Se essa pergunta tivesse uma resposta fácil ou única, todos nós já saberíamos, certo? Porém é mais complexo do que imaginamos, pois a disfunção sexual feminina é multifatorial. A causa da falta ou diminuição do desejo é diferente em cada mulher e pode estar relacionada a qualquer um dos fatores abaixo, como:
- Fatores orgânicos. Podem ser hormonais (climatério e puerpério), por doenças crônicas, lesões, cirurgias e até uso de medicações (como as para tratar câncer, doenças psiquiátricas e até alguns contraceptivos).
- Fatores culturais e psicológicos. Experiências passadas, culturas e crenças, autoaceitação, autoestima, traumas, depressão, ansiedade.
- Fatores ligados ao relacionamento atual. Como está a satisfação geral com a parceria? A comunicação é boa entre vocês? Você se sente ouvida e acolhida? Quanto tempo vocês se estimulam, fazem carícias e brincam antes da penetração? Vocês estão juntos há muito tempo, está entediada ou sentindo que está ficando monótono e repetitivo?
Percebam que há muitas causas de disfunções e que não há nenhuma pílula mágica ou “hormônio mágico” que melhore o desejo sexual de todas as mulheres. Entretanto, temos algumas mudanças que podemos incorporar em nossas vidas e melhorar não só a vida sexual, mas também o nosso bem-estar.
Exercício físico
Vocês já sabem que a prática de exercícios físicos melhora a saúde física e mental e agora descobriram mais um benefício! Os pontos positivos são muitos, como o aumento da disposição geral, a melhora da saúde cardiovascular, do bem-estar, do humor e da forma como se enxerga –que é a imagem corporal. Com tudo isso turbinado, a vida sexual provavelmente estará ainda melhor.
Meditação (ou mindfulness)
A meditação melhora a atenção no presente, a aceitação e autocompaixão. Estudos comprovam o aumento da satisfação e desejo sexual em mulheres que meditam. Além disso, essa prática amplia a sensação de felicidade, diminui ansiedade e depressão e melhora o foco geral –e nada melhor do que ter foco no prazer físico na hora da relação. Vai ser maravilhoso deixar de lado aqueles pensamentos intrusos que não têm nada de eróticos e atrapalham muito esse momento.
Se toque
Faça isso mesmo sem uma vontade inicial. Pense nesse momento como autoconhecimento, como autocuidado. Se estimulando com regularidade, seu desejo sexual vai aumentar e você ainda vai se conhecer mais, saber de como gosta de ser tocada e estimulada. Tenho certeza que você não vai se arrepender.
Programe-se!
Você é daquelas que até gosta de sexo, mas tem preguiça de começar? Pensa na hora que vai acordar no outro dia, faz as contas de quantas horas vai dormir e já desiste? Por que não colocar na agenda e fazer disso uma prioridade também? Marcamos tantas coisas menos importantes ao longo da semana. Por que não combinar com o parceiro e ir para a cama mais cedo? Afinal, as distrações são enormes com as redes sociais e plataformas de streaming e, se não nos organizarmos, elas podem nos engolir. No final das contas, se a relação for prazerosa e satisfatória, qual o problema de ter sido programada?
Consuma conteúdos eróticos
Tem para todo gosto! Desde os livros eróticos mais leves até os mais apimentados, contos eróticos (aplicativos, sites, perfis de redes sociais), filmes, seriados, ilustrações (livros, revistas e até em redes sociais). E ainda tem os sites pornôs para mulheres (como o “female friendly”), que, na verdade, é para todos os adultos. Esse tipo de canal pornô enfatiza não só o prazer do homem, mas de todos envolvidos nas cenas. Além disso, tentam trazer as situações mais próximas da realidade, com atores de corpos diversos e diversos perfis.
Todos sonham com uma pílula mágica ou um “chip” hormonal que melhore de vez a vida sexual. Mas assim como não há uma pílula mágica da felicidade, não há também nada parecido para o desejo sexual. Se você for esperar passivamente o desejo sexual “cair no seu colo”, provavelmente isso não vai acontecer. Por isso, corra atrás! Busque ajuda e tente colocar em prática o que aprendeu por aqui.
Colaboração da ginecologista e sexóloga, Dra. Miucha Zucchi (CRM: 118511-SP)
*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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