Segundo o Dr. Gustavo Mattos:

“As enzimas para o glúten são produtos que têm sido promovidos como uma solução para pessoas que sofrem de doença celíaca ou sensibilidade ao glúten não celíaca. No entanto, é fundamental entender que essas enzimas não são uma solução segura ou eficaz para indivíduos com doença celíaca. Na verdade, o uso de enzimas para o glúten pode ser prejudicial e enganoso para esses pacientes.

A doença celíaca é uma condição autoimune crônica em pessoas geneticamente predispostas, em que o sistema imunológico reage de forma anormal ao consumo de glúten. Isso leva a danos no revestimento do intestino delgado e pode causar uma série de sintomas e complicações graves. A única maneira eficaz de tratar a doença celíaca é seguir uma dieta rigorosa isenta de glúten, evitando qualquer exposição ao glúten.

Enzimas para o glúten são formuladas com a alegação de que podem quebrar o glúten em partículas menores, tornando-o menos irritante para o sistema digestivo. No entanto, a pesquisa científica não apoia a eficácia dessas enzimas na quebra completa do glúten, especialmente em níveis que seriam seguros para pessoas com doença celíaca. Além disso, mesmo que essas enzimas pudessem reduzir a exposição ao glúten, elas não eliminam completamente o risco de danos para os pacientes com doença celíaca.

O uso de enzimas para o glúten em pacientes com doença celíaca pode criar uma falsa sensação de segurança, levando-os a acreditar que podem consumir alimentos contendo glúten de forma segura, o que não é verdade. Isso pode resultar em danos ao intestino delgado, mesmo que os sintomas não se manifestem imediatamente. Além disso, o consumo inadvertido de glúten pode aumentar o risco de complicações a longo prazo, como osteoporose, anemia, distúrbios neurológicos e até mesmo câncer.

Portanto, é essencial enfatizar que a única abordagem segura e eficaz para gerenciar a doença celíaca é aderir a uma dieta estrita e livre de glúten. Qualquer pessoa com doença celíaca deve evitar o glúten em todas as formas e não confiar em enzimas para o glúten como um meio de proteção. Além disso, é aconselhável que os pacientes busquem orientação e realizem uma investigação completa antes de retirar o glúten ou introduzir as enzimas como opção terapêutica.  Pacientes que não apresentam doença celíaca, e sintam algum grau de desconforto intestinal após a ingestão de alimentos com glúten, podem apresentar algum benefício eventual com o uso de tais enzimas. Em todos os casos é ideal um acompanhamento profissional adequado . “

enzimas

Conversando com o Dr. Gustavo e entendendo um pouco mais sobre o assunto, no meu ponto de vista, essa é mais uma jogada da indústria para mascarar os reais problemas relacionados à ingestão do glúten, dentre eles, permeabilidade intestinal, piora de quadros crônicos inflamatórios, dentre outros. A enzima vai dar a falsa sensação de que está tudo bem a curto prazo, mas e a longo prazo? O que isso vai acarretar para quem tem doenças autoimunes, inflamatórias, sensibilidades e até doença celíaca não diagnosticada? Quais os prejuízos que essa falsa sensação vai trazer para o organismo de quem consome? Essa indagação precisa ser feita, não podemos ignorar os fatos e tomar algo paliativo que não resolva o problema. Vemos muito isso com relação às enzimas para pessoas que têm intolerância e que não seguem uma dieta rígida em alimentos sem leite. Uma hora nem a enzima mais faz efeito. E por quê? Porque mais uma vez, não foi resolvido o problema, mas apenas mascarado.

Eu gostaria de levar essa discussão adiante, debatendo mais sobre o assunto e não apenas tomando o que aparece só porque acha que vai se sentir mais leve. Ou você continua comendo o que te faz mal e tomando um Eno depois porque você não digeriu direito?

Está errado, não é o fácil que resolve, mas o correto. E mudar a alimentação não é fácil, mas é o que tem de mais eficaz para mudar os quadros de saúde da população no geral.

 

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.