Definida como uma dor na região acima do púbis, como se fosse um aperto, que pode irradiar para a região lombar e coxas, a cólica pode ocorrer antes ou durante a menstruação. Costuma durar de 8 a 72 horas, sendo mais intensa nos primeiros dois dias da menstruação, pela maior liberação de substâncias inflamatórias nessa fase, as chamadas prostaglandinas.

 

Mas porque e como ocorrem?

A cólica é uma característica que define um tipo de dor, originada a partir de um órgão oco com paredes musculares, como o útero ou o intestino. Normalmente a dor acontece quando por algum motivo a musculatura da parede desse órgão sofre contrações mais fortes que o normal, no sentido de deslocar ou expulsar algum conteúdo do interior desses órgãos, como a menstruação no caso do útero, as fezes no caso do intestino ou mesmo pequenas pedras no ureter (canal que leva a urina dos rins até a bexiga).

Mais especificamente no caso do útero, as contrações uterinas dolorosas podem acontecer quando o fluxo menstrual é mais intenso, podendo formar coágulos, estes que exigem uma força maior de contração para serem eliminados. Entre as causas mais frequentes de aumento do fluxo menstrual, estão os miomas uterinos, os pólipos uterinos e a adenomiose.

Outro motivo para cólicas seria algum processo inflamatório pélvico, como o que ocorre na endometriose, levando também a contrações uterinas mais intensas e dolorosas. 

Algumas alterações intestinais que causam cólicas também podem gerar desconforto ou até uma confusão, já que devido à proximidade do intestino com o útero, muitas mulheres confundem cólicas intestinais com uterinas.

Uma característica das dores em cólica é o fato de que elas vêm em ondas, ou seja, não costumam ser contínuas, pois dependem da contração da musculatura que contrai e relaxa de forma cíclica. Isso não quer dizer que a dor não possa ser contínua, mas ela normalmente se intensifica e diminui periodicamente.

Assim como a intensidade das cólicas, as possibilidades de tratamento também variam muito, apresentando diferentes graus de complexidade e devem ser ajustadas conforme as necessidades e escolhas de cada mulher. 

Um estilo de vida mais saudável com uma rotina de atividades físicas, alimentação adequada, cuidados com o sono e principalmente o estresse podem diminuir a frequência e intensidade das cólicas. Compressas mornas podem trazer algum alívio e são uma alternativa para mulheres que preferem algo mais natural. 

A utilização de analgésicos comuns costuma melhorar os sintomas em grande parte dos casos e, desde que usados de forma esporádica, não causarão maiores problemas. 

Já para as mulheres que apresentam cólicas frequentes e recorrentes, ou mesmo esporádicas que não melhoram com analgésicos comuns, é fundamental uma consulta para avaliação com um ginecologista. Para esses casos de mais difícil controle, os tratamentos medicamentosos em sua grande maioria buscam uma diminuição ou mesmo interrupção das menstruações, mas cada caso deve levar em conta a indicação médica e as necessidades particulares, e os anseios de cada mulher.

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

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