diárias desse alimento e, desta forma, terá a sua saúde e equilíbrio metabólicos garantidos. 

Quando o assunto é alimentação, o mais importante é fazer sempre escolhas saudáveis e conscientes, mantendo esta atitude a médio e longo prazo. Os benefícios estão garantidos!

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas

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https://www.paho.org/es/temas/diabetes