Esses dias postei no meu Instagram um texto sobre felicidade e amor.

“No final de tudo, viver se resume a um propósito: ser feliz. Independente se o seu objetivo é financeiro ou amoroso, o final sempre leva a pergunta: ‘o que será que me faz feliz?’

A felicidade parece ser uma utopia, mas, na verdade, ela é um pano de fundo. Isso não significa que quando você escolhe ser feliz você será o tempo todo feliz, e sim que você escolheu um caminho que terá momentos de incertezas, alegrias, sofrimentos, raiva e uma mistura de emoções, entretanto, você terá a segurança de uma vida feliz.

Mas descobri que para buscar a felicidade você precisa estar seguro, maduro e consciente. Isso porque muitos entendem a busca pela felicidade como um egoísmo.

 

Percebemos que está tudo errado quando a felicidade dos outros depende da nossa infelicidade.

 

Se cada um se preocupasse de fato com a sua felicidade e não somente em fazer o outro feliz, o mundo seria melhor! Não podemos espelhar nossa felicidade ou infelicidade na vida do outro.

Se você precisa estar feliz, porque o outro tem menos que você ou está pior que você: está errado! Se você fica triste, porque o outro está com uma vida boa: está errado.

Precisamos buscar a nossa felicidade e, com ela, encontramos as escolhas e o amor —inclusive o amor próprio. A libertação de dizer não. De estar aberto a decidir por situações e nos permitirmos errar muitas vezes e quantas vezes for preciso para acertar (ou não!). O brilho da felicidade é rir dos erros, aprender com eles e olhar de outro ângulo.”

Pensando na capacidade da felicidade e do amor caminharem juntos, eles são capazes de proporcionar explosões de benefícios a nossa mente e corpo.

 

O efeito do amor no seu cérebro

Quando você pensa em amor, seu coração pode ser o primeiro órgão que vem à mente, mas, na verdade, é o cérebro que entra em ação.

As mudanças cerebrais desencadeadas pelo amor afetam o seu humor e comportamento, principalmente quando esses sentimentos são novos, mas alguns efeitos perduram muito depois do primeiro sentimento de amor, continuando a fortalecer o seu compromisso ao longo do tempo.

 

Euforia

É aquela excitação eufórica que você sente quando passa um tempo com a pessoa que ama. Aqui entra a ação da dopamina. O sistema de recompensa do seu cérebro depende deste importante produto químico para reforçar comportamentos prazerosos, incluindo comer, ouvir música, fazer sexo, ver pessoas que você ama etc.

Somente pensar na pessoa que ama é suficiente para desencadear a liberação de dopamina, fazendo com que se senta animado e ansioso para o encontro. Resumindo, pensar ou ver a pessoa que ama, faz com que seu cérebro recompense você com mais dopamina, desencadeando um prazer intenso.

Pesquisadores acreditam que este ciclo desempenha um papel importante no comportamento de acasalamento. De uma perspectiva puramente biológica, este é um primeiro passo importante no processo de escolha de um parceiro ideal para reprodução.

 

Apego e segurança

Quando se trata de amor, a dopamina não é a única substância química existente. Os níveis de ocitocina também aumentam, aumentando os sentimentos de apego, segurança e confiança.

É por isso que você provavelmente se sente confortável e relaxado na companhia de um parceiro. Esses sentimentos podem parecer ainda mais fortes depois de tocar, beijar ou fazer sexo, sendo essa a ação da ocitocina ou hormônio do amor. 

A liberação de oxitocina pode fortalecer seu vínculo, porque diminui seu interesse em outros parceiros potenciais. Dessa forma, quanto melhor seu parceiro fizer você se sentir, mais próximo você ficará.

 

Compromisso e sacrifício

A maioria das pessoas concorda que o amor envolve algum grau de compromisso e sacrifício. Os sacrifícios podem variar de pequenos ou até mudanças mais intensas na vida —como mudar de país para acompanhar quem ama.

À medida que o amor floresce, você pode ficar mais disposto a fazer esses sacrifícios. Acredita-se que isso acontece, porque os parceiros tendem a ficar mais sincronizados, em parte graças ao nervo vago, que começa no cérebro e desempenha um papel em tudo, desde as expressões faciais até o ritmo do coração.

Esse alinhamento pode ajudá-lo a perceber quando eles se sentem tristes ou angustiados. Como é natural querer evitar que alguém que você ama sinta dor, você pode optar por sacrificar algo por esse motivo.

 

Pensamentos constantes

Talvez você pense com tanta frequência que você ama, que a pessoa pode até começar a aparecer em seus sonhos.

Isso está parcialmente relacionado com o ciclo de dopamina que recompensa estes pensamentos positivos. Um estudo sugeriu que outra parte do cérebro pode estar envolvida nesse mecanismo, o córtex cingulado anterior.

Os pesquisadores associaram essa região do cérebro a comportamentos obsessivo-compulsivos, o que pode ajudar a explicar por que a intensidade e a frequência dos seus pensamentos podem parecer aproximar-se do nível de uma obsessão.

Ainda assim, quando você se apaixona por alguém, é normal que essa pessoa seja o principal pensamento em sua mente. Isso pode reforçar seu desejo de passar mais tempo com quem ama, aumentando potencialmente suas chances de construir um relacionamento com sucesso.

 

Redução do estresse

O amor duradouro está consistentemente ligado a níveis mais baixos de estresse. Os sentimentos positivos associados à produção de ocitocina e dopamina podem ajudar a melhorar o seu humor. Uma pesquisa sugeriu que pessoas solteiras podem ter níveis mais elevados de cortisol, o hormônio do estresse, do que pessoas em relacionamentos sérios.

É compreensível, então, que o apoio e a companhia de alguém que você ama possam ajudá-lo a lidar com eventos desafiadores da vida com mais facilidade.

O efeito do amor no seu corpo

O amor também desencadeia ações sobre o seu corpo.

Aumento da paixão 

Quando estamos apaixonados e com o amor a flor da pele, os andrógenos, um grupo de hormônios que inclui a testosterona, aumentam seu desejo de fazer sexo com a pessoa que você ama. Fazer sexo também aumenta a produção desses hormônios, o que pode levar a um ciclo que também é reforçado pela libertação de ocitocina e dopamina.

O sexo com o seu parceiro é ótimo e aumenta a proximidade, além disso traz diversos benefícios à saúde. (Linkar com o texto sobre benefícios do sexo)

Melhora a  saúde física

O amor, especialmente o amor que se desenvolve num relacionamento de compromisso, pode ter um impacto positivo na saúde geral. Alguns desses benefícios incluem diminuição do risco de doenças cardíacas, redução da pressão arterial, melhora da saúde imunológica e recuperação mais rápida de doenças. 

Longevidade

Um estudo com 225 adultos submetidos a cirurgia de revascularização do miocárdio encontrou evidências que sugerem que o amor pode levar a uma vida mais longa. As pessoas que eram casadas quando fizeram a cirurgia tinham 2,5 vezes mais probabilidade de viver 15 anos depois.

A elevada satisfação conjugal aumentou ainda mais essa taxa. As pessoas que relataram estar altamente satisfeitas no seu casamento tinham 3,2 vezes mais probabilidade de ter uma vida mais longa do que aquelas que estavam menos satisfeitas.

 

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

 

 

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