A dor “boa” é aquela dor muscular devido à prática de exercícios físicos. Ela aparece em quem está começando a treinar ou quando ocorrem reajustes de carga. Entretanto, não pode acontecer uma dor contínua, levando a uma lesão. Foque, inicialmente, em pesos leves, que ajudam na definição muscular, com menos riscos de lesões. Quando combinados com a melhor execução do movimento, amplitude, velocidade de execução, recuperação e alimentação, você só colherá resultados positivos.
Utilizamos uma escala de esforço muito conhecida que é a Escala de Borg. Imagine que, em um parâmetro de 1 a 10, o objetivo é encontrar um peso intermediário, entre 5 e 6. Você deve conseguir realizar 10 repetições sem sacrificar a técnica.
Os aumentos de carga devem ser constantes, não perdendo a execução de movimento e, se estiver muito pesado para você, diminua a carga e mantenha as repetições ou mantenha a carga e reduza as repetições, sem perder a qualidade do exercício.
O objetivo aqui é seguir praticando exercícios e evoluindo no treino, gerando uma dor muscular boa e, ainda, evitando as lesões que comprometem sua saúde.
Os diferentes tipos de dor
Dor muscular de início tardio (DMTI)
![Descubra se sua dor é muscular ou uma lesão 3 DMTI](https://bemestar.istoe.com.br/wp-content/uploads/sites/23/2024/06/dmti.png?x52341)
Após uma sequência de exercícios, substâncias vasodilatadoras são liberadas no tecido lesionado e, em seguida, ocorre a adesão e migração de leucócitos do sangue para o local danificado.
Nas primeiras horas, os neutrófilos iniciam a regeneração tecidual. Após seis a oito horas, monócitos migram para o local e, no tecido, são convertidos em macrófagos, liberando prostaglandinas, histaminas, cininas e potássio, que são sinalizadores de dor.
A dor muscular de início tardio pode ser por conta do processo inflamatório, mas também pode ocorrer pela necrose celular, como resultado do influxo de cálcio pós-lesão.
A percepção de dor também depende da resistência do indivíduo, que está associada à concentração plasmática de ß-endorfina, que é elevada de acordo com a individualidade biológica e intensidade do exercício. Além do mais, não podemos deixar de lado a influência ambiental e de fatores intrínsecos.
Dor “boa” ou dor ruim? Como identificar?
Quando iniciamos uma atividade física ou modificamos nosso treino é normal sentirmos dores musculares após o exercício —a DMTI. Por quê? Porque estamos “quebrando” (lesionando) as fibras musculares e as reconstruindo para um aumento de resistência e massa muscular. Esse tipo de dor é uma dor “boa”.
Ela aparece no dia seguinte após o treinamento e costuma diminuir após 48 ou 72 horas da realização do exercício. No entanto, pode permanecer por até 1 semana após o treinamento, dependendo da carga ou intensidade de exercício, sendo que você consegue realizar normalmente suas atividades e os movimentos com perfeição.
Contudo, se a dor continuar igual ou aumentar e ainda impossibilitar a prática de exercícios ou atividades diárias, é bom você parar e procurar um especialista. Pode ser uma lesão, a chamada dor “ruim”.
Posso continuar treinando com a dor “boa”?
Nada como um acompanhamento profissional para resolver seu problema. Entre 48 horas e 72 horas seu músculo já está pronto para treinar novamente, mesmo que ainda sinta as dores do último treino.
Alguns estudos mostram que treinar o mesmo músculo após um período de recuperação de dois dias, mesmo com esta dor, é anabólico, ou seja, causa hipertrofia muscular (aumenta os músculos).
Só lembre-se que isso serve para dor muscular tardia e não para lesões —nesse caso, muitas vezes o indicado é interromper o treino.
As dores “boas” também podem persistir, pois seu organismo pode não estar se adaptando. É importante sempre notar se a dor atrapalha a execução do movimento, se é suportável, se passa com o aquecimento e se há adaptação à dor com a frequência e rotina de treino. Por isso, é essencial um acompanhamento profissional para rever sua carga, intensidade, recuperação, ou seja, reformular seu treinamento.
*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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