Cada dia estamos correndo mais e respirando menos. Numa eterna maratona de mil afazeres e altas demandas, sendo cobrada (o) por uma performance exemplar e impecável.  Você se sente assim? Uma das principais dificuldades que recebo no consultório é a constante dúvida (e angústia) sobre o que comer quando se está fora de casa ou quando não é possível preparar algo para comer. 

 

O que fazer? Parar e comer algo rápido, pedir nos aplicativos, ou ficar em jejum? 

Inicialmente precisamos compreender o que significa este termo: comida rápida ou comida pronta, e que normalmente associamos com uma comida de qualidade questionável -o que não precisa ser verdadeiro. Este conceito apareceu com a Revolução Industrial e a explosão do trabalho fora de casa (inclusive para as mulheres), quando fomos reduzindo o tempo dedicado a fazer as refeições para obtermos mais produtividade. Na escalada das doenças, simultaneamente tivemos uma explosão de diabetes, hipertensão, obesidade e câncer, que foram rapidamente associadas a este novo hábito de se alimentar, frente a curtos períodos de refeição, com preparações com maior teor de corantes, gorduras saturadas e trans, colesterol, com pouquíssima ou nenhuma presença de fibras, vitaminas e minerais promovendo uma disruptura do equilíbrio orgânico, iniciando o processo conhecido como doença.

Às vezes sem tempo, outras vezes apenas com vontade de comer algo diferente sem precisar ir até a cozinha para preparar, o objetivo desta matéria é te ajudar a fazer melhores escolhas para comer sem culpa, de forma prazerosa e equilibrada. 

 

As escolhas conscientes acontecem antes da fome chegar

Quando olhamos o cardápio já em situação de fome, temos uma tendência muito forte a aumentar o nosso consumo de calorias, pois escolhemos alimentos conhecidos como palatáveis, ou seja, com maior quantidade de gorduras, sal e açúcar.

Conhecendo as opções: se for pedir em algum aplicativo, navegue antes para identificar boas opções de restaurantes e pratos para que, no momento da fome, já esteja tudo planejado. Agora, se estivermos falando de fast foods (caso esteja na rua), antes de sair busque quais são as opções próximas e o que elas podem te oferecer.

 

Atuando de forma efetiva

  • Opte por restaurantes que vendem comida “caseira” ou semelhante como arroz, feijão, algum prato principal e uma saladinha e vegetais para acompanhar;

 

  • O essencial é que você fique atenta(o) a forma de preparo dos alimentos, preferindo os assados, refogados, cozidos ou no vapor ao invés dos fritos, empanados ou à milanesa; ainda neste critério tenha atenção especial aos molhos que acompanham os pratos principais ou entradas, preferindo aqueles a base de tomate ao invés dos brancos ou a base de queijo pelo elevado teor calórico e de gorduras, principalmente as saturadas;

 

  • Na escolha da salada, este cuidado não pode ser diferente, e se você tiver vontade de colocar um molho para enfeitar o sabor da sua salada, evite os prontos e escolha aqueles que têm o azeite como base, ficando atenta(o) a adição de açúcar, temperos prontos, aceto balsâmico, glutamato monossódico, shoyo e similares.

 

Bateu aquela vontade de comer um sanduíche?

Sem problemas…

Não precisa ser aquele lanche que tem a classificação de “natureba”, até porque ele por vezes ultrapassa a caloria e as gorduras pelos molhos e embutidos, mas fique sempre de olho no recheio: a base de peito de frango, carne desfiada ou queijos, podendo optar por pasta de grão de bico, berinjela ou abacate para diversificar o sabor e reduzir o consumo de proteína animal.

Os pães podem ser vários, sem restrições como o francês, sírio, de forma, wrap, mas é essencial a presença dos carboidratos já que está bem claro que a retirada deste nutriente da dieta não traz benefícios comprovados.

Os vegetais ou frutas devem estar presentes, seja na forma de sobremesa, suco ou como recheio e, caso não tenha conseguido adicionar este grupo de alimentos na refeição, aumente a quantidade na próxima, para compensar;

Quer beber algo? Que tal uma água de coco ou algum suco natural leve e de baixa caloria como melão, maracujá, limão ou abacaxi? Não precisa colocar adoçante, basta adoçar de forma controlada possibilitando a percepção do sabor da fruta, e não do açúcar ou adoçante.

Rankeando as opções: com antecipação, reconheça as melhores opções de delivery ou os melhores restaurantes, porque quando a fome apertar, já terá realizado uma triagem.

Lembre-se que comer há de ser algo prazeroso e sem culpa, apenas com responsabilidade. A melhor forma para saber escolher é planejar-se.

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). Resolução RDC nº 359, de 23 de dezembro de 2003. Aprova Regulamento técnico de porções de alimentos embalados para fins de rotulagem nutricional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 dez. 2003.
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Oude Groeniger J, van Lenthe FJ, Beenackers MA, Kamphuis CB. Does social distinction contribute to socioeconomic inequalities in diet: the case of ‘superfoods’ consumption. Int J Behav Nutr Phys Act. 2017;14(1):40. Published 2017 Mar 27. doi:10.1186/s12966-017-0495-x
https://www.health.harvard.edu/blog/10-superfoods-to-boost-a-healthy-diet-2018082914463