Aspartame faz mal? Será que é cancerígeno?

Dra. Aline Davidi Dra. Aline David https://bemestar.istoe.com.br/author/aline-david/Aline David é formada em Nutrição, mestre em Ciências (foco em Fisiologia Humana) e doutora em Ciências (foco em Fisiologia Humana) pela Universidade de São Paulo (USP). Atua como nutricionista, docente em cursos de pós-graduação, coordenadora da pós-graduação de Emagrecimento e Obesidade pela Plenitude Educação, mentora em cursos on-line e palestrante em eventos de nutrição e saúde. CRN3: 2818-7

25/03/2024 - 6:00

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O aspartame é um adoçante classificado pela Organização Mundial da Saúde como “possível cancerígeno”. Imediatamente, as redes sociais explodiram com postagens alegando que o aspartame causa câncer. É um adoçante que geralmente encontramos em muitos produtos dietéticos, principalmente em refrigerantes, mas é importante compreender que a OMS concluiu que o aspartame é uma “possível” substância cancerígena, o que não há conclusão exata. Contudo, precisamos ter senso crítico e analisar quais são as evidências científicas.

Aspartame e o câncer

A OMS avaliou várias substâncias e classificou em grupos: o grupo 1, definido como carcinogênico, o grupo 2A como provavelmente carcinogênico e o grupo 2B como possivelmente carcinogênico. Também listaram o aspartame no Grupo 2B, juntamente com mais 323 outros compostos rotulados como possíveis cancerígenos, mas com evidências “longe de serem conclusivas”. Inclusive a aloe vera e vegetais em conserva também estão no grupo 2B . Observe que a OMS não classificou o aspartame como cancerígeno, e existe diferença entre “possível” e “definitivo”.

O texto original da OMS está disponível no site da organização para leitura completa.

Devo parar de usar aspartame?

Um estudo que levou a OMS a classificar o aspartame foi publicado em 2022, sendo um estudo raro em humanos (já que a maioria é feito em animais) e encontrou um risco 15% aumentado de desenvolver câncer.

Estes dados parecem preocupantes, no entanto, têm metodologia falha e fornecem evidências fracas. Sabemos que não é fácil avaliar dados científicos e facilitar o entendimento, imagine fazer uma pesquisa com crianças para saber se elas acham mais confortável dirigir carro ou moto. É claro que as respostas destas crianças não são válidas, afinal elas não dirigem. 

 Ainda não existem estudos em resposta à dose, mas a maioria dos órgãos governamentais e estudos de pesquisa usam um limite máximo seguro para o aspartame de cerca de 17 a 18 latas de refrigerante por dia para uma pessoa de 75 kg. Acredito que essa quantidade é bem elevada e provavelmente nenhuma pessoa consumirá tantas latas, todos os dias.

 Não estou incentivando o uso de aspartame em demasia, costumo dizer que quanto menor açúcar e menos adoçante, mais saúde a pessoa terá. O equilíbrio é a chave, mas é hipocrisia afirmar que todas as pessoas conseguem ficar sem esses ingredientes. Admito que eu admiro quem consegue se alimentar preferencialmente de alimentos in natura e com menos ultraprocessados.

No mundo de hoje, algumas decisões precisam ser tomadas e algumas pessoas podem precisar de adoçantes. Além disso, suplementos importantes como o whey protein são mais aceitos quando contêm adoçantes mais palatáveis ​​em sua composição. Por isso, devemos estar cientes de que muitas pessoas serão beneficiadas com o uso de adoçantes, como o aspartame, desde que não em excesso.

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

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