Para começarmos a falar sobre glúten, sobre culinária sem glúten e mais assuntos sobre o tema, eu, Paula Martins, dentista de formação e cozinheira por vocação, vou te contar a minha história sem trigo e relatar quais motivos me levaram a adotar esse estilo de vida e de alimentação. Nos textos seguintes, darei mais informações sobre o glúten em si e tudo o que envolve essa dieta tão polêmica.

A minha história sem trigo começou no dia 13 de Agosto de 2013.

Era fim de semana comemorativo dos Pais e eu e meu marido, Thales, estávamos procurando um livro para presentear meu sogro. Eis que durante essa procura, o Thales me mostrou um livro e disse: “olha lá o seu problema!” O nome do livro era “Barriga de Trigo”.

Antes de falar mais sobre isso, vou contar o porquê dessa fala do meu marido. Eu, Paula, na época estava com 36 ou 37 anos, meus filhos, gêmeos eram bem pequenos e eu estava tentando voltar a minha “boa” forma física –que eu achava que tinha, mas como vou relatar a seguir, era uma mera impressão. 

Eu sempre fui magra, mas comia muito mal. Comecei a fazer academia aos 20 e poucos anos, e nunca tive barriga tanquinho, mesmo sendo magra. Tenho 1.74 cm de altura e pesava na época cerca de 60 kg. Os anos passaram, engravidei, engordei 20 kg na gestação e depois não consegui voltar ao peso de antes, porque eu continuava comendo muito mal.

Minha mãe sempre detestou cozinhar, então na minha casa era comida congelada de supermercado ou delivery. Fora pães e mais pães, cereais matinais e bolachas, tudo o que todos sabemos hoje que faz mal, mas eu não sabia. Comprava as revistas de dieta da época e trocava pão branco pelo integral e o cereal pela barrinha, porque eram melhores (na minha concepção, pois vivia nessa realidade). 

Eu era conhecida como a chata para comer, porque comida de verdade eu só comia se fosse arroz e feijão. Legumes e saladas nunca fizeram parte das minhas refeições. Eu era aquela pessoa que tirava o alface do sanduíche do fast-food. Não cozinhava absolutamente nada, a não ser bolo de caixinha do supermercado.

Mas agora eu era mãe de dois bebês, e por tal motivo, precisava mudar. Por isso meu marido falou e apontou que o meu problema em não melhorar o meu corpo estava no que eu comia, o que eu não acreditava e brigava com ele dizendo que era saudável. Compramos o livro, porque eu fiquei curiosa. Sou geminiana, e uma boa geminiana gosta de estudar as coisas. E eu fui estudar o “Barriga de Trigo”. 

Nem preciso dizer que devorei o livro em dois dias e no dia seguinte, lá estava eu disposta a viver sem trigo. Peguei todos os meus congelados e fiz uma doação. Mas depois disso veio o problema: o que comer?

Vocês lembram da geminiana curiosa? Depois de um dia inteiro sem comer nada de trigo, e desesperada para comer algo que não fosse ovo ou tapioca (que eu, naquela época, também não sabia fazer), eu decidi montar um blog e uma página no Instagram para contar como seria viver sem trigo. Esse é o nome dos meus canais até hoje, depois conto mais sobre isso, mas vamos voltar à geminiana curiosa que foi desvendar a culinária sem glúten em todos os sites de busca da época, para saber como começar para fazer as receitas.

Eu não conhecia nada desse mundo, nem cozinhava, mas peguei umas dicas com minha amiga Tati, que me mandou ir para a zona cerealista de São Paulo para comprar as farinhas que eu iria precisar para fazer as receitas. E assim, eu comecei a fazê-las e compartilhar no blog e Instagram. As primeiras receitas ficaram terríveis, mas isso só me motivou. Eu simplesmente não aceitei o fato de que por não querer comer as coisas com glúten, teria que comer coisas ruins e fui estudar na cozinha. Sozinha, através do desenvolvimento das minhas receitas, comecei a fazer tudo o que eu tinha vontade de comer. 

Nessa época o Instagram estava muito no comecinho, e a minha autenticidade em compartilhar e falar sobre as receitas que eu fazia me fizeram ganhar muitos seguidores rapidamente. Se a receita ficava boa, eu falava. Se a receita ficasse horrível, eu também  falava. Foi então que eu descobri um mundo de pessoas que não podiam comer glúten, porque elas tinham uma doença –hoje bem conhecida de todos como Doença Celíaca, que, na época, ninguém falava. E essas pessoas começaram a me seguir.

Eu ganhei milhares de seguidores rapidamente. Em 3 meses, eu tinha 10 mil seguidores, a sonhada barriga tanquinho e o peso de antes da gravidez. Foram menos de 8 quilos na balança, só eliminando o trigo.

Nessa minha descoberta de uma vida mais saudável, eu também descobri uma nova profissão: a de cozinheira sem glúten. Comecei a dar aulas pelo Brasil. Eu que mal sabia fazer bolo de caixinha, menos de um ano depois, já dava aulas sobre o que eu fui desvendar. 

O ano de 2014 foi de muita provação para mim. Estava bem profissionalmente com a minha nova carreira, feliz com meu corpo e com a minha família e descobri um câncer de mama receptivo para hormônios. Nesse momento, muitos poderiam pensar em desistir, mas eu encarei de frente, e levei isso para as minhas redes sociais, compartilhando cada etapa do meu processo de tratamento. Tirei o quadrante mamário, fiz 16 sessões de quimioterapia, 33 sessões de radioterapia e 5 anos de hormonioterapia. 

Quando todos pensaram que eu ia desistir, foi a culinária sem glúten que me salvou, porque eu estava apaixonada pela minha nova profissão, e por ter mudado totalmente os meus hábitos alimentares, estava forte para enfrentar tudo o que viria. E sim, passei por tudo muito bem. Não tive uma baixa de imunidade sequer, continuei com meu trabalho que era viajar para dar aulas pelo Brasil, continuei a me exercitar (claro que dentro das minhas limitações da época), mas venci, e o @viversemtrigo também venceu. 

Paula Martins
Live no Instagram @viversemtrigo.

E 10 anos depois de tudo isso, eu me tornei a maior referência em culinária sem glúten do Brasil, com mais 1 milhão de seguidores pelas redes sociais Instagram, Facebook e Youtube. Continuo com minhas aulas de culinária, que desde a pandemia estão no formato online, e que agora têm até certificado como um curso de extensão universitária chancelado pelo MEC. 

A minha vida sem trigo não mudou apenas a minha forma física. Ela mudou e me transformou em mulher empreendedora, que acredita que pode conquistar tudo o que se propõe a fazer, que sabe cozinhar para filhos e que no futuro também terá uma casa rodeada de netos. Essa vida me deu a oportunidade de ter um futuro, que talvez se eu não a tivesse descoberto, eu não sei se teria!

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