Alguma vez você já ouviu falar sobre a importância do intestino em quadros de depressão?
O intestino é o lar de bilhões de micro-organismos conhecidos como microbiotas intestinais, que juntos desempenham funções essenciais para o nosso bem-estar físico e mental. Quando nossas microbiotas estão equilibradas, elas contribuem para a saúde digestiva, para a absorção adequada de nutrientes e a produção de vitaminas essenciais. Além disso, as microbiotas intestinais têm impacto importantíssimo na regulação do sistema imunológico e na produção de neurotransmissores.
A saúde de todo o nosso organismo está interligada ao nosso intestino. As células de defesa contra bactérias e vírus encontram-se em sua grande maioria na microbiota intestinal. Dessa forma, quando a microbiota está povoada com bactérias de boa qualidade, ela equilibra todo o nosso organismo e também nossas emoções.
Isso acontece porque o intestino e nosso cérebro estão interligados pelo nervo vago, que é um importante canal de comunicação entre esses dois órgãos, sendo que alguma alteração no intestino envia sinais ao cérebro influenciando no humor e no comportamento, e vice-versa.
Quem nunca se deparou em algum momento de estresse ou de surpresa com aquela dor de barriga que, por sua vez, gerou uma diarreia inesperada? Ou quem já ficou com constipação intestinal, ou seja, não conseguiu ir ao banheiro todos os dias?
Não é por acaso que o intestino, hoje, é considerado nosso segundo cérebro.
Mas vamos lá, por que que o intestino tem essa importância e consegue alterar nossas emoções a ponto de potencializar quadros de depressão?
Porque é no intestino que, através da degradação dos nutrientes oriundos da alimentação, uma substância chamada 5-hidroxitriptofano se converte em serotonina –isso acontece quando o ambiente está favorável, ou seja, quando a microbiota intestinal está adequada e povoada com bactérias boas. Ao contrário disso, quando nosso intestino está povoado por bactérias ruins, o PH intestinal fica alterado, não favorecendo a conversão de 5-hidroxitriptofano em serotonina, mas sim em ácido linolênico. E essa alteração gera uma queda na circulação de serotonina, uma vez que 90% da serotonina circulante é produzida no intestino, desencadeando distúrbios comportamentais, mudanças súbitas de humor e de personalidade.
É essencial ressaltar que a depressão é uma condição complexa e multifatorial e o tratamento deve ser individualizado, porém é de extrema importância investigar o intestino antes do início de qualquer tratamento depressivo. Hoje já conseguimos identificar disbiose intestinal e hiperpermeabilidade intestinal por meio de avaliações laboratoriais, facilitando e reduzindo em grande parte a necessidade de tratamento antidepressivo multimedicamentoso.
A dica que deixo para você: tenha uma alimentação rica em fibras, ingira menos alimentos industrializados, utilize menos condimentos em suas refeições, elimine os refrigerantes e ingira água. Além disso, pratique exercícios e busque alternativas para reduzir o estresse. Quando necessário (peça orientação ao seu médico), utilize prebióticos e probióticos em sua suplementação, pois isso deixará o ambiente propício para o cultivo de bactérias boas e que irão auxiliar na manutenção da imunidade, melhora da cognição, do humor e potencializar o seu emagrecimento.
Lembre-se descasque mais e desembrulhe menos.
*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.