Como eu amo falar sobre este tema!
Ele começou a fazer parte da minha vida durante a pandemia, pois, como muitos, me senti super insegura, com medo por mim, pela minha família e aqueles que são importantes na minha vida. Senti na pele uma mudança em meu comportamento e na minha saúde mental, me tornando mais ansiosa, impaciente e irritada.
Por tal motivo, resolvi buscar algo que me desse ferramentas para transpor esse momento tão desafiador, que acalmasse a minha mente e aquecesse meu coração. A descoberta da compaixão fez toda a diferença na minha vida e, por isso, quero compartilhar com vocês.
Muitas pessoas acreditam que compaixão é o mesmo que empatia, porém estes termos têm uma diferença conceitual que é bastante importante. Enquanto empatia é definida como a capacidade de colocar-se no lugar de outra pessoa, a compaixão é não estar indiferente ao sofrimento do outro e, indo além, mover-se em busca de soluções ou ajuda ao próximo. Ou seja, há proatividade nessa atitude não julgadora e tão generosa.
Num primeiro momento, busquei ser mais compassiva comigo e depois transpassar esse sentimento e atitude para com os outros, e, nesse processo, cresci como pessoa, como alma e como profissional, pois aprendi a ter uma atitude mais gentil e menos julgadora com todos. Pegando como exemplo meus pacientes, passei a compreender as suas dificuldades com mais amorosidade e, por meio da nutrição, tentar ajudá-los a buscar uma condição melhor de saúde.
Percebi que a nossa capacidade em julgar é muito alta. Desde pequenos, somos treinados a competir, a julgar e a nos culpar por grande parte do que fazemos ou deixamos de fazer. Uma das reflexões que saltou aos meus olhos foi: “Quanto eu verdadeiramente acolho as minhas dores e dificuldades? Quanto eu me compreendo e me apoio?”. Te convido agora a fazer uma viagem para saborear a mesma reflexão.
O convite é que você coloque uma música que te transmita tranquilidade, feche os seus olhos e lembre-se de alguma situação que seja recente, e que tenha sido desafiadora para você. Lembre-se como você se tratou naquele momento e se você se apoiou ou se poderia ter sido mais gentil consigo mesmo. Perceba claramente esse sentimento, onde ele se manifesta em seu corpo (e se manifesta-se), e caso sinta-se cômodo para isto, se auto abrace sentindo um acolhimento.
O budismo utiliza um termo conhecido como alegria empática, que significa: “Alegrando-se com a felicidade dos outros”. A mesma alegria que temos com nossos entes queridos, quando verdadeira, você aplica em sua vida e com você? Essa capacidade quando aplicada contigo e com os outros promove a liberação de hormônios conhecidos como hormônios da felicidade, que estão com a secreção diminuída à medida que nos tornamos mais “mecanizados”, e portanto nos beneficiando menos e menos das sensações de bem-estar que estão envolvidas na autocompaixão e alegria empática.
Tudo o que nós pensamos e sentimos, todo o amor, ódio, ganância, carinho, preocupação, felicidade, os sorrisos que damos, os gritos e choros estimulam o cérebro humano a liberar substâncias como dopamina, ocitocina, endorfina, serotonina e adrenalina, que trarão consequências físicas como relaxamento, tensão, insônia e compulsão.
Breuning (2015) relata que as emoções possuem três níveis diferentes, porém inter-relacionados: o nível mental ou psicológico, o nível fisiológico e o nível comportamental; esses níveis podem ser explicados por uma grande coleção de respostas químicas e neurais que formam um padrão distinto, definido como comportamento, em resposta ao meio.
Estudos recentes analisam o papel da dopamina em condições de vícios ou dependência, por seu papel ativo nos mecanismos de recompensa e/ou prazer. A sua liberação pode ser estimulada por atitudes alegres, em resposta à identificação de expressões faciais de felicidade, a visualização de imagens agradáveis, lembrança de recordações de felicidade e estimulação competitiva bem-sucedida. Outro elemento que corrobora com bons sentimentos e equilíbrio emocional é a endorfina, pois ela ajuda no alívio da ansiedade e da depressão e a sua liberação atua como um analgésico e calmante natural, favorecendo o enfrentamento de situações difíceis e que normalmente nos desestabilizam. Isso quer dizer que ao se autoabraçar ou ao se autoacolher, você estimula a secreção de dopamina, endorfina, serotonina e a ocitocina, mudando a sua perspectiva sobre os fatos.
A serotonina é responsável pela estabilidade emocional. É uma substância química que favorece a sensação de autovalorização, autorrespeito e autoadmiração, aumentando a nossa confiança e sensação de “poder” e invencibilidade, nos fazendo sentir incríveis. Conhecida como a molécula do bem-estar, a serotonina é a substância química que transforma o preguiçoso em aprendiz e a vítima em vitorioso, já que aumenta a capacidade de atenção e foco, além de aumentar a motivação, convertendo o estresse em sucesso.
Por último, temos a ocitocina, aquele hormônio considerado do amor e que secretamos na fase de aleitamento materno. Além de alguns efeitos fisiológicos sobre o corpo, a ocitocina atua como um neurotransmissor, auxiliando no relaxamento, diminuição da ansiedade e promovendo a síntese de endorfinas e a aparência de felicidade.
A ocitocina representa a molécula da moral, o hormônio do carinho e a química da conexão e da confiança. Acerca de seu efeito comportamental social, a ocitocina tem um papel significativo no sistema límbico, reduzindo a ansiedade e a resposta neuroendócrina ao estresse.
Viu só? A compaixão é um sentimento potente que quando cultivado, nos auxilia a adotar uma postura mais resiliente frente aos desafios da vida. Não é fácil cultivar esta atitude, mas podemos praticar para chegarmos lá, basta querermos e descobrirmos como pode ser bom.
*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
Veja Também
Amamentação e amor: como se preparar para aproveitar ao máximo esse momento
Como a sua alimentação pode influenciar diretamente na sua beleza física
Arroz e feijão: um casamento feliz para a nutrição humana
Álcool no pão de forma: há riscos à saúde? Qual é a quantidade segura?
Como nossa dieta influencia a microbiota intestinal e a absorção de vitamina D