Somente as mulheres que sofrem com cólicas menstruais sabem o quanto essas dores podem atrapalhar a rotina, o humor e a nossa produtividade em tarefas simples do dia a dia, até a prática de exercícios. É difícil ser você mesma ou ser sua “melhor versão” —já que está na moda falar isso… 

É ainda mais difícil driblar isso quando a rotina de vida demanda que você se mantenha “normal” fazendo tudo o que tem ser feito mesmo sentindo, fisicamente, pontadas na barriga e peso nas costas. Mas saiba que essas dores e sintomas podem ser amenizados com uma rotina de vida que inclua exercícios —mesmo que pareça algo impossível nessa fase!

O exercício é indicado durante a menstruação, mas principalmente para prevenir os sintomas menstruais que vão além da cólica, como também as dores de cabeça, na coluna e na pelve.

 

Mas por que fico tão cansada durante a menstruação?

É comum se sentir indisposta, inchada, fraca e com o corpo dolorido nesse período. A sensação é de que queremos ficar só debaixo das cobertas até a menstruação acabar. Afinal, há uma série de alterações hormonais relacionadas a esses sintomas que podem te deixar mais quietinha. 

A cólica menstrual, também chamada de dismenorreia, leva a desconfortos na região abdominal baixa, podendo irradiar para as coxas, lombar e quadril. Sim, ao contrário do que os homens pensam, as dores menstruais não se localizam somente no abdômen, mas em todo o corpo e regiões que se relacionam e comunicam com o útero. 

Os sintomas aparecem normalmente um dia antes ou no primeiro dia do fluxo menstrual. Inclusive, esse desconforto pode até sinalizar à mulher que se conhece bem o início do seu ciclo, principalmente quando vem acompanhada da famosa TPM.

 

Vamos lembrar das alterações fisiológicas que ocorrem no nosso corpo:

1- Há aumento dos níveis de prostaglandina nos dois primeiros dias, causando aumento do tônus uterino e hipercontratilidade uterina, resultando em uma retenção de resíduos do fluxo menstrual e aumento da inflamação.

2- Baixos níveis de estrógeno e progesterona, diminuindo a capacidade de concentração e fadiga.

3- Redução do fluxo sanguíneo e consequente isquemia.

E a cerejinha do bolo: estamos com as emoções à flor da pele, irritabilidade e melancolia. O desempenho do sistema nervoso central parece trabalhar em outras velocidades. Além disso, ficamos mais sensíveis às sensações álgicas. Por isso, muitas mulheres ficam super tensionadas em postura antálgica, com a presença de pontos gatilhos miofasciais no corpo todo  —o que, claramente, intensifica ainda mais a dor. 

Fatores como dieta, sedentarismo, peso, idade, características do ciclo menstrual, hábitos de vida, estresse e ansiedade podem ainda aumentar esses sintomas.

 

A cólica menstrual

A cólica menstrual, dismenorreia, causa desconfortos, como já dito, em diferentes partes do corpo. Os sintomas aparecem normalmente um dia antes ou no primeiro dia do fluxo menstrual e, por isso, a mulher sabe o início do seu ciclo, principalmente quando acompanhados da famosa TPM.

Dismenorreia pode ser dividida em dois tipos, a dismenorreia primária ou secundária.

  • A primária é caracterizada por dor relacionada à menstruação sem causa patológica, muitas vezes ocorre na adolescência. 
  • Já a dismenorreia secundária decorre de alguma patologia pélvica presente que causam dores mais intensas e aqui entram a endometriose, os miomas ou os pólipos endometriais, por exemplo. Nestes casos, é necessário o acompanhamento médico para investigar e tratar esses sintomas.

 

O exercício físico como tratamento das dores menstruais

O American College of Obstetrician and Gynecologists recomenda o exercício regular como opção de tratamento não medicamentoso, melhorando tanto os desconfortos das cólicas menstruais como também os sintomas da TPM.   

 

Benefícios dos exercícios:

  1. Aumento da vasodilatação: melhora da irrigação dos tecidos e funcionamento dos órgãos pélvicos, diminuindo as contrações do útero e aliviando as cólicas.
  2. Liberação de endorfinas: atuam como efeito analgésico não só melhorando os sintomas de dor, como também melhoram o humor e a sensação de bem-estar.
  3. O organismo vai modulando a produção de algumas substâncias que promovem inflamação e dores. 

O exercício físico regular age como fator amenizador das prostaglandinas e, dessa forma, diminui as sensações dolorosas pré-menstruais e menstruais.

 

Quais exercícios são mais indicados para quem sofre com cólicas menstruais?

Os exercícios mais indicados são aqueles que trabalham mobilidade, alongamento e fortalecimento, principalmente da região pélvica. Há estudos que comprovam a eficácia do pilates na melhora significativa da qualidade de vida, capacidade funcional, além da diminuição dos sintomas de dores em mulheres com cólicas menstruais.  

O pilates é uma técnica dinâmica, e tem como objetivo promover alongamento, flexibilidade, mobilidade e força muscular. Há um enfoque importante de trabalhar o centro de força, que chamamos de core, essencial para o controle e estabilidade da nossa postura estática e dinâmica, contribuindo para a melhora dos desvios posturais e redução da dor

A dança do ventre, também tem sido uma modalidade recomendada por estar relacionado a exercícios focados na mobilidade da região pélvica, como inclinação anterior e posterior da pelve, rotação para frente e para trás. A abordagem dos exercícios focados nessa região, permite que os órgãos internos sejam mobilizados, diminuindo a tensão muscular local e melhorando a circulação sanguínea na região pélvica.

 

Mas se você sente essas dores da menstruação, então…

Um sinal de alerta é quando os sintomas atrapalham sua rotina, não hesite em passar por mais uma consulta com sua ginecologista. É muito importante falar sobre seus sintomas e investigar a causa das cólicas e dores.

Caso seja orientada a uma atividade física, destaco a importância do tipo de exercícios dentro das condições físicas de cada mulher —o que será algo particular, sendo o mais importante se manter consistente nos exercícios. 

Mas para tratar uma dor causada por endometriose ou qualquer disfunção pélvica, é preciso tratar com uma fisioterapeuta pélvica. Em especial em casos mais agudos, é um grande aliado, com cinesioterapia (exercícios) focados na região perineal, somado a técnicas de terapia manual, que atuam inibindo a transmissão da dor e liberação de contraturas musculares. 

A fisioterapeuta especialista em saúde pélvica, Dra Juliana Satake, sócia da Saúde da Mulher na Clínica La Posture relata que as pacientes com endometriose sofrem e têm dores crônicas que parecem ser localizadas na coluna e quadril, mas que se relacionam intimamente à própria endometriose e que, por isso, precisam ser tratadas pela raiz (causa) do problema.

O tratamento fisioterapêutico sem foco pélvico pode não gerar a resposta esperada no tratamento. Procure sempre por sua médica ginecologista para fazer um check-up, avaliando se a dismenorreia possui uma causa secundária que deve ser investigada, tratada e acompanhada por fisioterapeutas especialistas.

Veja aqui uma sequência de exercícios para quem sente dores pélvicas!

Para saber mais sobre os exercícios físicos mais indicados para cada fase do seu ciclo menstrual, leia a matéria menstruação e exercício físico para cada fase do ciclo feminino da colunista Paola Machado.

 

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.