A cafeína é o psicoestimulante mais utilizado no mundo e é amplamente consumida pelos brasileiros, especialmente na forma do café ou até mesmo em chás. Sabe-se que ela tem a capacidade de alterar o humor e o estado de alerta que, inclusive, pode ser interessante para aumentar o rendimento esportivo.
Quando consumida com moderação, não promove efeitos adversos, mas vale ressaltar que alguns indivíduos são mais sensíveis aos efeitos da cafeína e normalmente sentem sintomas como taquicardia, insônia, irritabilidade e dor de cabeça. Porém, em doses elevadas, acima de 400 mg por dia, a cafeína pode promover efeitos adversos mesmo naqueles que toleram a cafeína.
Efeitos adversos em crianças e adolescentes
Vale observar que crianças e adolescentes são mais sensíveis aos efeitos da cafeína devido ao seu tamanho e ao desenvolvimento do sistema nervoso central. Isto é preocupante, visto que muitas crianças e adolescentes são consumidores frequentes de cafeína. O aumento no consumo é agravado pelo fato de que as bebidas energéticas, cada vez mais comercializados para crianças e jovens adultos, contêm concentrações elevadas de cafeína.
Ainda, já foi demonstrado níveis mais elevados de ansiedade em consumidores moderados e elevados de cafeína em comparação com os abstêmios em uma amostra de estudantes. Outra questão interessante a ser observada é que indivíduos com transtorno de pânico podem apresentar efeitos maiores devido à ingestão da cafeína.
Como a cafeína pode aumentar níveis de ansiedade?
Ainda, a administração de cafeína aumenta a atividade do eixo HPA (hipotálamo-hipófise-adrenal). Isso acontece porque altas doses de cafeína podem aumentar de modo significativo o hormônio ACTH e, consequentemente, o cortisol.
Com a elevação do cortisol, é esperado que exista uma ampliação do estresse e maiores chances de desenvolvimento de ansiedade. O efeito do consumo crônico e elevado de cafeína em relação à ansiedade e ao eixo HPA, ainda permanece com dúvidas. Mas um estudo realizado com adolescentes demonstrou que o consumo de cafeína crônica, produz alterações na atividade do eixo HPA, potencializando a ansiedade que persiste na idade adulta mesmo após a remoção da cafeína.
Como saber se você tem prejuízo na metabolização da cafeína?
Indivíduos com prejuízos na metabolização de cafeína costumam sofrer efeitos adversos mais agressivos, especialmente quando consomem doses maiores de cafeína. Assim, através de testes genéticos que identificam alteração na enzima conhecida como CYP1A2, é possível saber quem metaboliza a cafeína de modo lento, moderado ou rápido. Esse teste é fundamental para indivíduos que costumam consumir altas doses de cafeína, especialmente aqueles que visam desempenho esportivo e acabam exagerando na dose do pré-treino. Assim, quando o indivíduo é classificado como metabolizador lento, é fundamental reduzir a dose de cafeína ou até mesmo planejar a sua exclusão.
Como consumir a cafeína e evitar seus efeitos adversos?
Como a cafeína pode permanecer no nosso corpo por até 9-12h após o consumo, é importante limitar o horário da ingestão. Assim, sugiro que não tome cafeína ou produtos que contenham cafeína, 8-9h antes de dormir. Ou seja, se o planejamento é dormir às 23h, o consumo do café (ou qualquer outro produto que contenha cafeína) deve ocorrer até as 15h.
Outro ponto a ser considerado é a dose. Afinal, quanto menor a dose, menor será o prejuízo e assim, os efeitos adversos a curto e longo prazo, não serão expressivos. Portanto, a grande maioria das pessoas, pode tomar seu cafezinho, desde que seja de modo controlado.
Para saber mais confira outros mitos e verdades sobre o excesso de café, texto da minha colega, também colunista, Samantha Rhein.
*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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