Quando eu era criança, escutava que era necessário usar vermífugo anualmente para acabar com os vermes do nosso organismo. E que essa estratégia deveria ser ainda mais seguida por aqueles que têm animais de estimação. De fato, décadas atrás, o saneamento básico no Brasil era mais precário, necessitando a utilização de fármacos para realizar a desparasitação.

Porém, atualmente, o Brasil está em declínio nas contaminações por parasitas, atingindo menos de 11% da população. Inclusive, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe medidas de controle baseadas na administração anual de fármacos anti-helmínticos em grupos de pessoas vivendo em áreas sem saneamento básico, onde a prevalência de vermes ultrapassa 20% da população. 

Primeiramente é importante entender que a recomendação de desparasitação não está mais descrita nas diretrizes nacionais. Mas caso você esteja com dúvidas se apresenta alguma contaminação, é fundamental identificar qual é o tipo de parasita. Afinal, existem inúmeros tipos de parasitas e para cada um deles, existe um medicamento adequado. 

 Vale observar que sintomas, como queda de cabelo, unha quebradiça, cansaço, indisposição, flatulência intestinal, entre outros, não são específicos de contaminação por vermes e podem representar diversas outras alterações. 

 Assim, o ideal é fazer análise das fezes para saber qual ou quais parasitas estão presentes, para assim, organizar o protocolo de tratamento. Vale observar que para cada parasita existem alguns tipos de exames que podem ser solicitados, como o parasitológico das fezes e até mesmo técnicas conhecidas como ELISA e imunofluorescência para detecção de antígenos nas fezes. Ou seja, existem diversos parasitas, que devem ser adequadamente avaliados para, assim, planejar o medicamento correto.

 Tão importante quanto o tipo de exame e a escolha da medicação, é compreender que estratégias naturais como chás, shots, tinturas e óleos essenciais não são capazes de promover desparasitação. A fase da lua também pouco importa para a desparasitação. Por isso é tão importante ter cautela e tratar o que é necessário, da forma adequada, para que assim o resultado seja encontrado.

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas

Parasitoses intestinais: diagnóstico e tratamento. Departamentos Científicos de Gastroenterologia e Infectologia (2019-2021) • Sociedade Brasileira de Pediatria.
WHO. Guideline: Preventive Chemotherapy to Control Soil-Transmitted Helminth Infections in At-Risk Population Groups, 2017.
Amoah ID, Singh G, Stenström TA, Reddy P. Detection and quantification of soil-transmitted helminths in environmental samples: A review of current state-of-the-art and future perspectives. Acta Trop. 2017;169:187–201.