A dor “boa” é aquela dor muscular devido à prática de exercícios físicos. Ela aparece em quem está começando a treinar ou quando ocorrem reajustes de carga. Entretanto, não pode acontecer uma dor contínua, levando a uma lesão. Foque, inicialmente, em pesos leves, que ajudam na definição muscular, com menos riscos de lesões. Quando combinados com a melhor execução do movimento, amplitude, velocidade de execução, recuperação e alimentação, você só colherá resultados positivos.
Utilizamos uma escala de esforço muito conhecida que é a Escala de Borg. Imagine que, em um parâmetro de 1 a 10, o objetivo é encontrar um peso intermediário, entre 5 e 6. Você deve conseguir realizar 10 repetições sem sacrificar a técnica.
Os aumentos de carga devem ser constantes, não perdendo a execução de movimento e, se estiver muito pesado para você, diminua a carga e mantenha as repetições ou mantenha a carga e reduza as repetições, sem perder a qualidade do exercício.
O objetivo aqui é seguir praticando exercícios e evoluindo no treino, gerando uma dor muscular boa e, ainda, evitando as lesões que comprometem sua saúde.
Os diferentes tipos de dor
Dor muscular de início tardio (DMTI)
Após uma sequência de exercícios, substâncias vasodilatadoras são liberadas no tecido lesionado e, em seguida, ocorre a adesão e migração de leucócitos do sangue para o local danificado.
Nas primeiras horas, os neutrófilos iniciam a regeneração tecidual. Após seis a oito horas, monócitos migram para o local e, no tecido, são convertidos em macrófagos, liberando prostaglandinas, histaminas, cininas e potássio, que são sinalizadores de dor.
A dor muscular de início tardio pode ser por conta do processo inflamatório, mas também pode ocorrer pela necrose celular, como resultado do influxo de cálcio pós-lesão.
A percepção de dor também depende da resistência do indivíduo, que está associada à concentração plasmática de ß-endorfina, que é elevada de acordo com a individualidade biológica e intensidade do exercício. Além do mais, não podemos deixar de lado a influência ambiental e de fatores intrínsecos.
Dor “boa” ou dor ruim? Como identificar?
Quando iniciamos uma atividade física ou modificamos nosso treino é normal sentirmos dores musculares após o exercício —a DMTI. Por quê? Porque estamos “quebrando” (lesionando) as fibras musculares e as reconstruindo para um aumento de resistência e massa muscular. Esse tipo de dor é uma dor “boa”.
Ela aparece no dia seguinte após o treinamento e costuma diminuir após 48 ou 72 horas da realização do exercício. No entanto, pode permanecer por até 1 semana após o treinamento, dependendo da carga ou intensidade de exercício, sendo que você consegue realizar normalmente suas atividades e os movimentos com perfeição.
Contudo, se a dor continuar igual ou aumentar e ainda impossibilitar a prática de exercícios ou atividades diárias, é bom você parar e procurar um especialista. Pode ser uma lesão, a chamada dor “ruim”.
Posso continuar treinando com a dor “boa”?
Nada como um acompanhamento profissional para resolver seu problema. Entre 48 horas e 72 horas seu músculo já está pronto para treinar novamente, mesmo que ainda sinta as dores do último treino.
Alguns estudos mostram que treinar o mesmo músculo após um período de recuperação de dois dias, mesmo com esta dor, é anabólico, ou seja, causa hipertrofia muscular (aumenta os músculos).
Só lembre-se que isso serve para dor muscular tardia e não para lesões —nesse caso, muitas vezes o indicado é interromper o treino.
As dores “boas” também podem persistir, pois seu organismo pode não estar se adaptando. É importante sempre notar se a dor atrapalha a execução do movimento, se é suportável, se passa com o aquecimento e se há adaptação à dor com a frequência e rotina de treino. Por isso, é essencial um acompanhamento profissional para rever sua carga, intensidade, recuperação, ou seja, reformular seu treinamento.
*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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